E pestes. Mateus 24:7
A Organização Mundial da Saúde (OMS) revisou sua lista de doenças prioritárias, como faz periodicamente desde 2015. São doenças que, pela falta de remédios e vacinas para combatê-las, têm potencial de se tornarem epidemias e que serão focadas pelos esforços de pesquisas da organização.
O Plano de Ação 2018 P&D trata das estratégias e planos de contingência para fazer frente à ameaça que representam uma série de enfermidades. O documento identifica dez delas e uma "hipótese" como um risco global.
O vírus mortal Nipah, que tem recentemente causado alarde na Índia, foi incluído na lista. E o vírus Zika, que afeta o Brasil, continua entre as principais preocupações da OMS.
Vírus Nipah
O vírus Nipah se espalha a partir de morcegos frugíferos. A vítima contrai a doença ao comer frutas que tiveram contato com os morcegos ou outros animais que tenham se contaminado assim.
Os sintomas incluem febre, vômito e dores de cabeça, seguidos por inflamação do cérebro.
Não há vacinas disponíveis para humanos ou animais e a mortalidade chega a 70%.
O vírus recebeu o nome de Nipah em referência à cidade rural de Nipah, na Malásia, onde ele foi identificado pela primeira vez em 1998.
Os primeiros contaminados foram porcos. Mas quase 300 pessoas contraíram a doença a partir do contato com esses animais, sendo que mais de 100 acabaram morrendo.
Vírus Hendra
O vírus Hendra, assim como o Nipah, faz parte da família das chamadas "doenças henipavirais", que têm os morcegos como principais vetores.
O Hendra foi identificado pela primeira vez na Austrália.
Ele surge em morcegos que comem frutas e pode ser fatal se infectar cavalos e seres humanos. O primeiro registro da doença foi em 1994, num estábulo de Hendra, no subúrbio da cidade de Brisbane, na Austrália.
Desde então, esse vírus causou a morte de mais de 70 cavalos. Quatro das sete pessoas que contraíram a doença morreram.
Febre hemorrágica da Crimeia-Congo
O vírus causador desta doença provoca surtos graves de febre hemorrágica, com uma taxa de mortalidade de até 40% dos infectados. É uma enfermidade endêmica na África, na zona europeia dos Balcãs, no Oriente Médio e da Ásia.
Os principais vetores de transmissão ao ser humano são o gado e os carrapatos. Entre humanos, é possível o contágio pelo contato com sangue e outros líquidos corporais dos infectados. Não há vacina para pessoas ou animais.
Vírus ebola
A doença causada pelo ebola é grave e, com frequência, mortal. Ela já gerou diversos alertas sanitários globais - sua taxa de mortalidade gira em torno de 50%.
Os primeiros surtos foram registrados em vilarejos remotos da selva da África Central e Ocidental. O tratamento precoce, combatendo a desidratação do paciente, tem aumentado o número de sobreviventes, mas ela ainda segue como uma grave ameaça.
A higiene e a segurança na forma de enterrar os mortos é a melhor maneira de prevenir contágios em massa, como os que produziram o surto de 2014-2016.
Vírus de Marburg
Gera uma doença grave, frequentemente mortal. Uma espécie de morcego atua como seu hospedeiro e o transmite para as pessoas, que podem se contagiar entre si.
Os infectados desenvolvem uma febre hemorrágica grave, que tem uma taxa de mortalidade de 50%. Muitos dos sintomas são indistinguíveis do ebola.
A doença de Marburg deve seu nome à cidade alemã de mesmo nome, onde foi registrado o primeiro surto, em 1967, causado por macacos vindos de Uganda. O vírus é endêmico da África Equatorial, e os surtos mais recentes surgiram neste continente.
Febre de Lassa
Essa doença hemorrágica aguda da África Ocidental é causada por um vírus transmitido pelo contato com alimentos ou utensílios contaminados ou pelo excremento de roedores.
A taxa de mortalidade varia entre 1% e 15%, mas ainda não existe vacina para a febre de Lassa, e, neste mês, foi dado um alerta de que ela está se espalhando rapidamente na Nigéria e já ameaça outros países.
Síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio
O vírus que provoca o mal foi detectado pela primeira vez em 2012, na Arábia Saudita. É uma doença respiratória cujos sintomas são tosse, febre e dificuldade para respirar.
Geralmente é acompanhada por uma pneumonia. Ocasionalmente, também ocorrem ao mesmo tempo problemas gastrointestinais, como diarreia.
Segundo os dados da OMS, cerca de 35% dos pacientes não resistem à doença.
Síndrome respiratória aguda grave (SARS, na sigla em inglês)
É uma forma de pneumonia provocada por um vírus identificado pela primeira vez em 2003. Os pacientes têm problemas respiratórios agudos e, nos piores casos, morrem.
O surto inicial ocorreu em 2002, em Cantão, na China, a partir de onde se espalhou para outros países asiáticos e para Toronto, no Canadá. Pouco depois, entrou em remissão, mas a OMS considera ainda haver perigo.
Febre do Vale Rift
Essa doença tem mais incidência entre animais do que entre pessoas.
Os seres humanos são infectados pelo contato com sangue e órgãos de animais. Às vezes, também por picadas de mosquitos. Não há contágio frequente entre humanos.
A maioria dos casos são leves, mas alguns pacientes desenvolvem uma variante mais grave que surge associada a problemas oculares, meningoencefalite ou febre hemorrágica.
Segundo a OMS, o vírus foi identificado pela primeira vez em 1931 no vale Rift, no Quênia, na África, e, "desde então, foram registrados vários surtos na África Subsaariana".
Mas, com o comércio de gado infectado, a doença já chegou a países como Somália, Egito, Arábia Saudita e Iêmen, causando preocupação "por sua possível propagação para outras zonas da Ásia e da Europa".
Zika
A doença é causada por um vírus transmitido principalmente pelos mosquitos do gênero Aedes aegypti.
Os pacientes têm sintomas como febre moderada, conjuntivite, dores musculares e articulares. Também podem ter dor de cabeça.
Sabe-se que existe uma relação causal entre o zika e a microcefalia congênita de muitas crianças que foram expostas ao vírus ainda em sua gestação. E, em certos casos, isso é acompanhado por problemas neurológicos.
O zika continua a ter uma especial incidência na América Latina, sobretudo no Brasil.
Doença X
A OMS decidiu incluir a "doença X", como uma espécie de alerta para "a consciência de que um agente patógeno atualmente desconhecido pode causar uma epidemia internacional grave".
A doença X é apenas uma hipótese, e sua inclusão na lista decorre da história de imprevistos e surpresas na medicina.
"A experiência nos ensinou que seremos atingidos por algo que não previmos", diz o médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, recordando que esse foi o caso com os vírus da zika e do ebola.
Fonte: BBC
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