Para os que desconhecem a Hipótese Documentária sugiro que leia este meu artigo antes de adentrarmos no assunto. A teoria que surgiu como método de interpretação naturalista negando o sobrenatural da Bíblia, e vendo a Bíblia nada menos que produto humano ganhou, persuasão e adeptos no século XVIII e XIX, sendo ensinada em Universidades, muitos cristãos tiveram a fé abalada por causa deste ceticismo baseado no racionalismo alemão, e nos preconceitos anti-sobrenaturais. Este estudo tem o objetivo de fortalecer a autoria mosaica no livro de Gênesis, para mostrar a veracidade do conteúdo que há no livro, assim é claro para tirarmos dúvidas em relação a sua autoria tão questionada pela Alta Crítica.
INTRODUÇÃO
Conhecemos que no mundo contemporâneo, os livros são feitos a base da imprensa, e são enviados a gráfica para passar pelo processo de encadernação. Mas no mundo antigo não é o mesmo que acontece, pois como sabemos eles eram escritos em pergaminho feito de couro de animais, algo notável é sempre escrevendo da direta para a esquerda, diferente do sistema de escrita usado aqui no ocidente, sendo que lá prevalece até hoje como no Árabe, Persa, Japonês e etc.
Céticos que muitas vezes não possuem conhecimento nesse aspecto, apelam para Hipótese Documental, em muitas das alegações se baseiam em algumas suposições naturalistas como por exemplo: – ”A história de Gênesis é uma lenda, Moisés plagiou dos mesopotâmicos, vários escritores reescreveram e editaram o AT” Quem será que nunca ouvir falar desses argumentos, hoje em dia são os mais usados como alegação. Em minha opinião essas objeções podem ser refutadas, a partir de estudo objetivo que avalie fatos bíblicos com a historiografia moderna, lembrando é claro que uma alegação ”não” prova tal coisa. A teoria em sua natureza vem da Alta Crítica, pois nega a Inspiração e a Inerrância da Bíblia, os críticos veem a Bíblia como um livro qualquer do Antigo Oriente Próximo, para eles o Antigo Testamento é nada menos que invenção do povo judeu, alguns críticos atribuem só pequenas partes do Pentateuco como sendo de autoria de Moisés. No início quando a teoria surgiu ela recebeu força de muitos estudiosos principalmente de tendência liberal, aqueles a quem mantinha uma visão que o antigo Israel tinha crença no animismo primitivo e evoluiu para o monoteísmo sofisticado, provavelmente influenciado por obras do Darwinismo Evolutivo, pois para eles os antigos israelitas tinham imagens de culto a Javé, iguais aos outros povos como Moabitas, e Filisteus, Amorreus. Porém essa visão é descartada de duas maneiras, uma pela evidência textual que corre os textos do Antigo Testamento, de que os descendentes de Abraão eram monoteístas (Gn 1:1,27);(Gn 2:16,17);(Gn 4:26); (Gn 5:1,2);(Ex 6:3); (Dt 4:35);(Dt 6:4);(Dt 32:39);(Jó 5:17);(II Sm 7:22);(I Rs 8:23);(II Cr 17:20)(Ne 9:6);(Sl 83:18);(Is 43:10);(Is 44:6);(Is 45:18)(Ml 2:10). E outra é pela evidência arqueológica de que o monoteísmo já era conhecido no século XIV e XVI a.C como observa o mais influente Arqueólogo bíblico no século XX, William F. Albright.
”Foi precisamente entre 1500 e 1200 a.C, isto é, durante a era mosaica que surgiu a mais parecida aproximação do monoteísmo, no antigo mundo gentílico, antes do período persa”
Ademais, E. G. Wright, líder erudito do AT diz ”Na adoração patriarcal nunca foi mencionada a existência de qualquer imagem representando uma divindade, nem mesmo em conexão com a instituição do Tabernáculo, que servia de santuário central da anfictionia tribal, ou com o templo de Salomão. Por outra parte, a arqueologia dá-nos conta de que os israelitas possuíam pequenas placas ou figuras das deusas da fertilidade ou outras deusas mães dos cananeus, e isso em grande número. Isso indica o sincretismo generalizado que ocorreu entre os antigos israelitas, precisamente conforme pressupostos documentários. A Literatura francamente admite, quando os arameus e os filisteus estabeleceram-se no território cananeu, eles adotaram costumes cananeus. Quando os amorreus estabeleceram-se na Mesopotâmia, eles adotaram a religião dos sumérios, ajustando seu próprio panteão religioso a ela. Similarmente, o povo de Israel foi tentado a adotar os costumes de seu novo ambiente. No entanto, entre a vasta massa de escombros escavada nas antigas cidades de Israel nunca foi achada uma única imagem de alguma divindade masculina”
Arqueologia e o livro de Gênesis
Vale ressaltar é que os estudiosos liberais, já mais consultaram as evidências arqueológicas do seu tempo, como a escrita antiga (escrita egípcia – hieróglifos), que já se tinham resultado em escavações arqueológicas.
Gênesis 5 – A Lista de reis sumérios
A Lista de reis sumérios, antigo registro dos reis da Suméria e da Acádia, foi composta originalmente no final do III milêncio a.C., durante o reinado de Utu-hegal de Uruk, com o propósito de legitimar a dinastia reinante. Ela apresenta notáveis semelhanças com as genealogias de Gênesis. O Preâmbulo começa com uma terminologia intrigante: ’’quando a realeza desceu do céu’’. Depois avança para a lista da sucessão de reis, a duração de seus reinados e as respectivas cidades das quais reinaram. Os registros indicam reinados incrivelmente longos. Por exemplo, ”En-nem-lu-Anna reinou 43.200 anos; Em-men-gal-Anna reinoy 28.800 anos”. Há registro também de um grande dilúvio, que teria inundado a terra, e depois disso os reis tiveram reinados significativamente mais curtos, ainda que inacreditavelmente longos (”140” a ”1.200 anos”). As genealogias de Gênesis também estão divididas nos períodos pré e pós-diluviano, registrando tempo de vida mais longo antes do Dilúvio, em Gênesis 5, e longevidade significativamente menor depois dele (cap. 11). Diferentemente da Lista de reis, porém as antigas genealogias de Gênesis não têm o propósito de legitimar reis posteriores.
Gênesis 12 – Evidências de Serugue, Naor e Terá
De acordo com o AT, a terra natal dos patriarcas ficava ao sul da Turquia Central, na área conhecida como Arã-Naaraim (Gn 24:10) ou Padã-Arã (25:20). Entre os nomes genealógicos listados em Gênesis 11, três – Seruge, Naor e Terá – foram preservados também como nomes de cidades da região. Os nomes desses personagens bíblicos foram preservados na mesma área da qual se originaram os patriarcas, de acordo com as informações bíblicas. Serugue, o bisavô de Abraão, gerou Naor com a idade de 30 anos e morreu com a idade de 230 anos (11:22-23). Seu nome, que corresponde a um lugar chamado Sargi nas inscrições assírias século XVII a.C., e ainda sobrevive como a moderna Suruç, cerca de 56 quilômetros a noroeste de Arã. Naor, o avô de Abraão, gerou Terá com a idade de 29 anos e morreu com 148 anos (11:24-25). Uma cidade chamada Naor é mencionada em 24:10 como o lar dos descendentes de Betuel, outro filho de Naor (24:24). Essa cidade também é mencionada em Mari nos textos de Mari e da Capadócia dos séculos XIX e XVIII a.C., bem como em inscrições assírias do século XIV. Registros assírios tardios datados do século XVII a.C. referem-se a ela como Til Nakhiri, que significa ’’Monte de Naor’’. Embora a localização exata de Naor seja desconhecida hoje, numerosas referências nos textos antigos a situam no vale do rio Balikh, ao sul de Harã. Terá gerou Abraão com a idade de 70 anos e morreu com 205 anos (11:26-32). Uma cidade chamada Til Turahi (’’monte de Terá’’) é mencionada em textos assírios do século IX a.C. como sendo a região norte de Harã, também no rio Balikh.
Evidência dos Patriarcas
O Nome de Abraão foi encontrado na Mesopotâmia no segundo milênio a.C, com as formas de A-ba-am-ra-ma, Aba-ra-ma e Aba-am-ra-am. Isto mostra que era realmente um nome que estava em uso em época remota. O nome de Jacó, que aparace como ta qub’-el, ’’Possa El Proteger’’, ocorre não apenas como nome de lugar palestino no século XV a.C (lista de Tutmósis), mas também como Ia-ah-qu-ub-il em tábuas do século XVIII a.C, de Chagar Bazar, ao norte da Mesopotâmia. Tanto Isaque como Jacó são nomes abreviados forma completa seria Itshaq-‘el e Ia’qub-’el , e pertencem a tipos conhecidos no meio ambiente do qual os primitivos hebreus haviam vindo. Da mesma forma, nomes que se assemelham muito com as formas abreviadas de Labão e José, aparecem em documentos do século XIX a.C
Refutando argumentos a favor das Fontes JEDP
(Tôledôt) תולדות segundo críticos essa expressão hebraica que significa história, indicaria que cada porção de Gênesis é parte de uma fonte literária distinta, que posteriormente foi colocada em conjunto com outras ”histórias” sendo editadas formando o livro de Gênesis.
Duas considerações apoiam a esta impressão duma autoria única do Gênesis. A primeira é o uso significante de toledoth (gerações, descendência) para introduzir a maioria das seções principais indicadas acima. Assim, surge em 2:4; 5:1; 10:1; 11:10; 11:27; 25:12; 36:1. Usualmente a palavra Toledoth é seguida por uma lista genealógica, embora possa também ser a história do desenvolvimento daquilo que já foi iniciado (como no caso de 2:4 ”Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados”= Estas são as gerações). Nesta última passagem deve ser enfatizado que tôledôt sempre é a introdução duma lista ou narrativa que se segue, não se colocam nunca como pós-escrito para terminar uma lista narrativa logo acima. Isto significa (conforme indica Aalders SIP 44 e Moeller GATE 15) que atribuir Gn 2:4 a P (cuja narrativa da criação tinha sido dada em Gn cap.1) não se pode justificar em face do emprego do termo toledoth nas outras passagens. Tem que servir como introdução a história de Adão e Eva, que segue no restante do capítulo 2 de Gênesis (Uma passagem J).
A segunda consideração em favor da unidade do livro se acha na técnica do autor em tratam de figuras ancestrais que não são da linhagem escolhida. Moeller (GATE 15) indica que a genealogia de Caim (4:17 segs.) se dá antes daquela de Sete (4:25-26); as de Jafé e Cão (10:1 segs. e 10:6 segs.) são colocadas antes daquela de Sem (10:21 segs.), apesar de Cão ser presumivelmente o mais jovem dos três irmãos. As genealogias de Ló (19:29 segs.) e Ismael (25:12 segs.) aparecem antes daquela de Isaque 25:19 e segs.). Assim também os descendentes de Esaú (36:1 segs.) se alistam antes dos de Jacó (37:2 segs.). O motivo do autor em cada caso parece dispor-se de forma breve das ramificações não-eleitas da linhagem antes de se dedicar à genealogia daqueles patriarcas que tinham um a fé genuína no SENHOR. Este tipo de tratamento sistemático não pode ser encaixado na teoria, postulada por Wellhausen, de fontes heterogêneas combinadas de maneira desajeitada.
Quem realmente escreveu Gênesis?
Moisés (Êx 17:14; 34:27) (Êx 24:5-7; Nm 33:2; Dt 31:9) , pois possuía qualificação egípcia para escrever o Pentateuco (Atos 7:22), além é claro do arranjo geográfico organizado pelo que prossegue desde o período patriarcal. Josué aceitou o livro da lei como sendo escrito por Moisés e copiou-o em dois montes (Dt 11:26-32; Js 8:30-35). Ele contribuiu com o livro, escrevendo, o último capítulo (Dt 34) sobre a morte de Moisés (Js 24:26). Os profetas se referem a ele como a lei de Deus escrita por Moisés (Dn 9:11; Ml 4:4). Jesus e os escritores do NT também demonstraram que Moisés é o seu compositor (Lc 24:27,44 em ref Gn 3:15; 12:1-3: Mc 12:26 em ref Êx 3; e Mc 7:10 em ref Êx 20:12; 21:17); (At 13:39; 15:1,5,21; 28:23).
A Letra e no texto hebraico do começo do Êxodo denota continuação do livro anterior. Até hoje nunca foram encontrados os supostos documentos J, E, D ou P, nem sequer nos manuscritos se encontram essa alegação, sabendo que primeiramente a opinião dos documentaristas se baseia no preconceito filosófico de suas teorias subjetivas. Uma avaliação objetiva na Hipótese Documentária prova que a teoria é apenas uma invenção por parte de críticos, nunca provada pela pesquisa arqueológica mais atual.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Wright, G. E. The Old Testament Against Its Environment. Chicago: Henry Regnery Co., 1950.
Irwin, W. A. The modern Approach to the Old Testament, 1953
Unger, Merrill F. Arqueologia do Velho Testamento. Editora: Batista Regular, 2004.
Gleason. L Archer. Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento? 1963.
Bíblia de Estudo Arqueológica. Editora Vida, 2013.
Fonte: Segredos da Arqueologia Bíblica
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