Há pouco mais de um ano, chamou a atenção do mundo todo a decisão da Three Square Market, fornecedora de “minimercados” para locais como hospitais, hotéis e salas de descanso dentro de empresas, de disponibilizar microchips para seus funcionários usarem como forma de identificação. Mas, hoje, como conta uma reportagem do The Technology Review, o CEO da companhia, Patrick McMullan, considera a iniciativa um sucesso.
Na época, 50 pessoas optaram por implantar o chip do tamanho de um grão de arroz sob a pele de suas mãos, entre o polegar e o indicador. Com o dispositivo, elas entram no edifício, fazem o login nos computadores e até compram comida e bebida — basta acenar em frente ao leitor RFID de uma máquina dispensadora, para que o valor do produto escolhido seja debitado da conta bancária do funcionário.
A ideia veio após uma viagem a trabalho para a Suécia. Lá, a “cultura do microchip” pegou fortemente, com mais de 3 mil pessoas já tendo implantado um para usar no dia a dia em atividades como comprar bilhetes de trem.
Segundo McMullan, um ano depois da novidade, diversos funcionários usam o chip regularmente dentro da empresa. Mas o que comprova a aprovação da tecnologia é outro dado: desde então, mais 30 pessoas o implantaram, totalizando, agora, 80 na Three Square Market. Somente duas pessoas retiraram o intruso implantado — e isso porque elas saíram da empresa.
“Você se acostuma facilmente com ele [o chip]”, diz o CEO. Entusiasta da tecnologia, ele “turbinou” o seu próprio dispositivo, colocando informações extras como um prontuário médico básico. O engenheiro de software Sam Bengston diz usá-lo entre dez e 15 vezes por dia, enquanto o VP de finanças, Steve Kassekert, relata que ficou até irritado no dia em que o leitor da máquina de refrigerantes estava parado para manutenção: “torna-se parte de sua rotina”, diz.
McMullan está até testando novas possibilidades para os chips, aproveitando os contatos comerciais da empresa. Em agosto e setembro, serão realizados testes em dois hospitais, para verificar quando médicos e enfermeiros lavam as mãos. Mas, nesse caso, o chip não será implantado sob a pele: as pessoas usarão braceletes, que terão dentro de si o pequeno grão metálico. O chip será identificado por um leitor nas pias, em uma medida que tem como finalidade evitar a disseminação de infecções nos hospitais.
Mas é verdade que privacidade e segurança se tornam preocupações óbvias quando se propõe a alguém usar um chip sob a pele. E, para o professor de ciências da saúde da Universidade da Califórnia, Nick Anderson, com razão. Segundo ele, alguém poderia facilmente “xeretar” o dispositivo. Os leitores que armazenam as informações dos usuários poderiam, em teoria, revelar dados confidenciais. Mas, para o CEO da empresa “chipada”, isso não é tão diferente do risco de ter a carteira roubada quando se anda na rua.
Fonte: Época
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