11 de março de 2021

Aula Bíblica Jovens e adultos – Central gospel: Lição 11: Timóteo, Filho Amado e Fiel no Senhor

TEXTO BÍBLICO BÁSICO
2 Timóteo 1.1-2
1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, segundo a promessa da vida que está em Cristo Jesus,

2 A Timóteo, meu amado filho: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso.


2 Timóteo 2.1-3; 9-15
1 Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.

2 E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.

3 Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.

*  9 Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa.

10 Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.

11 Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos;

12 Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará;

13 Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.

14 Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.

15 Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.


TEXTO ÁUREO
Atos 16.1-2
(...) E eis que estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio.


OBJETIVOS
*   Conhecer as origens de Timóteo e seu chamado ministerial;

*   
Entender as circunstâncias que nos revelam a intensidade da amizade que havia entre Paulo e Timóteo;

*   Compreender os conselhos deixados pelos apóstolos ao jovem que deveria conduzir a igreja de Éfeso.

 Bíblia online
 Bíblia sagrada online


INTRODUÇÃO
O grande tema destas cartas pastorais é, lutar o bom combate na defesa da fé, na mistura do gnosticismo e o judaísmo totalmente místico que tentavam constantemente confundir a igreja com mitos e doutrinas erradas, eles ensinavam com tanta convicção os assuntos, mas não compreendiam seu real significado.

Mesmo pressentindo sua morte se percebe em suas duas cartas uma preocupação do apóstolo Paulo em orientar seu filho na fé, para jamais abrir mão de ensinar a sã doutrina e fundamentar a fé da noiva de Cristo.


1. TIMÓTEO, O HOMEM
Seu nome no grego, significa “Aquele que honra a Deus” tem o seu chamado em Atos Cap.16 1-3. Desde a sua juventude era um exemplo para os jovens. Qual era sua doença? (1 Tm 5.23).


A INSPIRAÇÃO DE TIMÓTEO
2 Timóteo 1:1-7 
O objetivo de Paulo ao escrever é o de inspirar e fortalecer a Timóteo em sua tarefa em Éfeso. Timóteo era jovem, e tinha uma árdua tarefa lutando contra as heresias e as infecções que forçosamente ameaçariam e invadiriam a Igreja. Assim, pois, para manter altas sua coragem e seu esforço, Paulo o lembra de certas coisas.

(1) Lembra-o de sua própria fé e confiança nele. Não há maior inspiração que a de sentir que alguém crê em nós. Um chamado à honra sempre é mais efetivo que uma ameaça de castigo. O temor de desiludir àqueles que nos amam é um temor que limpa.

(2) Lembra-o de sua tradição familiar. Timóteo caminhava numa bela herança, e se fracassava, não só mancharia seu próprio nome, mas também diminuiria a honra de sua família também. Um dos maiores dons que pode ter um homem é um bom parentesco. Deve agradecer a Deus por ele, e nunca desonrá-lo.

(3) Lembra-o de ter sido apartado para o serviço e o dom que lhe foi conferido. Quando alguém entra em serviço de qualquer sociedade ou associação com uma tradição e uma história, tudo o que fizer não afetará só a ele; e tudo o que fizer não o fará por suas próprias forças. A força da tradição o levará adiante e deverá preservar a honra dessa tradição. Isto é especialmente certo com relação à Igreja. Aquele que serve a Igreja tem sua honra em suas mãos; aquele que o faz vê-se sustentado e fortalecido pela consciência da comunhão de todos os santos.

(4) Lembra a Timóteo das qualidades que devem caracterizar um mestre cristão. Estas qualidades, tal como via Paulo nesse momento são quatro.


(a) A coragem. 
O serviço cristão deve outorgar ao homem coragem e não medo covarde. É preciso coragem para ser cristão, e essa coragem provém da consciência contínua da presença de Cristo.


(b) O poder. 
O verdadeiro cristão tem o poder de fazer frente às coisas, de assumir as tarefas cansativas, de erguer-se frente a uma situação que é derrubada, de conservar a fé frente à tristeza que resseca a alma e a desilusão que fere. O cristão é caracteristicamente uma pessoa que pode confrontar o ponto limite, sem desmaiar.


(c) O amor. 
No caso de Timóteo trata-se do amor pelos irmãos, amor pela congregação do povo de Cristo sobre o qual foi posto. Precisamente é este amor o que dá ao pastor cristão suas outras qualidades. O pastor cristão deve amar tanto a seu povo que nunca encontre uma tarefa muito grande para fazer por eles. Deve amá-los tanto que nenhuma situação ameaçadora o desanime. Ninguém jamais teria que entrar no ministério da Igreja de Cristo a não ser que haja em seu coração amor pelo povo do Senhor.


(d) O domínio próprio. 
A palavra é sofronismos. Esta é uma dessas grandes palavras gregas intraduzíveis. Alguém a definiu como a "sanidade da santidade". Falconer a define como "o domínio próprio perante o pânico ou a paixão. Só Cristo nos pode dar esse domínio próprio, essa auto disciplina, esse autocontrole que nos preserva de ser arrastados ou de fugir. Nenhum homem poderá governar a outros a não ser que antes se dominou a si mesmo. Sofronismos é esse domínio próprio divinamente outorgado que faz com que uma pessoa seja uma grande autoridade sobre outros porque em primeiro lugar é um servo de Cristo e dono de si mesmo.


A CADEIA DO ENSINO
2 Timóteo 2:1-2
Aqui nos fala de duas coisas: 
A recepção e a transmissão da fé cristã.
(1) A recepção da fé está fundada em duas coisas. 
Fundamenta-se em ouvir. 
Timóteo ouviu a verdade e a graça da fé cristã pela boca de Paulo. Mas as palavras que ouviu foram confirmadas pelo testemunho de muitos. Havia muitos que estavam prontos para dizer: "Estas palavras, estas promessas são certas, e eu sei, porque o tenho descoberto em minha própria vida." Pode ser que haja muitos de nós que, não têm o dom da expressão, e que não podem nem ensinar nem explicar e expor a fé cristã. Mas até aqueles que não têm o dom do ensino podem ser testemunhas do poder vivente do evangelho, e atestar que todas as promessas são certas.


(2) Mas não só é um privilégio receber a fé cristã; é um dever transmiti-la. 
Todo cristão deve ver em si mesmo um vínculo entre duas gerações. 
Não só recebeu a fé; deve também passá-la a outro. E. K. Simpson escreve sobre esta passagem: "A tocha da luz celestial deve ser transmitida sem apagar-se de uma geração a outra, e Timóteo deve considerar-se a si mesmo como um intermediário entre a era apostólica e as eras posteriores." O privilégio de um cristão: é receber a fé; e transmiti-la é sua responsabilidade.


(3) Deve-se transmitir a fé a homens fiéis que também a ensinem a outros. 
A Igreja cristã depende desta cadeia ininterrupta de mestres. Quando Clemente escreveu à Igreja de Corinto, descreveu esta cadeia. "Nossos apóstolos designaram às pessoas antes mencionadas (os anciãos) e depois eles proveram uma continuidade, para que, se essas pessoas dormiam, outros homens aprovados pudessem continuar seu ministério." O mestre é um elo na cadeia viva que se estende sem rupturas do momento atual até Jesus Cristo. A glória do ensino é que une o presente à vida terrestre de Jesus Cristo. Estes mestres devem ser homens fiéis. A palavra grega para fiel, tem uma rica variedade de significados intimamente relacionados. Um homem que é pistos é uma pessoa que crê, que é leal, que é de confiança e da qual pode-se depender. Todos estes significados estão aqui. Falconer disse que estes homens crentes são tais "que não se renderão nem perante a perseguição nem perante o erro". O coração de um mestre deve estar tão fixo em Cristo que as ameaças de perigo não o tentem a deixar a senda da lealdade, nem a sedução dos falsos ensinos o façam apartar do caminho reto da verdade. O mestre cristão deve ser constante tanto na vida como no pensamento.


A LEMBRANÇA ESSENCIAL
2 Timóteo 2:8-10
Desde o começo desta Carta Paulo tratou que exortar e inspirar a Timóteo em sua tarefa. Lembrou-lhe sua própria fé nele; lembrou-lhe seu herança divina; mostrou-lhe a imagem do soldado, do atleta e do lavrador cristãos. E agora vem o maior dos chamados: Lembra-te de Jesus Cristo. Falconer chama a estas palavras: "O coração do evangelho paulino". Ainda que qualquer outro chamado à galhardia de Timóteo fracassasse, certamente que a lembrança de Jesus Cristo não fracassaria. Nas palavras que continuam há três coisas envoltas que devemos lembrar.


(1) Devemos lembrar a Jesus Cristo ressuscitado dos mortos. 
O tempo do verbo em grego não implica um ato levado a cabo num momento definido, mas sim uma afirmação contínua que permanece para sempre. Paulo não está dizendo a Timóteo: "Lembra a ressurreição real de Jesus Cristo"; em realidade está dizendo-lhe: "Lembra que Jesus ressuscitou para sempre e está sempre presente; lembra o teu Senhor ressuscitado e presente para sempre." Esta é a grande inspiração cristã. Não dependemos da inspiração de uma lembrança, por maior que seja. Desfrutamos com o poder de uma presença. Quando um cristão deve realizar uma grande tarefa, uma tarefa que não pode senão sentir que está fora de seu alcance, deve enfrentá-la com a segurança de que não o faz sozinho, mas sim está com ele para sempre a presença e o poder do Senhor ressuscitado. Quando os temores ameaçam, quando assaltam as dúvidas, quando a falta de adequação deprime, lembremos a presença do Senhor ressuscitado.


(2) Lembremos que Jesus Cristo nasceu da linhagem de Davi. Este é o outro lado da pergunta. "Lembra a humanidade de seu Mestre", diz Paulo a Timóteo. Não lembramos somente a Alguém que é só Espírito, e uma presença espiritual; lembramos a Um que andou neste caminho, e viveu esta vida, e enfrentou esta luta, e que portanto conhece aquilo pelo que estamos passando. Temos conosco, não só a presença de um Cristo glorificado; também temos a presença de um Cristo que conheceu a luta desesperada por ser um homem, que seguiu até o cruel final a vontade de Deus.


(3) Finalmente, Paulo diz, lembra o evangelho. 
Lembra as boas novas. Mesmo quando o evangelho exige muito, mesmo quando leva a um esforço que pareceria estar mais além da capacidade humana, e a um futuro que pareceria cheio de toda classe de ameaças, lembremos que é um evangelho, que se trata das Boas Novas; e lembremos que o mundo as está esperando. Não importa quão dura seja a tarefa que oferece o evangelho, esse mesmo evangelho é a mensagem de libertação do pecado e a vitória sobre as circunstâncias, para nós e para a humanidade.

De modo que Paulo incita a Timóteo ao heroísmo ao levá-lo a lembrar de Jesus Cristo, a contínua presença do Senhor ressuscitado, a simpatia que flui da humanidade do Mestre, a glória do evangelho para ele mesmo e para o mundo que nunca o escutou e que espera. 2 Timóteo (William Barclay)
TEM CUIDADO DE TI MESMO
Amado Timóteo,
Estou bastante entusiasmado com o início de seu novo ministério pastoral. Estive pensando muito sobre o que o Senhor pode ter reservado para você. Lembro-me quando você tinha, há vários meses atrás, um bom número de igrejas lhe chamando para assumir o cargo de pastor. Eu estava ansioso por você, pois uma decisão errada poderia se mostrar muito custosa no futuro. Estou contente que você finalmente tenha aceitado o convite da Primeira Igreja Batista. Humanamente falando, eles possuem o melhor ambiente para alguém que esteja começando no ministério. Durante estes últimos seis meses, desde que começou no serviço do Senhor, você sempre tem estado em minhas orações. Tenho orado para que o Senhor lhe dê um ministério duradouro e que produza frutos em abundância.

Conforme prosseguia orando, sentia um peso crescendo em meu coração, indicando que devia escrever-lhe algumas palavras de aconselhamento. Não fosse pelo fato de que o conheço já há tantos anos, o que vou escrever-lhe poderia até mesmo parecer presunção. Mas como nestes dez anos de relacionamento nossa amizade tem crescido tanto e nos mantido tão próximos, duvido muito que você se ofenda com sinceros e bem intencionados conselhos, em um momento como este. Em algumas áreas serei muito pessoal, pois sei que você será capaz de suportar minha praticidade naquele mesmo espírito no qual as Escrituras dizem: Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos (Pv 27.6).

Conforme já disse antes, e não vou hesitar em dizer novamente: seu nível de talento no manuseio da Palavra está muito acima da média dos pregadores. Sua madura percepção espiritual, sua compreensão de toda a esfera da doutrina cristã, a força de sua voz, seu conhecimento das Escrituras, sua impecável e incomparável eloquência; tudo se combina em um maravilhoso banquete para os ouvintes sob seu ministério. Além disso, você tem a grande vantagem de possuir um invejável amor pela leitura, de forma que, em sua casa, seu rico depósito de informações está sempre sendo abastecido. Estes fatos sem dúvida terão um papel muito importante ao longo do tempo, em ajudá-lo a sustentar um ministério eficaz para a edificação do povo de Deus na Primeira Igreja Batista e, até mesmo, além de suas fronteiras.

Ainda assim, Timóteo, biblioteca e cabeça abastecidas não são o suficiente. O futuro do ministério de qualquer pastor depende de como ele próprio se desenvolve, especialmente em sua santificação pessoal. Por isto que o apóstolo Paulo aconselhou o seu xará, dizendo: Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes (1 Tm 4.16).

Nada é mais importante no ministério pastoral do que este cuidado próprio. Tenho frequentemente o encorajado a ler o livro Lições aos Meus Alunos, volume 2, 1 de Charles Haddon Spurgeon, que tem como título de seu primeiro capítulo A Autovigilância do Ministro. Apenas no segundo capítulo, ele começa a tratar de O Chamado para o Ministério. Parece-me que Spurgeon sacrifica a ordem cronológica para o que ele viu ser a ordem de importância. Ele incentiva os pastores a se assegurarem de que são verdadeiramente convertidos, a manterem uma vitalidade espiritual e a desenvolverem um bom caráter.

Não tenho tempo agora para lidar com tudo aquilo que se encerra na frase do apóstolo Paulo Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina, de forma que, nesta carta, vou me limitar apenas à primeira parte, Tem cuidado de ti mesmo. Este cuidado deve ser algo para a vida toda. E um cuidado que deve assegurar o desenvolvimento adequado para sua vida, ao invés de um desenvolvimento deformado, especialmente em se tratando de sua vida espiritual. Timóteo, espero que você pese adequadamente o que tenho a lhe dizer agora.


SEU CUIDADO PESSOAL PRECISA SER COMPLETO
Quando o apóstolo Paulo incitou seu amigo a cuidar de si mesmo, ele não tinha apenas uma área da vida em mente. Ele queria que o jovem Timóteo se assegurasse de um crescimento completo, abarcando sua vida espiritual, física, emocional, intelectual e doméstica. Eu já lhe disse anteriormente que um pregador não é de forma alguma um espírito desencarnado. Por exemplo, uma vez que ele é afetado nas capacidades físicas de seu ser, sua vida spiritual também será da mesma forma afetada. Portanto, é responsabilidade de todo pregador assegurar que todo o seu ser redimido submeta-se a um desenvolvimento positivo, que o acompanhe por toda a vida. Certa vez, um pregador muito conhecido no Reino Unido foi pedir conselhos ao Dr. Martyn Lloyd Jones. Ele sentiu-se tão seco espiritualmente que estava pensando seriamente em abandonar o ministério pastoral. Sua vida de oração estava no nível mais baixo possível. Ele sequer sentia amor pelas almas e se via como um completo hipócrita por ainda estar no ministério.

Quando o Dr. Martyn Lloyd-Jones ouviu tudo o que este pregador tinha a dizer, aconselhou-o a tirar umas férias, O pregador, lembrando-se deste evento, disse que ficou extremamente desapontado pelo fato do Dr. Lloyd-Jones não lhe dar outro conselho, além de tirar férias. No entanto, em respeito ao doutor, ele acatou a sugestão. Seu testemunho foi que após aquele tempo de férias, não precisou voltar a falar com seu conselheiro. O gozo espiritual havia voltado. Ele estava espiritualmente alegre outra vez. A lição que aprendera foi muito simples todas as áreas da sua vida estão interligadas. Este homem havia negligenciado o descanso físico e emocional, e isto teve um efeito visível em sua vida espiritual.


Portanto, procure balancear sua vida. 
A Bíblia diz: Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser (1 Tm 4.8). Não negligencie coisas como descanso e exercícios, enquanto você continua com o árduo trabalho do ministério. Na sua idade, isto pode até parecer completamente desnecessário, mas se você estiver fazendo planos a longo prazo, então, precisa correr como se estivesse numa maratona, e não como se fosse correr os cem metros livre. O famoso Robert Murray M Cheyne, da Escócia, morreu em um sábado, dia 25 de março de 1843, com apenas vinte e nove anos. Seu clamor, enquanto morria, era: O Senhor me deu uma mensagem e um cavalo. Matei o cavalo. Oh, o que devo fazer com a mensagem agora? Um tipo de vida equilibrado vai evitar este tipo de confissão tão dolorosa no fim de sua vida!
1C. H. Spurgeon, Lições aos Meus Alunos
TEM CUIDADO DE TI MESMO Conrad Mbewe


Timóteo, o destinatário da carta.
Timóteo era natural de Listra, cidade da província da Galácia do Sul. Era filho de uma crente judia e de um pai grego (At 16.1). Sua mãe, Eunice, e sua avó Loide, o instruíram nas Sagradas Escrituras desde a infância (1.5;3.15). Timóteo bebeu o leite da piedade desde o alvorecer da vida. Conheceu Paulo na primeira viagem missionária do apóstolo e tornou-se seu companheiro de jornada a partir da viagem missionária seguinte. Embora Timóteo tenha sido criado sob a influência espiritual de sua mãe e avó, Paulo foi o instrumento de Deus para levá-lo a Cristo, uma vez que o apóstolo o chama de verdadeiro filho nafé e amado filho (lT m l.2) e filho amado e fiel no Senhor (IC o4.17). Timóteo tornou-se o companheiro mais próximo de Paulo. O apóstolo o chama de seu cooperador (Rm 16.21) e de irmão e ministro de Deus no evangelho de Cristo (lT s 3.2).Timóteo serviu ao evangelho junto com Paulo, como filho ao p ai (Fp 2.22). Timóteo se distinguia de outros obreiros, a ponto de Paulo dizer que ninguém era como ele no zelo de cuidar dos interesses da igreja e de Cristo (Fp 2.20,21). Embora Timóteo fosse um jovem tímido e doente,Paulo delegou a ele várias missões importantes, tanto em Tessalônica (lT s 3.1-5) como em Corinto (IC o 4.17).Timóteo acompanhou Paulo em sua viagem a Jerusalém,quando levaram uma oferta aos pobres da Judeia, ocasião em que o apóstolo foi preso pelos judeus (At 20.1-5). Na primeira prisão de Paulo em Roma, Timóteo estava ao seu lado (Fp 1.1; 2.19-24; Cl 1.1; Fm 1). Agora, em sua segunda prisão, Paulo roga para Timóteo vir depressa ao seu encontro (4.9,21).

Depois que foi solto da primeira prisão em Roma, Paulo deixou Timóteo em Éfeso (lTm 1.3), como líder da igreja. As responsabilidades eram imensas. Timóteo precisou enfrentar com coragem os falsos mestres que perturbavam a igreja (lTm 1.1-7), estabelecer critérios claros para a manutenção da ordem no culto (lTm 2.1-15), escolher e ordenar oficiais para a igreja (lT m 3.1-13),regular e coordenar a assistência social às viúvas, e ainda orientar o ministério das viúvas na igreja (lTm 5.1-16),decidir acerca da remuneração e disciplina dos presbíteros(lTm 5.17-21), assim como outras obrigações morais(lTm 6.1-19).

Nesse tempo, Timóteo era considerado ainda um ho­mem jovem (2.22; lTm 4.12). Além disso, Timóteo era tímido (1.7,8; 2.1,3; 3.12; 4.5; ICo 16.10,11) e doente(lTm 5.23), mais propenso a “ser comandado que acomandar”.11 Paulo já estava na antessala de seu martírio, às portas da decapitação. Era urgente passar a Timóteo o bastão da responsabilidade para preservar a sã doutrina e conservar intacto o ensino dos apóstolos. Com as características de Timóteo, parecia impossível que o filho na fé desse conta de tão gigantesca missão.

É importante destacar, outrossim, que essa carta foi endereçada também à igreja de Éfeso (4.22). As mesmas palavras destinadas a Timóteo, o pastor da igreja, deveriam alcançar, de igual modo, toda a comunidade. 


O propósito da carta.
Desde sua conversão, o apóstolo Paulo se lançou numa intensa jornada de pregação. Depois de longo preparo, três anos na Arábia (G1 1.15-18), dez anos em Tarso (At9.30; At 11.25,26; G1 2.1), o homem convertido em Damasco, rejeitado em Jerusalém e esquecido em Tarso é agora levado para Antioquia, a terceira maior cidade do mundo. Dali é separado pelo Espírito Santo e enviado para a obra missionária. Paulo pregou com zelo e fervor, no poder do Espírito Santo, a tempo e fora de tempo, são ou doente, livre ou preso. O livro de Atos registra três de suas viagens missionárias: a primeira na província da Galácia, a segunda nas províncias da Macedônia e Acaia e a terceira na província da Ásia Menor. As cartas pastorais fazem referência à sua quarta viagem missionária, depois de ter sido solto da primeira prisão em Roma.

Por mais de trinta anos, Paulo pregou fielmente o evangelho, plantou igrejas, defendeu a fé e consolidou a obra. Num breve resumo de seu passado, ele declarou: Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé(4.7).

Agora, o idoso apóstolo está novamente preso e sofrendo dolorosa solidão. Os irmãos da Ásia o abandonaram (1.15).Fígelo e Hermógenes não queriam mais nenhuma ligação com ele (1.15). Demas já o havia deixado à própria sorte(4.10). Diante da atroz perseguição romana, os crentes tinham medo de se associarem a ele. Na sua primeira defesa, ninguém foi a seu favor (4.16). Paulo permaneceu desamparado numa masmorra escura, úmida e insalubre, de localização desconhecida (1.17). O imperador Nero, com toda a sua loucura e violência, estava determinado a esmagar os cristãos com mão de ferro.20

Em Roma, os crentes eram crucificados, queimados vivos; outros, de cidadania romana, eram decapitados. Ao mesmo tempo que o fogo da perseguição se espalhava, os falsos mestres espalhavam o veneno das heresias, causando grande perturbação às igrejas. A situação era quase desesperadora .Paulo, o grande bandeirante do cristianismo, estava na fila do martírio. Handley Moule chegou a dizer que “o cristianismo estremecia, à beira da aniquilação”.12

E nesse contexto de angústia e dor, de sombras espessas e tempestades borrascosas, que Paulo escreve sua última carta .Sua preocupação não é prioritariamente com a própria vida. Seu foco não é sua libertação. Sua atenção se volta para o evangelho. Seu grande apelo a Timóteo, nesse tempo de perseguição política e sedução dos falsos mestres, é: O Timóteo, guarda o que te fo i confiado (lTm 6.20) e guarda o bom depósito (1.14). John Stott diz acertadamente que Paulo enfatizou esse ponto em cada capítulo dessa carta :guarda o evangelho (1.14), sofre pelo evangelho (2.2,8,9),persevera no evangelho (3.13,14) e prega o evangelho(4 .1 ,2 ) . 13

Myer Pearlman explica que essa epístola foi escrita para pedir a presença de Timóteo em Roma, admoestá-lo contra os falsos mestres, animá-lo em seus deveres e fortalecê-lo contras as perseguições vindouras.14 Na mesma linha de pensamento, Gordon Fee e Douglas Stuart destacam que o propósito da carta é pedir a Timóteo que se junte a Paulo em Roma quanto antes (4.9,21), levando consigo Marcos(4.11) e alguns itens pessoais (4.13). Timóteo deve ser substituído por Tíquico, o portador da carta (4.12). A razão para a pressa é o começo do inverno (4.21) e o fato de que a audiência preliminar já havia ocorrido (4.16). A maior parte da carta, porém, se ocupa com um apelo para que Timóteo se mantenha leal a Paulo e ao evangelho, aceitan­do o sofrimento e a privação.15 Com essas informações na mente e no coração, podemos agora entrar na exposição da carta.


A formação espiritual de Timóteo (1.3-8)
Enquanto Paulo ora por Timóteo, relembra sua infância, seu chamado, suas lágrimas, suas lutas, seus desafios. John Stott comenta sobre as quatro maiores influências que contribuíram para a formação de Timóteo. Destacamos a seguir essas contribuições.

Em primeiro lugar, a formação familiar. Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primei­ramente, habitou em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também em ti (1.5). Paulo recorda tanto o seu passado quanto o passado de Timóteo e afirma que ele procedia de um lar piedoso. Embora o pai de Timóteo fosse grego (possivelmente não convertido), sua mãe e sua avó o criaram desde a infância, ensinando-lhe as sagradas letras. E esse ensino foi tão eficaz que Timóteo exibia uma fé sem fingimento. Vale destacar que Paulo menciona uma fé sem fingimento passando por três gerações: Loide, Eunice e Timóteo, ou seja, avó, mãe e filho.

Em segundo lugar, a amizade espiritual. Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia. Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria(1.3,4). O verbo “servir” usado por Paulo é uma das mais importantes palavras gregas. A palavra latreuo era usada especialmente para o desempenho de deveres religiosos, particularmente de natureza cúltica, e era empregada no sentido de adorar. A declaração deve ser usada no sentido de que Paulo pensava no judaísmo em estreita conexão com o cristianismo, e sua presente adoração a Deus era, em certo sentido, continuação de sua adoração judaica.21

A fé do apóstolo Paulo tinha suas raízes na religião de seus antepassados.
Era similar à deles. Nessa mesma linha de pensamento, Charles Erdman diz que o cristianismo e o judaísmo não eram para Paulo religiões distintas; aquele era fruto deste. Era seu cumprimento, sua culminação, sua glória. A fé aceita o que Deus revela, e a revelação por meio dos profetas encontra sua plenitude em Jesus Cristo.22

John N. D. Kelly ainda diz que, embora em certo sentido sua aceitação de Cristo como seu Salvador representasse um rompimento total com sua piedade ancestral, em outro sentido era seu desenvolvimento e florescimento apropriado. A lei cumpriu seu propósito ao levar o apóstolo a Cristo.23


Concordo com Hendriksen quando ele escreve:
O que Paulo enfatiza é que ele não está introduzindo uma nova religião. Essencialmente o que agora crê é o que Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Isaías e todos os antepassados piedosos também creram. Há continuidade entre a antiga e a nova dispensação. Os antepassados criam na ressurreição; Paulo também. Esperavam a vinda do Messias; Paulo proclama o mesmo Messias que em forma real havia feito sua aparição. Ê Roma que mudou sua atitude. É o governo que, depois do incêndio da capital no ano 64, começou a perseguir os cristãos. A consciência de Paulo é pura. O prisioneiro goza de paz no coração e na mente.24 27

Depois da família, ninguém nos influencia mais do que os amigos. Paulo foi o pai na fé de Timóteo e seu grande mentor espiritual. Como intercessor incansável, Paulo man­tinha Timóteo em seu coração e em suas orações noite e dia.

Em terceiro lugar, o dom espiritual. Por esta razão, pois,te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos (1.6). Paulo deixa agora os meios usados por Deus para moldar o caráter cristão de Timóteo(seus pais e amigos) para enfocar um dom diretamente dado por Deus a ele.25 Embora o texto não explicite qual era esse dom, tudo nos faz crer que fora concedido a ele em sua ordenação. Portanto, era um dom espiritual ligado ao exercício do seu ministério. Alford sugere que era “o dom de ensinar e presidir a igreja”.26 Alfred Plummer entendia esse dom como “a autoridade e o poder para ser um ministro de Cristo”.27 Hendriksen é da opinião que se tratava do dom da graça de Deus que capacitava o jovem Timóteo a ser o representante escolhido do apóstolo Paulo.28

O vento da perseguição era uma ameaça à chama do dom concedido a Timóteo em sua ordenação. Paulo, portanto, encoraja seu discípulo a remover as cinzas e a reacender esse fogo. No mundo antigo, nunca se mantinha o fogo constante. O fogo era mantido vivo mediante brasas que eram recolocadas em chamas, sempre que a situação o exigisse.29

Concordo com Warren Wiersbe quando ele diz que Timóteo não carecia de novos ingredientes espirituais em sua vida; precisava apenas “reavivar” o que já possuía. Na primeira carta a Timóteo, Paulo instruiu seu filho espiritual a não ser negligente com o dom (lTm 4.14).Agora acrescenta: ... te admoesto que reavives o dom Deus de que há em ti.30 De acordo com Hendriksen, o pano de fundo para essa exortação sugere que o fogo do carisma de Timóteo estava baixo, por algumas razões: 1) Timóteo estava limitado por frequentes enfermidades físicas (lTm5.23); 2) Timóteo era naturalmente tímido (IC o 16.10); 3)Timóteo era relativamente jovem (lTm 4.12; 2Tm 2.22);4) Os efésios que se opunham a Timóteo eram tenazes noerro (lTm 1.3-7,19,20; 4.6,7; 6.3-10; 2Tm 2.14-19,23);5)


Os crentes eram perseguidos pelo Estado.
Em quarto lugar, a disciplina pessoal. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus (1.7,8). Paulo relembra a Timóteo as qualificações que devem caracterizar um mestre cristão: coragem, poder, amor e domínio próprio. Um pastor não pode ser covarde. Um ministro do evangelho deve ser revestido com o poder de Deus. Um líder cristão precisa ser governado pelo amor. Aqueles que lidam com outras pessoas precisam, sobretudo, ter domínio próprio. A moderação ou domínio próprio é a sanidade da santidade. Nenhum homem pode governar outros se não tem domínio sobre si mesmo.32

John N. D. Kelly diz que o evangelho de um Salvador crucificado (IC o 1.23) impressionava os judeus como sendo blasfemo, e os pagãos como sendo puro contrassenso. E compreensível, portanto, que, em uma situação de extrema tensão como aquela vivida pela igreja, uma pessoa tímida como Timóteo (IC o 16.10) sentisse temor diante do inevitável desprezo e ódio suportado por causa do evangelho. Longe de ter vergonha das humilhações e dos sofrimentos de Paulo, Timóteo deveria criar coragem e participar. Se assim fizer, redundará em lucro para o evangelho.

John Stott diz que o dom é comparado ao fogo. Do verbo grego anazopureo, que não aparece em nenhum a outra passagem do Novo Testamento, não se pode de duzer que Timóteo tenha deixado o fogo extinguir-se e deva agora soprar as brasas quase apagadas até que o fogo ressurja. O prefixo Ana pode indicar tanto aumentar o fogo quanto tornar a acendê-lo. A exortação de Paulo, portanto, é para continuar soprando, a fim de “atiçar aquele fogo interior "e conservá-lo vivo.34 Deus nos dá dons, mas estes precisam ser reavivados. Deus nos dá desafios e também o poder para levá-los a cabo. O medo e a covardia não combinam na vida cristã. O Espírito Santo é Espírito de poder, por isso não precisamos temer a perseguição nem a morte. O Espírito Santo é Espírito de amor; portanto, precisamos servir ao próximo, mesmo correndo sérios riscos. O Espírito Santo é Espírito de moderação, por isso devemos demonstrar domínio próprio, ainda que outros à nossa volta se dispersem em numa debandada geral.

Paulo passa dos fatores que contribuíram na formação de Timóteo para a autenticidade do evangelho. Porém, antes de falar da singularidade do evangelho, exorta Timóteo a não se envergonhar dos ensinos de Cristo (1.8).Embora Timóteo fosse um jovem tímido, não deveria se envergonhar do evangelho. Embora muitos na Ásia não quisessem mais nenhuma associação com Paulo (1.15), em virtude de estar preso, acusado de malfeitor (2.9), Timóteo não deveria se envergonhar de Cristo nem de seu enviado. Envergonhar-se do evangelho (Rm 1.16) é envergonhar--se de Cristo, e aqueles que se envergonham de Cristo, o próprio Cristo se envergonhará deles (Mc 8.38). O Paulo que não se envergonhava (1.12), admoestou Timóteo a não se envergonhar (1.8) e relatou que Onesíforo não tinha vergonha das algemas do apóstolo (1.16).

A singularidade do evangelho (1.9,10)
Paulo passa agora a falar com mais detalhes desse evangelho do qual Timóteo não deveria se envergonhar e pelo qual deveria estar pronto a sofrer.


O evangelho é a boa notícia da salvação em Jesus. 
O nome de Jesus já revela esse fato auspicioso, por significar que ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mt 1.21). Em seu nascimento, na cidade de Belém, essa verdade foi proclamada pelos anjos (Lc 2.11).O evangelho é chamado por Paulo de o evangelho da nossa salvação (Ef 1.13). O evangelho não é uma invenção do homem, mas uma revelação de Deus. Não tem sua origem no tempo, mas na eternidade. Não vem da terra, mas do céu. No evangelho, devemos crer. O evangelho, devemos guardar. O evangelho, devemos proclamar. Do evangelho, não podemos nos envergonhar. Algumas verdades devem ser aqui destacadas.
Trechos do livro : Hernandes Dias Lopes
Conrad Mbewe
Fonte/crédito-Pr. Geziel Gomes:
(Revista: Central Gospel)


  

Nenhum comentário:

Postar um comentário