24 de julho de 2017

Notaicia: PF investiga vazamento de informações sigilosas a Barata Filho

Investigadores querem saber quem vazou documento com relação de alvos da ação contra a cúpula dos transportes no Rio. Escutas revelam que Barata Filho comprou passagem só de ida para Portugal

A Polícia Federal (PF) investiga o vazamento de informações sigilosas sobre o empresário Jacob Barata Filho e outros dez acusados na Operação Ponto Final, que investiga esquema de pagamento de propinas por empresas de ônibus a políticos e agentes públicos do Rio. Policiais encontraram na mala de Jacob Filho, conhecido como “rei do ônibus” no Estado do Rio, a ordem judicial para a quebra do sigilo bancário dele e de outras dez pessoas. A informação foi revelada pelo programa Fantástico, da Rede Globo.

O Fantástico teve acesso com exclusividade a imagens dos bastidores da Operação Ponto Final, que prendeu a cúpula do sistema de transportes no Rio de Janeiro. Um vídeo de câmera de segurança do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), gravado em 2 de julho, revela o momento da descoberta do crime de obstrução de Justiça, segundo os investigadores.

Na mala do empresário Jacob Barata Filho, que havia acabado de ser preso, quando tentava embarcar para Portugal, agentes acharam um ofício que nunca poderia estar com ele: a ordem judicial para a quebra do sigilo bancário do empresário e de outras dez pessoas, denunciadas na ação contra um esquema na cúpula dos transportes do Rio.

Jacob Filho é um dos maiores empresários de transportes do Rio de Janeiro. Ele é acusado de fazer parte de uma organização criminosa que movimentou pelo menos R$ 260 milhões, num esquema para corromper agentes públicos e garantir contratos milionários com o governo do RJ.

A Polícia Federal investiga quem vazou as informações sigilosas.

“Essa fragilidade, essa ocorrência é muito grave em si, uma vez que permite que o investigado prematuramente saiba dessa sua condição de investigado e com isso pratique vários atos, não só procurando retirar seu patrimônio do alcance da lei, como também ele próprio ele também se evadir, então é um fato que nós reputamos como de extrema gravidade”, explicou o procurador, Leonardo Cardoso de Freitas, integrante da força-tarefa da Lava Jato no Rio.

Banco Central

Quando o Banco Central recebe uma ordem de quebra de sigilo bancário, imediatamente dispara um pedido de informações aos bancos – pedido destinado apenas a funcionários de alto escalão. Eles, então, são obrigados a comunicar à Justiça as movimentações bancárias dos investigados.

Depois de ser alertado de que era um dos alvos da operação, Jacob Barata Filho desistiu de uma viagem a Fortaleza, e comprou às pressas uma passagem para Portugal – só de ida, como revela escutas telefônica de conversas entre o empresário e sua secretária.

O empresário é sócio do Banco Guanabara, o que pode ter facilitado o acesso à investigação contra ele. É uma das hipóteses consideradas pela PF.

Em nota, o Banco Central informou que disponibiliza um sistema informatizado e protegido entre a Justiça e os bancos.

A defesa de Jacob Barata Filho nega as acusações e afirma que a ida a Portugal era apenas uma viagem de negócios.

Prisão antecipou operação

A prisão de Jacob antecipou a Operação Ponto Final. No dia seguinte, foi a vez de Rogério Onofre, ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro). A mulher dele, Daisy Neves, também foi presa ao tentar levantar com um doleiro US$ 1,8 milhão escondidos numa conta no exterior.

As investigações apontam que Onofre embolsou uma fortuna com esse esquema.

“Ele teria recebido aproximadamente R$ 40 milhões em propina, e no momento do sequestro havia pouco mais de R$ 200 na conta bancária, então um indicativo forte de que esse dinheiro teria sido movimentado para algum lugar que nós não encontrássemos”, explica o delegado Frederico Skora.

O Fantástico não conseguiu contato com a defesa de Rogério Onofre.

Na máfia, quem mais se beneficiou, segundo a polícia, foi o ex-governador Sérgio Cabral, que continua preso. Ele teria faturado R$ 122 milhões.

A defesa de Cabral afirmou que não houve pagamento vinculado ao aumento das tarifas de ônibus no Rio de Janeiro.
Esta semana a Justiça negou um pedido de habeas corpus para Jacob Filho.
Fonte: G1

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