Ela esclarece e complica um pouco mais: a descoberta da cabeça de um rei desconhecido envolve a misteriosa cidade Abel-Bete-Maacá, disputas geopolíticas e até a rainha Jezebel As ruínas da cidade de Abel Beth Maaca (Abel-Bete-Maacá), no norte de Israel, escondem mais mistérios do que supõe a vã filosofia de Shakespeare. Citada na Bíblia algumas inconclusivas vezes, ela ficava na fronteira entre três grandes reinos antigos, e é um dos lugares mais misteriosos do Antigo Testamento. Arqueólogos israelenses e norte-americanos estão há cinco anos investigando as ruínas, e a mais recente descoberta está dando o que falar: trouxe avanços, mas também vários novos enigmas.
A novidade é um busto pequenininho, de cinco centímetros, que foi encontrado no topo de um prédio administrativo da antiga cidade. A cabeça mostra um homem de barba, com cabelos negros puxados para trás em grossas tranças que cobrem as orelhas. Tudo está perfeitamente alinhado com o que parece ser um diadema de ouro. A estátua é cheia de detalhes. De acordo com um comunicado oficial da Azuza Pacific University, responsável pela descoberta, os olhos e pupilas amendoados são forrados de preto e os lábios franzidos dão uma aparência meio séria, meio pensativa ao homem — não está bravo, mas também não está feliz.
A estátua é feita de faiança, material semelhante ao vidro que era popular em jóias e pequenas figuras humanas no antigo Egito e no Oriente. Pelo local onde foi encontrado e pelo cuidado com que foi retratado, certamente é a figura de um nobre, provavelmente um rei. Marcações com carbono 14 apontam que a imagem foi esculpida em algum momento do século 9 a.C. Os arqueólogos não perderam tempo, e o busto já está exposto no Museu de Israel, rotulado apenas como “cabeça de uma estátua representando um rei”.
Ok, mas o que essa cabecinha significa e como ela cria ainda mais enigmas sobre a Bíblia? E a pergunta mais óbvia: quem era esse rei?
Para tentar esclarecer isso, comecemos pela cidade de Abel-Bete-Maacá. Situada entre o reino de Aram-Damasco, a leste; a cidade fenícia de Tiro, a oeste; e o reino de Israel, com capital em Samaria, ao sul; ela é tida como uma “encruzilhada fortificada” — por conta de seus grandes muros. Talvez abrigasse um famoso oráculo (não tão brilhante quanto o Senhor de Todas as Respostas, claro). Pouco se registrou sobre o lugar, e a passagem bíblica mais famosa faz referência e uma “mulher sábia” e a um fugitivo do Rei Davi. Segundo o livro de Samuel, um bandido procurado fugiu para Abel-Bete-Maacá. Davi, soberano de Israel, e suas tropas queriam colocar os muros da cidade abaixo para invadir. Foi quando uma mulher misteriosa interferiu e argumentou: “Por que você quer engolir a herança do Senhor?”. Os soldados disseram que só queriam o X9. Ela ordenou que cortassem-lhe a cabeça e jogassem por cima do muro. Assim feito, as tropas de Davi deixaram a cidade em paz.
Mas, se a datação estiver certa, nosso reizinho só apareceu no lugar um século depois do episódio. Nesse período, o reino de Israel tinha se dividido em dois, e a cidade de Abel-Bete-Maacá estava no meio de uma complicada disputa de poder geopolítico entre seus vizinhos. O rei misterioso talvez fosse alguém bem importante perante isso tudo. Ainda mais porque na Idade do Ferro, época em que o busto foi esculpido, pouquíssima arte figurativa foi produzida. O pouco que existe é de baixíssima qualidade, e nosso rei é de um primor não antes visto pelos pesquisadores. Os cientistas acreditam que Abel-Bete-Maacá teve diversos líderes ao longo do século 9, e esse pode ser um deles.
As melhores hipóteses para a identidade secreta da estátua são: os reis Ben Hadad ou Hazael, de Aram-Damasco; os reis Acabe ou Jeú, de Israel; ou o rei Etbaal, de Tiro — todos personagens conhecidos da Bíblia. E as suposições a partir disso são o mais legal: o jornal Washington Post notou que duas dessas possibilidades (Acabe e Etbaal) ligam o retratado à polêmica rainha Jezebel.
Se você não faz ideia de quem seja a moça (e a única Jezebel que conhece é a vilã da novela Chocolate com Pimenta), fica calmo que eu explico: Jezebel era uma princesa fenícia, filha do rei Etbaal, que se casou com o rei Acabe, de Israel. Na Bíblia, ela é descrita como dominadora e forte, tanto que se auto denominava porta-voz de deus. Mas aí que está o problema: não do Deus de Israel, e sim dos deuses fenícios. Ela não só pregou religiões consideradas pagãs como perseguiu os adoradores da religião israelita. Sim, fez isso ocupando o cargo de rainha de Israel. No fim, óbvio, não deu pra ela: reza a lenda que a rainha acabou sendo jogada para fora de uma janela, pisada por cavalos e comida por cães. Seu nome, ainda hoje, é associado a imoralidade e traição.
Mas historicamente, Jezabel pode ter sido injustamente difamada. Querendo ou não, ela foi uma rainha poderosa que uniu as famílias de dois reinos vizinhos. Descobrir quem é o rei misterioso pode fornecer informações valiosas sobre essa polêmica figura.
Com mais enigmas que respostas, os arqueólogos planejam voltar ao local exato onde o reizinho foi descoberto. Quem sabe encontram o corpo de uma estátua de 3 mil anos com mais algumas dicas sobre quem esse misterioso homem realmente foi.
Fonte: SUPER
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