19 de julho de 2017

Noticia: Polícia Civil faz operação contra o ‘Baleia Azul’ em nove estados. Senhores pais atenção

Polícia Civil do Rio prendeu jovem ‘curador’ na comunidade Nova Era, em Nova Iguaçu

Policiais civis fazem nesta terça-feira (18) uma operação para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra suspeitos de envolvimento com o jogo Baleia Azul. Os mandados expedidos pela Justiça estão sendo cumpridos em 20 municípios de nove estados brasileiros, entre eles o Rio de Janeiro, segundo a ‘Agência Brasil’.

A operação, chamada Aquarius, está sendo coordenada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática da Polícia Civil fluminense.

O jogo Baleia Azul é praticado em comunidades fechadas de redes sociais como Facebook e Whatsapp e instiga os participantes, em maioria adolescentes, a cumprirem 50 tarefas, sendo que a última delas é o suicídio.

Prisão de ‘curador’ do jogo

Na ação no Rio de Janeiro, Matheus Silva, de 23 anos, foi preso pelos agentes na favela Nova Era, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele confessou aos policiais que era um dos “curadores” do jogo, afirma reportagem do ‘G1′. .

Sob comando da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), são 24 mandados de busca e apreensão no Amazonas, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe, além de um mandado de prisão a ser cumprido no Rio de Janeiro.

Às 8h50, os policiais já haviam apreendido telefones celulares e computadores em todos os estados onde a ação foi realizada. Os agentes vão avaliar o material apreendido, que vai ajudar a identificar os outros curadores do Baleia Azul. São 24 equipes de agentes em 20 município de todo o país, com pelo menos 3 agentes em cada. Assim, são pelo menos 72 policiais envolvidos.

“Esse rapaz que foi preso (no RJ), nós já tínhamos materialidade suficiente para pedir a prisão dele. Ele já confessou que era curador, que era influenciado 30 vítimas, mas temos nos autos cerca de 40 vítimas”, destacou a delegada-assistente Fernanda Fernandes.

Os mandados foram expedidos pelo juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal, e o objetivo é identificar e prender supostos “curadores” do jogo, que chegou a causar ferimentos em vítimas no Rio e tem ligação suspeita com casos no Mato Grosso e na Paraíba. Algumas vítimas, ao tentarem deixar o jogo, são ameaçadas por essas pessoas.

Segundo os responsáveis pela investigação, o trabalho foi uma corrida contra o tempo para preservar a vida dos jovens envolvidos.

“Algumas vítimas estavam muito marcadas quando nós as encontramos”, explicou a delegada Daniela Terra.

Recomendações

As recomendações para as famílias são: monitorar o uso da internet, frequentar as redes sociais dos filhos, observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira. Atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia Azul.

Também as escolas devem colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo, cada vez mais, a educação para a valorização da vida, o respeito pela vida dos outros e o uso consciente das mídias e tecnologias.

O ‘G1′ ouviu especialistas que dão dicas de como lidar com o tema:

1. Fique atento às mudanças de comportamento

Uma mudança brusca de comportamento pode ser sinal de que a criança ou o adolescente esteja sofrendo com algo que não saiba lidar, segundo Elizabeth dos Reis Sanada, doutora em psicologia escolar e docente no Instituto Singularidades.

“Isolamento, mudança no apetite, o fato de o adolescente passar muito tempo fechado no quarto ou usar roupas para se esquivar de mostrar o corpo são pistas de que sofre algo que não consegue falar”, destacou a especialista.

2. Compartilhe projetos de vida

Para entender se a criança ou adolescente está com problemas é fundamental que os pais se interessem por sua rotina. Elizabeth reforça que este deve ser um desejo genuíno, e não momentâneo por conta da repercussão do “Jogo da Baleia Azul”.

“Os pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o que fazem, conhecer os amigos”, afirma a Elizabeth. Ela lembra que muitos adolescentes “falam” abertamente sobre a falta de motivação de viver nas redes sociais. Aos pais cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o futuro, tracem metas como uma viagem, por exemplo, e até algo mais simples, como definir a programação do fim de semana.

3. Abra espaço para diálogo

Filhos devem se sentir acolhidos no âmbito familiar, por isso, Elizabeth reforça que é necessário que os pais revertam suas expectativas em relação a eles. “É preciso que o adolescente se sinta à vontade para falar de suas frustrações e se sinta apoiado. Se ele tiver um espaço para dividir suas angústias e for escutado, tem um fator de proteção”.

Angela Bley, psicóloga coordenadora do instituto de psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, diz que o adolescente com autoestima baixa, sem vínculo familiar fortalecido é mais vulnerável a cair neste tipo de armadilha.

“O que tem diálogo em casa, não é criticado o tempo todo, tem autoestima melhor, tem risco menor. Deixe que ele fale sobre o jogo, o que sente, é um momento de diálogo entre a família”, ressaltou a especialista.

Angela reforça que muitas vezes o adolescente não tem capacidade de discernir sobre todo o conteúdo ao qual é exposto. “Por isso é importante o diálogo franco. Não pode fingir que esse tipo de coisa não existe porque ele sabe que existe.”

4. Adolescentes devem buscar aliados

O adolescente precisa buscar as pessoas em que confia para compartilhar seus anseios, seja no ambiente escolar ou familiar, segundo as especialistas. “Que ele não ceda às ameaças de quem já está em contato com o jogo e entenda que quem está a frente deles são manipuladores”, conta Elizabeth.

5. Escolas podem criar iniciativas pela vida

Assim como a família, as escolas podem ajudar a identificar situações de risco entre os alunos. “Não é qualquer criança que vai responder ao chamado de um jogo como esse, são os que têm situações de vulnerabilidade. A escola ajuda a construir laços e tem papel fundamental de perceber como os alunos se desenvolvem”, afirma Elizabeth.
Fonte: Agência Brasil e G1

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