Estado com o maior número de documentos duplicados é Alagoas, com mais de dois mil títulos, segundo levantamento do TSE obtido com exclusividade pela CBN. A ideia é expandir o uso para outros órgãos
Em 2015, os funcionários de um banco em Goiânia desconfiaram do documento apresentado por um cliente que queria abrir uma conta. E decidiram chamar a polícia.
Os dados do suspeito foram enviados também à Justiça Eleitoral. Lá, foi verificado que o homem tinha a digital cadastrada – mas não apenas uma vez.
O estelionatário tinha ido a 51 cartórios eleitorais de Goiás e em cada um apresentou nome, data de nascimento e documento de identidade diferentes. Em todas as vezes, saiu com um título de eleitor.
A fraude foi detectada graças à biometria, que cadastra a impressão digital: ela é única e impede que uma pessoa tente se passar por outra no momento da votação. Antes dessa tecnologia, o homem teria conseguido votar até 51 vezes. Agora, ele responde a um processo criminal.
O caso é o que mais chama atenção num balanço feito pelo Tribunal Superior Eleitoral a que a ‘CBN’ teve acesso com exclusividade. A biometria começou a ser implantada em 2008 e hoje, um terço dos eleitores do país tem a digital cadastrada.
Entre as eleições de 2014 e 2016, foram verificados 15.600 casos de pessoas com mais de um título de eleitor. O maior número é em Alagoas, onde mais de dois mil documentos estavam duplicados. São Paulo e Goiás vêm logo em seguida como os estados com o maior número de fraudes.
Os títulos foram cancelados e os dados enviados ao Ministério Público, para ser investigados. O presidente do TSE, Gilmar Mendes, diz que a ideia é expandir o uso da biometria para verificar irregularidades não apenas no processo eleitoral:
“A gente tem muita confiança de que esse base de dados do TSE poderá ser compartilhada para criar um sistema de um governo eletrônico, um e-government. Estamos muitos animados, não se trata de um sistema apenas para a Justiça Eleitoral, mas para o governo como um todo”.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de uma identidade única, para reunir em um só documento dados como CPF, RG e título de eleitor. Hoje, cada brasileiro chega a ter até 22 documentos, o que facilita fraudes.
A ideia é compartilhar o banco de dados do TSE, para que a biometria seja usada na identificação de irregularidades no INSS e no Bolsa Família, por exemplo. Quatro unidades da federação já cadastraram a digital de todos os eleitores: Brasília, Alagoas, Amapá e Sergipe.
A meta é chega é chegar aos 100% em todo o país até 2022. O custo dessa tecnologia é de R$ 2 por eleitor.
Fonte: CBN
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