15 de julho de 2016

As parábolas de Jesus: Lições que apagaram as luzes

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 As parábolas de Jesus: Lições que apagaram as luzes
É preciso dizer claramente que as parábolas foram destinadas a apagar as luzes de algumas pessoas. Estas histórias desconcertavam e incomodavam aquelas almas desonestas que estavam ansiosas por abusar de qualquer pequena verdade que parecesse filtrar até elas (Mateus 13:10-15; Marcos 4:11-12; Lucas 8:10). E não podemos pensar nelas como se fossem iletrados religiosos que eram moralmente depravados. Em seu número estavam as pessoas mais religiosas e aparentemente mais piedosas daquele tempo. Mas tinham projetos que diferiam do de Deus.

Depois que o Senhor ensinou sua grande parábola do Pastor e o aprisco, um discurso que parece ter feito no inverno que antecedeu a primavera de sua morte (João 10:1-18), seus críticos se queixaram de que seu ensinamento era obscuro e confuso e que ele deveria dizer-lhes em linguagem clara se ele era o Cristo ou não. A réplica de Jesus foi direta: Já lhes disse numa centena de modos, mas nenhuma delas será bastante, porque vocês simplesmente não acreditam; e não acreditam porque não são minhas ovelhas (10:24-26). O Filho de Deus não estava interessado em meter pela goela abaixo dos homens descrentes o que eles positivamente não queriam. Este grande Pastor estava chamando somente aqueles que queriam ouvir sua voz e segui-lo (10:27). Para os demais suas palavras seriam apenas palavrório sem significado; não porque o fossem, mas porque seus ouvidos carnais não afinavam com as coisas espirituais.

O mesmo ponto é convenientemente demonstrado por uma ocorrência durante o mesmo inverno: a cura pelo Senhor de um mendigo cego em Jerusalém, junto ao poço de Siloé (João 9). No começo, os críticos de Jesus buscaram febrilmente desacreditar esta cura notável (o homem tinha sido cego de nascença) como sendo uma artimanha. Mas, totalmente impedidos pelo testemunho dos pais do próprio homem, foram reduzidos a argumentar insensatamente que o que todos na cidade sabiam que tinha acontecido, não tinha acontecido realmente porque tinha sido feito no dia errado (no sábado) pelo homem errado (Jesus). Baseados em nada além de obstinação cega e inflexível, eles negavam o inegável. Jesus mais tarde teve de dizer-lhes: "Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos" (9:39). Seus críticos judeus, não tão obtusos que nada lhes penetrasse, finalmente pegaram o significado. "Acaso também nós somos cegos?" perguntaram. Ao que o Senhor replicou, "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado" (9:40-41).

Como já temos observado, as parábolas de Jesus nunca apelavam muito para as pessoas que já se achavam sábias. Elas serviam simplesmente para apagar as pequenas luzes que tais pessoas tinham. Mas isso estava bem, porque o Senhor não o estava chamando, de qualquer modo, e o tempo havia chegado pelo terceiro ano do seu ministério público para afastar os eternos críticos, os curiosos, os freqüentadores habituais descuidados que não tinham real interesse no reino de Deus. Era chegada a hora quando os verdadeiros discípulos tinham que ser reunidos em volta dele e preparados para o inimaginável horror que viria.

Concordando, Edersheim (Life and Times of Jesus the Messiah, Vol. II, pág. 579, 580) classifica as parábolas de Jesus segundo uma escala contínua de crescente hostilidade dos seus oponentes:

As sete parábolas de Mateus 13 sobre a natureza do reino de Deus (no final do segundo ano) foram ditas logo depois que os fariseus tinham recorrido a descartar os milagres de Jesus com a explicação de que eram demoníacos (Mateus 12:22-34).

As parábolas ditas depois da transfiguração (terceiro ano) são encontradas em Lucas, capítulos 10-16 e 18. Estas são sobre o reino, mas têm um impulso admonitório e um tom de controvérsia, em resposta à crescente inimizade dos fariseus.

Há oito parábolas (Mateus 18, 20-22, 24, 25 e Lucas 19) nas quais o elemento controvérsia domina e o aspecto evangelista recua. Elas pegam o tema de julgamento.

A. B. Bruce (The Parabolic Teachings of Christ) as vê também naturalmente divididas em três grupos, mas de acordo com a obra de Jesus como Mestre, Evangelista e Profeta.

As parábolas de ensinamento têm a ver com a obra do Senhor no treinamento dos Doze: parábolas sobre o reino (Lucas 11:5-8 e 18:1-8); e três parábolas que se relacionam com o labor e o galardão no reino: Trabalhadores da vinha (Mateus 20:1-16), Talentos (Mateus 24:24), Minas (Lucas 19:12).

As parábolas de evangelismo incluem aquelas que mostram o amor de Deus pelos pecadores: Os dois pecadores (Lucas 7:40). Ovelha perdida, moeda perdida, filho perdido (Lucas 15). O fariseu e o publicano (Lucas 18:9-14). A Grande Ceia (Lucas 14:16), o Bom Samaritano (Lucas 10:30), o Administrador Infiel (Lucas 16:1). O Credor Incompassivo (Mateus 18:23).

As parábolas proféticas contêm mensagens de julgamento divino e incluem: A Figueira Estéril (Lucas 13:6). Os Lavradores Maus (Mateus 21:33). Casamento do Filho do Rei (22:1). Dez Virgens (25:1). Rico Tolo (Lucas 12:16).

Ainda que a análise de Bruce não seja exata, ela nos dá algumas sugestões úteis sobre como relatar o que Jesus estava tentando fazer durante os meses de encerramento de sua obra, quando tantas forças estavam chegando a uma convergência final.
por Paul Earnhart

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