Tiago 1.22
E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos”.
E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos”.
Verdade Aplicada
Não é suficiente ouvir e conhecer a Palavra de Deus, é preciso praticá-la em todas as áreas da vida.
Objetivos da Lição
Enfatizar que Deus se comunica com o homem através da Sua Palavra;
Ressaltar nossa relação com a Palavra de Deus como medida da nossa relação com Deus;
Mostrar que devemos ter disposição em praticar a Palavra de Deus.
Glossário
Infalível: Impecável, perfeito;
Interpolações: Introduzir palavras ou frases em texto, a fim de alterar, completar ou esclarecer seu sentido;
Relevância: De grande importância e interesse num contexto; pertinente; que se destaca ou se sobressai.
Leituras complementares
Terça Mt 7.24-27
Quarta Mt 12.46-50
Quinta Mt 22.23-29
Sexta Lc 11.27-28
Sábado Jo 8.30-37
Textos de Referência.
Tiago 1.21-25
21 Pelo que, rejeitando toda imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas.
22 E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.
23 Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural;
24 Porque se contempla a si mesmo, e se foi, e logo se esqueceu de como era.
25 Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.
Hinos sugeridos
Harpa cristã: 30621 Pelo que, rejeitando toda imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas.
22 E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.
23 Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural;
24 Porque se contempla a si mesmo, e se foi, e logo se esqueceu de como era.
25 Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.
Hinos sugeridos
Harpa cristã: 322
Harpa cristã: 505
Motivo de Oração
Ore ao Senhor para que dê sabedoria aos cristãos para discernir e praticar as Escrituras.
Esboço da Lição
1. Deus se comunica com a humanidade.
2. A medida da nossa relação com Deus.
3. Atitudes para com a Palavra de Deus.
Introdução
A Bíblia é a Palavra de Deus, única regra de fé para a vida e o caráter do discípulo de Cristo. Como temos nos relacionado com a Palavra de Deus? Somos ouvintes e leitores esquecidos ou praticantes?
1. Deus se comunica com a humanidade.
Desde o princípio, o Senhor Deus decidiu falar com o ser humano, instruindo-o sobre como deveria viver no mundo criado por Ele e estabelecendo limites (Gn 1.26, 28; 2.16-17). É nítido na Bíblia que o Deus que criou continuou se comunicando com as pessoas, mesmo depois do pecado (Gn 3.8-9; 4.5-7).
1.1. O Deus criador se revelou.
Nesta lição nos deteremos na comunicação de Deus por intermédio de palavras, sejam orais ou escritas, considerando que, ao longo da história da humanidade, o Criador tem falado em várias ocasiões e de muitas maneiras (Hb 1.1). As obras da criação revelam a existência, a glória e o poder de Deus (Sl 19.1-40). A importância de refletirmos na comunicação de Deus conosco fica clara quando meditamos em alguns textos bíblicos acerca de Deus: Ele é Espírito (Jo 4.24); ninguém jamais viu a Deus (Jo 1.18); Ele é totalmente distinto de Sua criação (Is 40.18-23, 25-26) e diferente do homem (Sl 50.21).
Se Deus não se revelasse, o homem não poderia conhece-Lo por seu próprios meios (Rm 1.19-20). Diante da transcendência, grandeza e eternidade de Deus, precisamos da Sua revelação para conhece-Lo e nos relacionarmos com Ele (Jr 9.23-24).
1.2. A necessidade da revelação.
Por causa da realidade da natureza humana pecaminosa, todo o nosso ser é afetado (inclusive mente e coração), porém Deus, por Seu grande amor, age para que sejamos restaurados e possamos conhecer o que Ele tem revelado (Jr 24.7; 1Co 2.10-16). No entanto, há mistérios de Deus que estão além da capacidade humana de entender (Rm 11.33-36). Contudo, o que nos foi revelado, podemos e devemos ter interesse em conhecer e atentar (Dt 29.29). Interessante notar que este texto enfatiza a revelação e o propósito: “para cumprirmos”.
Desde Gênesis, aprendemos que não devemos nos deter nos mistérios divinos ainda não revelados a tal ponto que deixemos de cumprir e seguir o que já sabemos (Gn 3.5). Deus providenciou para que o revelado a nós fosse preservado escrevendo e ordenando o registro, a fim de contribuir para lembrança, transmissão e ensino às futuras gerações (Êx 17.14; 24.4, 12; 32.15-16; 34.2, 27-28). Ficando assim demonstrado que Deus espera do Seu povo a devida atenção quanto ao que foi revelado.
1.3. A relevância da revelação.
Os professores e escritores Gordon D. Fee e Douglas Stuart assim escreveram sobre a natureza da Escritura: “Porque a Bíblia é a Palavra de Deus, tem relevância eterna; fala para toda a humanidade em todas as eras e em todas as culturas. Porque é a Palavra de Deus, devemos escutar – e obedecer”. O próprio Senhor Jesus autenticou a revelação escrita de Deus, constante no Antigo Testamento, como Palavra de Deus (Mt 22.31-32; Mc 10.6; Lc21.22; 24-27, 32), indicando, assim, que era referencial para o Seu ministério e em assuntos de fé e conduta de Seus discípulos.
Sem a fundamentação na comunicação de Deus pela Sua palavra ficamos à mercê de modismos, percepções humanas, correndo o risco de sermos levados pelos ventos das invenções da intelectualidade decaída do homem. Como bem disse o Dr. Martyn Lloyde-Jones: “Ou eu me submeto à autoridade das Escrituras, ou então estou num Pântano onde não há pé”.
2. A medida da nossa relação com Deus.
A relevância da Palavra de Deus como medida da nossa comunhão com Deus pode ser atestada em dois textos da Bíblia bastante significativos, por encontrarem-se nos extremos do Livro Sagrado: Gênesis e Apocalipse.
2.1. A Palavra de Deus é completa.
Em Gênesis 3 encontramos a investida do inimigo para levar o primeiro casal a pecar. Ele iniciou justamente com um comentário, tentando distorcer e levantar dúvidas na mente da mulher quanto ao que Deus disse (Gn 3.1). O tentador, assim, procurou semear a falsa ideia de que a Palavra de Deus está sujeita ao julgamento humano. Interessante, agora, notarmos que a última exortação bíblica se refere à nossa relação com a Palavra de Deus (Ap 22.18-19). Em nossa relação com a Palavra de Deus não há espaço para produzirmos alterações ou edições, para inserirmos interpolações das nossas próprias ideias (Dt 4.2; 12.32). Em Gênesis, Eva acrescentou (3.3) e a serpente removeu (3.4).
Evidente que nossa relação com as Escrituras deve ir além do conhecimento meramente intelectual. É preciso acrescentar fé e um coração humilde e sincero. Um exemplo desta situação encontramos no diálogo dos saduceus (um dos partidos no tempo de Jesus que dominava a vida política dos judeus) com Jesus, acerca da ressurreição. Eles imaginavam que a crença na ressurreição se limitava à vida terrena. Eles tinham o Pentateuco, criam que era inspirado por Deus e até citaram a Escritura para Jesus (Dt 25.5-6). Porém, ao iniciar Sua resposta, Jesus diz que o erro deles era resultado de não conhecerem as Escrituras e nem o poder de Deus (Mt 22.29). Howard Hendricks, professor de Bíblia e Hermenêutica, escritor e pastor, escreveu: “Muitos de nós queremos uma palavra de Deus, mas não queremos a Palavra de Deus. Sabemos o bastante para possuirmos uma Bíblia, mas não o bastante para deixarmos que ela nos possua”.
2.2. Jesus Cristo é a Palavra.
A Palavra de Deus precisa fazer parte da nossa relação com Deus. Certa ocasião muitos judeus creram em Jesus. Então, quando manifestaram esta crença, o Senhor Jesus falou sobre a necessidade de eles permanecerem na Palavra de Jesus e de serem libertos (Jo 8.30-32). Porém, apesar de anteriormente terem crido nEle, não aceitaram a Palavra dEle. Jesus disse que a Palavra tinha que entrar neles (Jo 8.37). O Senhor Jesus falou que eles examinavam as Escrituras porque criam que nelas teriam a vida eterna, no entanto continuavam sem vida por terem rejeitado Aquele do qual as Escrituras testificavam (Jo 5.38-40).
Em um caso os judeus creram em Jesus, mas não creram nas Palavras de Jesus. Em outra situação os judeus creram nas Escrituras, mas não creram em Jesus. Dependemos da Palavra de Deus e do Espírito Santo para nos guiar em nossa comunhão com Deus. É preocupante quando uma pessoa diz ser discípulo de Jesus e não se interessa em ler, ouvir, meditar e aprender a Palavra de Deus. O que está guiando essa pessoa em sua relação com Deus? Seus pensamentos, intuições ou sentimentos?
2.3. A ação da Palavra no discípulo.
Jesus Cristo afirmou que aquele que tem comunhão com Deus escuta (ouve com atenção; valoriza; procura obedecer) as palavras de Deus (Jo 8.47). O apóstolo Paulo atestou que os efésios estavam em Cristo, pois antes eles tinham conhecido a palavra da verdade, ou seja, o Evangelho da salvação que lhes foi anunciado (Ef 1.13). A própria fé em Cristo para salvação é produzida a partir da Palavra de Deus (Rm 10.14-17). Interessante que Paulo cita uma profecia de Isaías para argumentar que alguns não são salvos não por desconhecerem a Palavra de Deus, mas por não acolherem a Palavra (Rm 10.16-19).
A reação às boas novas determina como será a comunhão com Deus. Assim escreveu John Stott acerca da importância da Bíblia: “Deus não nos deixou tateando às cegas na escuridão, mas deu-nos uma luz para indicar o caminho. Ele não nos abandonou debatendo-nos em mares revoltos; a Escritura é uma rocha na qual encontramos chão e firmeza. Nossa resolução deveria ser estuda-la, crer nela e obedecê-la”.
3. Atitudes para com a Palavra de Deus.
Jesus Cristo, em seus últimos momentos com Seus discípulos, antes da crucificação, já preparando os Seus discípulos quanto ao Seu retorno ao céu, admoesta-os quanto à necessidade de integrar conhecimento e prática (Jo 13.17). Não é apenas conhecimento. Não é apenas ouvir (Tg 1.22). Interessante neste texto da epístola de Tiago que o praticante e o não praticante ouviram a Palavra de Deus. No entanto, o que ouve e não pratica está enganando e iludindo a si próprio.
3.1. Conhecer e praticar.
Jesus relatou acerca de dois homens que ouviram as Suas palavras. Cada um construiu uma casa, sendo que um edificou sobre a rocha e outro edificou sobre a areia. Vindo a chuva, os ventos e o combate das águas contra as casas, a que estava sobre a rocha permaneceu e a que estava sobre a areia caiu. O Senhor fez então a comparação: quem ouve e pratica, edifica sobre a rocha; aquele que ouve e não pratica, edifica sobre a areia (Mt 7.24-25). O Pr Emerson da Silva, comentando acerca da obediência proposital à Palavra de Deus, escreveu: “Todo obediente ouve a Palavra, mas nem todo ouvinte obedece”.
Notemos a sequência registrada por Tiago: rejeitando – recebei – cumpridores (Tg 1.21-22). É necessário deixar tudo que possa sufocar a Palavra de Deus e recebe-la. Interessante que a palavra “mansidão”, transmite a ideia de “não resistência”; “submissão a Deus”, como resultado de uma firme confiança em Deus. Tal atitude deve conduzir-nos à prática da Palavra recebida. Atitudes e comportamentos coerentes com a Palavra de Deus resultando em bem-aventurança do discípulo de Cristo em todas as áreas de sua vida (Tg 1.25-27).
3.2. Disposição em praticar.
Se declaramos e cremos que a Palavra de Deus é a verdade e a revelação da vontade de Deus para nós, então a disposição em praticá-la deve preceder o conhecimento da mesma. Ou seja, o discípulo de Cristo precisa ir à Palavra com fé e disposição de obedecê-la. Encontramos esse princípio no Antigo Testamento, quando Deus falou por intermédio do profeta Isaías que o povo se aproximava dEle apenas com palavras, mas sem atitude e com o coração distante (Is 29.10-13). No Novo Testamento, quando estava falando com os judeus que questionavam a validade de Seus ensinamentos, Jesus respondeu dizendo que aquele que estivesse disposto a cumprir a vontade de Deus, iria saber ou conhecer acerca da doutrina de Deus (Jo 7.17).
É preciso “desejar fazer”. É um verbo que no grego indica “ação continuada ou repetida”. Há pessoas que decidem não cumprir a Palavra, mas, sim, o que imaginam ser melhor para elas. Ou seja, não estão dispostas a submeter seus planos e projetos ao crivo da Palavra. Procuram a Palavra apenas para buscar respaldo para suas atitudes independentes. Porém, há um alerta bíblico de que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal (2Pe 1.20). Um exemplo de decidir antes de conhecer o que diz a Palavra de Deus é Ismael e o povo que estava com ele no tempo de Jeremias, após a invasão e destruição de Jerusalém pela Babilônia (Jr 41.17; 42.1-6; 43.2-4). Eles foram ao profeta Jeremias para conhecer a Palavra de Deus acerca do caminho que deveriam seguir. Porém, quando a mensagem de Deus foi contrário à decisão que já haviam tomado (Jr 41.17), rejeitaram a Palavra de Deus.
3.3. Conhecimento, decisão e atitude.
O apóstolo Paulo afirma que “vira tempo” em que as pessoas não valorizar o verdadeiro ensinamento da Palavra de Deus, mas procurarão ouvir aquilo que está de acordo com seus pensamentos, suas vontades e conclusões pessoais (2Tm 4.3-4). Será que estamos vivendo este tempo? O discípulo de Cristo não deve buscar nas Escrituras apoio para sua decisão, mas busca-la para decidir e agir a partir do que Deus revelou em Sua Palavra (Sl 119.9, 11, 105). Também é possível decidir e agir, e, somente depois, procurar conhecer a vontade de Deus (1Cr 13.12).
Certa ocasião, o rei Davi perguntou como ele deveria conduzir a arca de Deus até Jerusalém (1Cr 13.12). Porém, ele somente buscou conhecer a maneira correta, após tentar agir fora das orientações de Deus e ter como resultado o fracasso, como registrado no mesmo capítulo. Mas, também, é um exemplo de arrependimento e humildade. Pois, tendo fracassado, não se afastou do Senhor, mas procurou, na palavra de Deus, as diretrizes para conduzir a arca. Ele reconheceu que é preciso decidir e agir a partir da Palavra de Deus para ser bem-sucedido.
Conclusão.
Que Deus nos conceda a bênção de sermos cheios do conhecimento da Sua vontade, com sabedoria e inteligência espiritual, a fim de que tenhamos um viver digno, agradando ao Senhor, sendo frutíferos e crescendo no conhecimento do Senhor, conforme exposto em Jeremias 9.24.
Questionário.
Esboço da Lição
1. Deus se comunica com a humanidade.
2. A medida da nossa relação com Deus.
3. Atitudes para com a Palavra de Deus.
A Bíblia é a Palavra de Deus, única regra de fé para a vida e o caráter do discípulo de Cristo. Como temos nos relacionado com a Palavra de Deus? Somos ouvintes e leitores esquecidos ou praticantes?
Desde o princípio, o Senhor Deus decidiu falar com o ser humano, instruindo-o sobre como deveria viver no mundo criado por Ele e estabelecendo limites (Gn 1.26, 28; 2.16-17). É nítido na Bíblia que o Deus que criou continuou se comunicando com as pessoas, mesmo depois do pecado (Gn 3.8-9; 4.5-7).
Nesta lição nos deteremos na comunicação de Deus por intermédio de palavras, sejam orais ou escritas, considerando que, ao longo da história da humanidade, o Criador tem falado em várias ocasiões e de muitas maneiras (Hb 1.1). As obras da criação revelam a existência, a glória e o poder de Deus (Sl 19.1-40). A importância de refletirmos na comunicação de Deus conosco fica clara quando meditamos em alguns textos bíblicos acerca de Deus: Ele é Espírito (Jo 4.24); ninguém jamais viu a Deus (Jo 1.18); Ele é totalmente distinto de Sua criação (Is 40.18-23, 25-26) e diferente do homem (Sl 50.21).
Se Deus não se revelasse, o homem não poderia conhece-Lo por seu próprios meios (Rm 1.19-20). Diante da transcendência, grandeza e eternidade de Deus, precisamos da Sua revelação para conhece-Lo e nos relacionarmos com Ele (Jr 9.23-24).
Por causa da realidade da natureza humana pecaminosa, todo o nosso ser é afetado (inclusive mente e coração), porém Deus, por Seu grande amor, age para que sejamos restaurados e possamos conhecer o que Ele tem revelado (Jr 24.7; 1Co 2.10-16). No entanto, há mistérios de Deus que estão além da capacidade humana de entender (Rm 11.33-36). Contudo, o que nos foi revelado, podemos e devemos ter interesse em conhecer e atentar (Dt 29.29). Interessante notar que este texto enfatiza a revelação e o propósito: “para cumprirmos”.
Desde Gênesis, aprendemos que não devemos nos deter nos mistérios divinos ainda não revelados a tal ponto que deixemos de cumprir e seguir o que já sabemos (Gn 3.5). Deus providenciou para que o revelado a nós fosse preservado escrevendo e ordenando o registro, a fim de contribuir para lembrança, transmissão e ensino às futuras gerações (Êx 17.14; 24.4, 12; 32.15-16; 34.2, 27-28). Ficando assim demonstrado que Deus espera do Seu povo a devida atenção quanto ao que foi revelado.
Os professores e escritores Gordon D. Fee e Douglas Stuart assim escreveram sobre a natureza da Escritura: “Porque a Bíblia é a Palavra de Deus, tem relevância eterna; fala para toda a humanidade em todas as eras e em todas as culturas. Porque é a Palavra de Deus, devemos escutar – e obedecer”. O próprio Senhor Jesus autenticou a revelação escrita de Deus, constante no Antigo Testamento, como Palavra de Deus (Mt 22.31-32; Mc 10.6; Lc21.22; 24-27, 32), indicando, assim, que era referencial para o Seu ministério e em assuntos de fé e conduta de Seus discípulos.
Sem a fundamentação na comunicação de Deus pela Sua palavra ficamos à mercê de modismos, percepções humanas, correndo o risco de sermos levados pelos ventos das invenções da intelectualidade decaída do homem. Como bem disse o Dr. Martyn Lloyde-Jones: “Ou eu me submeto à autoridade das Escrituras, ou então estou num Pântano onde não há pé”.
A relevância da Palavra de Deus como medida da nossa comunhão com Deus pode ser atestada em dois textos da Bíblia bastante significativos, por encontrarem-se nos extremos do Livro Sagrado: Gênesis e Apocalipse.
Em Gênesis 3 encontramos a investida do inimigo para levar o primeiro casal a pecar. Ele iniciou justamente com um comentário, tentando distorcer e levantar dúvidas na mente da mulher quanto ao que Deus disse (Gn 3.1). O tentador, assim, procurou semear a falsa ideia de que a Palavra de Deus está sujeita ao julgamento humano. Interessante, agora, notarmos que a última exortação bíblica se refere à nossa relação com a Palavra de Deus (Ap 22.18-19). Em nossa relação com a Palavra de Deus não há espaço para produzirmos alterações ou edições, para inserirmos interpolações das nossas próprias ideias (Dt 4.2; 12.32). Em Gênesis, Eva acrescentou (3.3) e a serpente removeu (3.4).
Evidente que nossa relação com as Escrituras deve ir além do conhecimento meramente intelectual. É preciso acrescentar fé e um coração humilde e sincero. Um exemplo desta situação encontramos no diálogo dos saduceus (um dos partidos no tempo de Jesus que dominava a vida política dos judeus) com Jesus, acerca da ressurreição. Eles imaginavam que a crença na ressurreição se limitava à vida terrena. Eles tinham o Pentateuco, criam que era inspirado por Deus e até citaram a Escritura para Jesus (Dt 25.5-6). Porém, ao iniciar Sua resposta, Jesus diz que o erro deles era resultado de não conhecerem as Escrituras e nem o poder de Deus (Mt 22.29). Howard Hendricks, professor de Bíblia e Hermenêutica, escritor e pastor, escreveu: “Muitos de nós queremos uma palavra de Deus, mas não queremos a Palavra de Deus. Sabemos o bastante para possuirmos uma Bíblia, mas não o bastante para deixarmos que ela nos possua”.
A Palavra de Deus precisa fazer parte da nossa relação com Deus. Certa ocasião muitos judeus creram em Jesus. Então, quando manifestaram esta crença, o Senhor Jesus falou sobre a necessidade de eles permanecerem na Palavra de Jesus e de serem libertos (Jo 8.30-32). Porém, apesar de anteriormente terem crido nEle, não aceitaram a Palavra dEle. Jesus disse que a Palavra tinha que entrar neles (Jo 8.37). O Senhor Jesus falou que eles examinavam as Escrituras porque criam que nelas teriam a vida eterna, no entanto continuavam sem vida por terem rejeitado Aquele do qual as Escrituras testificavam (Jo 5.38-40).
Em um caso os judeus creram em Jesus, mas não creram nas Palavras de Jesus. Em outra situação os judeus creram nas Escrituras, mas não creram em Jesus. Dependemos da Palavra de Deus e do Espírito Santo para nos guiar em nossa comunhão com Deus. É preocupante quando uma pessoa diz ser discípulo de Jesus e não se interessa em ler, ouvir, meditar e aprender a Palavra de Deus. O que está guiando essa pessoa em sua relação com Deus? Seus pensamentos, intuições ou sentimentos?
Jesus Cristo afirmou que aquele que tem comunhão com Deus escuta (ouve com atenção; valoriza; procura obedecer) as palavras de Deus (Jo 8.47). O apóstolo Paulo atestou que os efésios estavam em Cristo, pois antes eles tinham conhecido a palavra da verdade, ou seja, o Evangelho da salvação que lhes foi anunciado (Ef 1.13). A própria fé em Cristo para salvação é produzida a partir da Palavra de Deus (Rm 10.14-17). Interessante que Paulo cita uma profecia de Isaías para argumentar que alguns não são salvos não por desconhecerem a Palavra de Deus, mas por não acolherem a Palavra (Rm 10.16-19).
A reação às boas novas determina como será a comunhão com Deus. Assim escreveu John Stott acerca da importância da Bíblia: “Deus não nos deixou tateando às cegas na escuridão, mas deu-nos uma luz para indicar o caminho. Ele não nos abandonou debatendo-nos em mares revoltos; a Escritura é uma rocha na qual encontramos chão e firmeza. Nossa resolução deveria ser estuda-la, crer nela e obedecê-la”.
Jesus Cristo, em seus últimos momentos com Seus discípulos, antes da crucificação, já preparando os Seus discípulos quanto ao Seu retorno ao céu, admoesta-os quanto à necessidade de integrar conhecimento e prática (Jo 13.17). Não é apenas conhecimento. Não é apenas ouvir (Tg 1.22). Interessante neste texto da epístola de Tiago que o praticante e o não praticante ouviram a Palavra de Deus. No entanto, o que ouve e não pratica está enganando e iludindo a si próprio.
Jesus relatou acerca de dois homens que ouviram as Suas palavras. Cada um construiu uma casa, sendo que um edificou sobre a rocha e outro edificou sobre a areia. Vindo a chuva, os ventos e o combate das águas contra as casas, a que estava sobre a rocha permaneceu e a que estava sobre a areia caiu. O Senhor fez então a comparação: quem ouve e pratica, edifica sobre a rocha; aquele que ouve e não pratica, edifica sobre a areia (Mt 7.24-25). O Pr Emerson da Silva, comentando acerca da obediência proposital à Palavra de Deus, escreveu: “Todo obediente ouve a Palavra, mas nem todo ouvinte obedece”.
Notemos a sequência registrada por Tiago: rejeitando – recebei – cumpridores (Tg 1.21-22). É necessário deixar tudo que possa sufocar a Palavra de Deus e recebe-la. Interessante que a palavra “mansidão”, transmite a ideia de “não resistência”; “submissão a Deus”, como resultado de uma firme confiança em Deus. Tal atitude deve conduzir-nos à prática da Palavra recebida. Atitudes e comportamentos coerentes com a Palavra de Deus resultando em bem-aventurança do discípulo de Cristo em todas as áreas de sua vida (Tg 1.25-27).
Se declaramos e cremos que a Palavra de Deus é a verdade e a revelação da vontade de Deus para nós, então a disposição em praticá-la deve preceder o conhecimento da mesma. Ou seja, o discípulo de Cristo precisa ir à Palavra com fé e disposição de obedecê-la. Encontramos esse princípio no Antigo Testamento, quando Deus falou por intermédio do profeta Isaías que o povo se aproximava dEle apenas com palavras, mas sem atitude e com o coração distante (Is 29.10-13). No Novo Testamento, quando estava falando com os judeus que questionavam a validade de Seus ensinamentos, Jesus respondeu dizendo que aquele que estivesse disposto a cumprir a vontade de Deus, iria saber ou conhecer acerca da doutrina de Deus (Jo 7.17).
É preciso “desejar fazer”. É um verbo que no grego indica “ação continuada ou repetida”. Há pessoas que decidem não cumprir a Palavra, mas, sim, o que imaginam ser melhor para elas. Ou seja, não estão dispostas a submeter seus planos e projetos ao crivo da Palavra. Procuram a Palavra apenas para buscar respaldo para suas atitudes independentes. Porém, há um alerta bíblico de que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal (2Pe 1.20). Um exemplo de decidir antes de conhecer o que diz a Palavra de Deus é Ismael e o povo que estava com ele no tempo de Jeremias, após a invasão e destruição de Jerusalém pela Babilônia (Jr 41.17; 42.1-6; 43.2-4). Eles foram ao profeta Jeremias para conhecer a Palavra de Deus acerca do caminho que deveriam seguir. Porém, quando a mensagem de Deus foi contrário à decisão que já haviam tomado (Jr 41.17), rejeitaram a Palavra de Deus.
O apóstolo Paulo afirma que “vira tempo” em que as pessoas não valorizar o verdadeiro ensinamento da Palavra de Deus, mas procurarão ouvir aquilo que está de acordo com seus pensamentos, suas vontades e conclusões pessoais (2Tm 4.3-4). Será que estamos vivendo este tempo? O discípulo de Cristo não deve buscar nas Escrituras apoio para sua decisão, mas busca-la para decidir e agir a partir do que Deus revelou em Sua Palavra (Sl 119.9, 11, 105). Também é possível decidir e agir, e, somente depois, procurar conhecer a vontade de Deus (1Cr 13.12).
Certa ocasião, o rei Davi perguntou como ele deveria conduzir a arca de Deus até Jerusalém (1Cr 13.12). Porém, ele somente buscou conhecer a maneira correta, após tentar agir fora das orientações de Deus e ter como resultado o fracasso, como registrado no mesmo capítulo. Mas, também, é um exemplo de arrependimento e humildade. Pois, tendo fracassado, não se afastou do Senhor, mas procurou, na palavra de Deus, as diretrizes para conduzir a arca. Ele reconheceu que é preciso decidir e agir a partir da Palavra de Deus para ser bem-sucedido.
Conclusão.
Que Deus nos conceda a bênção de sermos cheios do conhecimento da Sua vontade, com sabedoria e inteligência espiritual, a fim de que tenhamos um viver digno, agradando ao Senhor, sendo frutíferos e crescendo no conhecimento do Senhor, conforme exposto em Jeremias 9.24.
Questionário.
R: A existência, a glória e o poder de Deus (Sl 19.1-4).
2. O que encontramos em Gênesis 3?
R: A investida do inimigo para levar o primeiro casal a pecar (Gn3).
3. O que precisa fazer parte da nossa relação com Deus?
R: A Palavra de Deus (Jo 8.30-32).
4. O que faz aquele que tem comunhão com Deus?
R: Escuta as palavras de Deus (Jo 8.47).
5. O que está fazendo aquele que ouve e não pratica a Palavra de Deus?
R: Está enganando e iludindo a si próprio (Tg 1.22).
Lição 12 – Nossas atitudes diante da Palavra de Deus
Slides: Lição 12 – Nossas atitudes diante da Palavra de Deus
Pré - aula: Lição 12 – Nossas atitudes diante da Palavra de Deus
Revista Betel Dominical: 2º Trimestre de 2018 - Tema: Aperfeiçoamento Cristão - Propósito de Deus para o discípulo de Cristo: Adultos
através deste site.Almeida Revista eAtualizada
Bíblia Nova Tradução na Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil. através deste site.
BÍBLIA ONLINE
Aperfeiçoamento Cristão – Propósito de Deus para o discípulo de Cristo. Adultos, edição do professor, Comentarista Pastor Marcos Sant’Anna da Silva 2º trimestre de 2018, ano 28, Nº 107, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.
Fonte: Das imagens acima- www.revista ebd.com
Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel.
► Lições Bíblicas: 1º Trimestre 2018
► Lições Bíblicas: 2º Trimestre 2018
► Lições Bíblicas: 3º Trimestre 2018
Fonte: Das imagens acima- www.revista ebd.com
Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel.
► Lições Bíblicas: 1º Trimestre 2018
► Lições Bíblicas: 2º Trimestre 2018
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