Depois de uma reportagem do ‘Correio Braziliense’, o ministro Raul Jungmann aceitou a exoneração dos indicados, após desconforto na área de inteligência do Ministério da Defesa com a indicação dos dois policiais
Ficou insustentável, no Ministério da Defesa, a permanência do presidente do Instituto Pandiá Calógeras, Demétrio Carneiro da Cunha Oliveira. Ele entregou o cargo ao ministro Raul Jungmann, que aceitou. A exoneração, a pedido, deve ser publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias. Demétrio foi o responsável pela nomeação em cargos na pasta dos policiais civis Marcelo de Oliveira Lopes e Welber Lins de Albuquerque, que se envolveram na guerra entre a deputada Celina Leão (PPS) e o governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Reportagem do ‘Correio Braziliense’, publicada domingo (5), mostrou que houve um desconforto na área de inteligência do Ministério da Defesa com a indicação dos dois policiais. Marcelo Oliveira, conhecido como Marcelão, foi exonerado na última terça-feira (7), também a pedido. Da mesma forma, saiu ontem o ato de desligamento de Welber da função de assistente na área de controle interno do ministério. Os dois agentes estiveram no gabinete de Celina, em agosto do ano passado, para dar assistência à deputada no depoimento de Jefferson Rodrigues Filho, o homem que clonou o telefone de Rollemberg. A expectativa de Celina era de que o hacker tivesse munição contra o governador.
Marcelo e Welber acompanharam o depoimento para dar apoio à distrital. Ela disse ao Correio que tinha receio de ser vítima de extorsão. Os dois agentes estavam a postos para dar voz de prisão a Jefferson caso ele apresentasse alguma proposta a Celina. O episódio veio à tona a partir da divulgação, pelo Correio, de gravações feitas por escutas ambientais instaladas nos gabinetes de três deputados denunciados na Operação Drácon. Além de Celina, foram alvo da diligência, requerida pelo Ministério Público do DF, os deputados Cristiano Araújo (PSD) e Júlio César (PRB).
Confiança
A indicação dos dois policiais aos cargos no Ministério da Defesa se deu pela relação de amizade entre Marcelão e José Carneiro Neto, filho de Demétrio. Professor de administração na Universidade de Brasília (UnB), Carneiro também esteve no gabinete de Celina Leão, no período das escutas da Drácon. A repercussão do caso criou um mal-estar no Ministério da Defesa, a ponto de Jungmann aceitar o pedido de demissão de Demétrio, um assessor de confiança. Na Câmara dos Deputados, ele exercia a função de chefe de gabinete de Jungmann.
A relação de Marcelão e Celina criou um embate também com o diretor-geral da Polícia Civil do DF, Eric Seba. Em entrevistas publicadas pelo Correio nesta semana, Celina disse que Seba sabia da ida dos dois policiais a seu gabinete para o depoimento do hacker. O diretor-geral, por sua vez, afirmou que tomou conhecimento apenas depois que a assistência à distrital já havia ocorrido. Seba afirmou que Celina não adotou o procedimento adequado neste episódio.
Fonte: Correio Braziliense
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