2 de janeiro de 2019

Noticia: Bispo do Porto. “Mundo está a tornar-se perigoso” para quem acredita em Jesus Cristo

Na homilia de Natal, D. Manuel Linda lamentou “vivência meramente periférica do Natal”, num mundo em que é, cada vez mais, “politicamente incorreto demonstrar fé”.

O mundo está a tornar-se num local perigoso para quem acredita em Jesus Cristo, alertou esta terça-feira o bispo do Porto, D. Manuel Linda, na homilia de Natal.
Numa celebração realizada na Sé do Porto, o prelado declarou que “tal como nos dias de Herodes, está mesmo a tornar-se um mundo perigoso quer para o Menino, quer para quantos colocam n’Ele a sua esperança”.

D. Manuel Linda critica quem “pretende sepultar a Igreja sob uma laje de silêncio”, num mundo em que é, cada vez mais, “politicamente incorreto demonstrar fé”.

O bispo do Porto deixou exemplos de perseguição: “alguns cristãos são impedidos de chegar a certas funções” e as instituições da Igreja, nomeadamente as assistenciais e educativas, “são menosprezadas, quando não ostracizadas e ‘legalmente» perseguidas’.

“A pretexto da laicidade, parece que os crentes perdem a sua condição de cidadãos e os direitos que daí advêm; um mundo de cinismo que rejeita os grandes valores comprovadamente uteis para a sociedade, só porque vinculados pela Igreja, instaurando a aridez familiar e social e fragmentando a existência.”

“Um mundo que pretende sepultar a Igreja sob uma laje de silêncio, a não ser que qualquer problema forneça o combustível para a sujeitar a longo martírio de ser queimada em fogueiras acendidas por alguma comunicação social; um mundo de dirigentes mundiais que não perde o sono pelo facto de os cristãos serem dizimados no Próximo Oriente, em África e um pouco por toda a terra; enfim, um mundo que parece estar a estabelecer uma equação tão simplória como ameaçadora em termos de futuro: ‘não-cristão igual a realidade a proteger; cristão igual a condenação às feras’”, lamentou.

Na sua primeira homilia de Natal como bispo do Porto, D. Manuel Linda criticou o que disse ser uma “vivência meramente periférica do Natal”.

“De todos os lados, surgem vozes a dizer que o nosso Natal começa a estar sepultado na agitação e na azáfama, no materialismo e no consumismo, numa mentalidade pagã que nem sequer pronuncia o nome de Jesus, o Filho de Deus. Eu não seria tão pessimista. Não obstante, reconheço sinais preocupantes. Particularmente ao nível de uma vivência meramente periférica do Natal, sem lhe atingir o âmago, sem se encantar com a profundidade e ternura do mistério que nos envolve.”

D. Manuel Linda sublinha que o Natal é um “acontecimento complexo”, assente em três grandes pilares: fé, esperança e caridade, de que o mundo atual está em “défice”.

Natal é fé porque supõe a aceitação de Jesus Cristo e, como é esperança, não há lugar para tristeza, angústia ou medo.

“Natal é esperança. Como podemos abandonar-nos à tristeza, à angústia, aos medos, ao desespero, se nos sabemos amados e acompanhados por Deus? Se a salvação está connosco e em nós, como podemos deixar-nos submergir pelas trevas do desânimo, pelo pavor do futuro, pelo cansaço da caminhada? Com Ele e n’Ele, a nossa vida adquire um significado novo: a de saber que a grande meta, é o encontro feliz e venturoso com o Pai”, frisou.
Fonte:  Renascença


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