Deuteronômio 5.1-3; 12-15
1 - E chamou Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos; e aprendê-los-eis, e guardá-los-eis, para os cumprir.
2 - O Senhor nosso Deus fez conosco aliança em Horebe.
3 - Não com nossos pais fez o Senhor esta aliança, mas conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos.
12 - Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.
13 - Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho.
14 - Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;
15 - Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado.
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TEXTO ÁUREO
Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Êxodo 20.8
Palavra introdutória
O fato de não existir qualquer evidência da guarda do sábado entre os primitivos discípulos fez com que a Igreja adotasse o domingo como o dia do Senhor. Não se pode negar: grande parte dos cristãos encontra dificuldades para explicar a razão do quarto mandamento. Assim convencionou-se dizer que o decálogo divino destinou-se, exclusivamente, ao povo da antiga aliança, os hebreus, desconsiderando-se que esse mandamento - como todos os outros - diz respeito ao Corpo de Cristo.
1. A RAZÃO DO SÁBADO
Deus não faz nada sem propósito: assim como instituiu as 613 leis, Ele sublinhou a importância de cada uma das Dez Palavras, atribuindo-lhes igual valor.
Embora o quarto mandamento faça parte do Decálogo destinado aos hebreus, tudo indica que ele fora instituído muito antes de o Senhor entregá-lo ao irmão de Arão (Gn 2.2,3). O Sábado alude, antes de tudo, ao sétimo dia guardado pelo próprio Deus, que, depois de haver criado todas as coisas, descansou (Gn 2.2).
O descanso divino no sétimo dia da Criação, portanto, parece soar como um prenúncio de que o dia do Senhor teria dupla finalidade: descanso e adoração.
1.1. Deus pensou nos homens e nos animais
Há, no início do Decálogo, uma frase de transição que acompanha cada um dos mandamentos: Eu sou o Senhor que vos tirou da terra do Egito (Êx 20.2). Essa menção justifica todos os atos de Deus doravante, inclusive a razão de cada mandamento. No Egito, os hebreus não tinham direitos trabalhistas; eram escravos sem permissão para folga (Dt 5.15). Os bois e os jumentos também precisavam de descanso. Assim como os homens, eles sofriam a fadiga do trabalho contínuo.
1.2. Deus pensou em Si mesmo
O sábado foi santificado por Deus; esse dia estava incluído nas festas solenes, fazendo parte das santas convocações (Lv 23.1-3). Ao mesmo tempo em que Deus determinou o descanso para o homens e animais nesse dia, Ele também pensou que o dia santificado deveria ser um dia de adoração a Ele.
A desobediência à guarda do sábado era considerada ofensiva, e o transgressor, digno de morte (Êx 31.14,15; Nm 15.32-36).
2. A EXTENSÃO DO SÁBADO NO ANTIGO TESTAMENTO
2.1. Ano de reflexão
O calendário do povo hebreu recebeu a inclusão do ano sabático, período que daria um ano de descanso à terra, após seis anos de plantio (Lv 25.1-7).
No ano sabático, tanto o proprietário da terra quanto os empregados e animais colheriam da novidade da terra, ou seja, do que ela produzisse livremente (Lv 25.6). Isso igualaria o proprietário aos seus empregados e até mesmo aos animais que se esforçavam por ela. Esse descanso levaria os filhos de Abraão a lembrarem que durante 40 anos não plantaram nem colheram no deserto (2 Cr 36.21; Jr 29.10)
2.2. Semanas de anos de reflexão
Além do ano sabático, os hebreus deveriam observar, ainda, o ano do jubileu, comemorado a cada sete semanas de anos, perfazendo 49 anos. No quinquagésimo ano, porém, a terra descansaria (Lv 25.10-12).
No ano do jubileu, seriam anistiado os que estivessem endividados; os que haviam hipotecado suas terras as receberiam de volta sem encargos; os que foram vendidos como escravos se tornariam livres (Êx 25.10). Nenhuma propriedade pertenceria definitivamente ao seu dono (Lv 25.23).
2.3. O abuso dos gananciosos
Nos tempos de Amós - Observa-se que os proprietários das terras eram tão gananciosos que sequer suportavam guardar o sábado comum (Am 8.5,6).
Nos tempos de Neemias - Os comerciantes não respeitavam o sábado; antes, pisavam uvas nos lagares, traziam jumentos carregados de feixes, comercializavam vinho, uvas e figos e até estrangeiros participavam da feira (Ne 13.15,16).3. O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO
Referindo-se ao Antigo Testamento, cuja orientação está baseada totalmente na Lei, Jesus deixou claro que a Lei e os Profetas duraram até João (o Batista, conf. Lc 16.16). Nesse sentido, vemos que o Mestre reinterpretou a lei que estabelecia o dia do descanso, afirmando que o sábado foi feito para o homem e não o contrário (Mc 2.27).
3.1. Jesus foi cumpridor da Lei
Os opositores de Jesus jamais acharam nele qualquer pecado ou algo que pudesse incriminá-lo; seus oponentes, todavia, tentavam julgá-lo pelo modo como Ele e seus discípulos lidavam com o sábado. Para os detratores do Mestre, a guarda do sétimo dia era mais uma questão ritualística do que uma forma de gozar um benefício, que visava a reposição as energias após uma semana de trabalho.
Jesus não tinha qualquer dificuldade com o sábado, até porque, sendo judeu, estava acostumado com essa prática desde a mais tenra idade (Lc 4.16). O que incomodava o Salvador não era a validade do sábado, mas o legalismo tão ardorosamente defendido por aqueles que o perseguiam (Mt 5.17).
3.2. As acusações que Jesus e os discípulos sofriam
Certo sábado, enquanto Jesus passava pelas searas, Seus discípulos colheram espigas. Os fariseus reclamaram deles - afinal, era sábado (Lc 6.1,2). Jesus respondeu-lhes com um fato histórico. Ele lembrou-lhes de quando Davi, para alimentar-se e dar de comer a seus homens, não se furtou de comer dos pães da propiciação que eram consagrados ao Senhor (Mc 2.23-28; 1 Sm 21.6).
3.2.1. Jesus cura no sábado
Jesus curou uma mulher que andava curvada havia 18 anos, em uma sinagoga, no dia de sábado (Lc 13.10-17).
Jesus curou um homem hidrópico num sábado e foi recriminado, como sempre, pelos doutores da Lei e pelos fariseus (Lc 14.1-6).
Jesus curou o paralítico de Betesda num sábado (Jo 5.1-9).
3.3. A guarda do domingo
Os cristãos escolheram o domingo como dia do Senhor porque, além de não haver qualquer orientação para a guarda do sábado no Novo Testamento, neste dia (no domingo), nosso Senhor ressuscitou (leia Jo 20.1).
3.3.1. Os argumentos apostólicos pelo domingo
O culto principal da Igreja primitiva acontecia aos domingos (1 Co 16.2).
Paulo, o apóstolo dos gentios, celebrou a ceia do Senhor, em Trôade, num dia de domingo (At 20.7).
Na igreja de Roma, houve uma discussão sobre alimentos e calendários. Paulo exortou os irmãos daquela comunidade a se entenderem e a se respeitarem mutuamente (Rm 14.5,6).
Paulo, preocupado com o fato de os gálatas não terem compreendido que o Evangelho isenta-nos do pacto entre Deus e os filhos de Abraão, escreveu-lhes uma carta, dizendo que quando eles ainda não conheciam a Deus, guardavam dias, e meses, e tempos, e anos, nomeando essa prática de rudimentos fracos e pobres (Gl 4.8-11).
Paulo foi ainda mais veemente quando tratou com os crentes de Colossos; ele estava livre do entendimento de que o dia de descanso teria de ser, necessariamente, no sábado (Cl 2.16,17).CONCLUSÃO
O nosso Deus trabalha incessantemente (Is 64.4), mas também aprecia o descanso - não que Ele tenha esgotado Seu poder e força quando criou o Universo; afinal, um Ser infinito, imaterial e todo-poderoso não poderia exaurir-se, jamais. Mas, para ilustrar a necessidade e importância de um tempo de repouso, Ele próprio descansou ao sétimo dia.
O descanso semanal - no caso, o sábado prescrito na Lei - constitui-se em uma sombra, dentre outras tantas apontadas pela mesma Lei (conf. Cl 2.16). Essas sombras falam do repouso que aguarda os filhos de Deus: um dia, repousaremos definitivamente do trabalho que hoje empreendemos (Hb 4.1-13).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Por que Deus instituiu também o ano sabático?
R.: Para dar descanso à terra.
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Volte sempre e traga mais gente se Deus tocar fique com a gente.
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