O Western Galilee Medical Center é capaz de operar embaixo da terra em caso de ataque. A mudança acontece em apenas 1h30; local já foi bombardeado em 2006. Subsolo tem 700 leitos e área isolada de ataques de armas químicas
O Centro Médico da Galileia (Western Galilee Medical Center), na cidade de Nahariya, no norte de Israel, tem bem perto de uma de suas entradas um míssil Katyusha envolto em estrutura de vidro com acabamento de madeira. Pacientes e acompanhantes passam rapidamente pelo corredor sem que o pedaço de metal lhes chame particularmente a atenção. A sua queda destruiu o departamento de oftalmologia em 2006 durante a guerra contra o Líbano.
A apenas 10 km da fronteira libanesa, o hospital fica em uma área que, na época do conflito, foi alvo de vários mísseis lançados pelo Hezbollah, organização xiita que atua no sul do Líbano. A organização do centro médico estima que o grupo, considerado terrorista por Israel, lançou 4 mil foguetes contra o norte do país. Cerca de 2,5 mil direcionados à Galileia Ocidental e por volta de 800 deles caíram em um raio de apenas 1,5 km do hospital.
O míssil que atingiu o departamento de oftalmologia às 17h10 do dia 28 de julho atravessou vários andares e teria feito vítimas se o hospital não contasse com uma impressionante estrutura subterrânea, concluída um ano antes. Para transferir todo o atendimento para o subsolo, o hospital precisa apenas de 1 hora e meia.
“Em 90 minutos podemos descer tudo para a estrutura subterrânea desde o departamento de alimentação, medicação até o centro de neurocirurgia. Estamos orgulhosos, mas tudo isso é muito triste”, lamenta Sara Streit, porta-voz do hospital.
O visitante desavisado talvez não observe a transição entre o hospital que funciona na superfície e a estrutura super protegida sob a terra.
Esse foi o primeiro hospital do país a ganhar uma estrutura subterrânea, que demorou anos para ser construída e custou “milhões e milhões de shekels”, segundo a administração. “Na época em que ela foi feita, os diretores foram criticados por gastar muito dinheiro, mas nós nos sentimos seguros de trabalhar aqui”, conta Sara. Posteriormente, outros hospitais também foram equipados.
Os corredores largos ligeiramente inclinados facilitam o deslocamento das macas e dos equipamentos. Falsas janelas são pintadas em azul no teto para que se tenha a impressão de estar sob luz natural.
O subsolo conta com 700 leitos – 350 deles, assim como a ampla sala de triagem, são isoladas até de ataques de armas químicas.
Em épocas de paz as camas hospitalares colocadas lado a lado fazem pensar em um hospital abandonado. Mas muito longe disso: os funcionários fazem treinamentos periódicos para que em caso de emergência todos os serviços sejam realocados na área de segurança.
O hospital que se especializou em traumatologia, cuidados a vítimas de desastres e de guerras. Equipes frequentemente participam de treinamentos com a polícia, com o exército e já foram enviadas para auxiliar a cuidar das vítimas dos terremotos no Haiti e, mais recentemente, no Nepal.
O hospital público presta assistência a uma população de cerca de 600 mil pessoas dessa região onde cerca de 50% da população é de origem árabe. Atualmente, presta socorro para soldados da ONU e vítimas do conflito na Síria, que fica um pouco mais longe do que a fronteira com o Líbano.
“Até o hoje nós sentimos a tensão, sabemos que é bem fácil tudo recomeçar. Aqui não se pergunta se irá acontecer um novo confronto com o Hezbollah, mas quando isso vai acontecer. Tememos que o próximo confronto seja ainda mais duro”, afirma Sara, que tem uma combinação de formações bem pouco usual. Ela estudou astrofísica, é especialista em genocídio e antropologia médica.
Confronto 2006
Criança síria é atendida no hospital de Naharia, em Israel. Vítimas da guerra civil no país vizinho vão até a fronteira apenas para conseguir tratamento médico
O confronto no verão de 2006 começou depois que o Hezbollah matou quatro soldados israelenses na fronteira. A forte resposta militar de Israel começou em 12 de julho: o sul do Líbano foi bombardeado por mar, ar e terra por 33 dias ininterruptos. A capital Beirute também não foi poupada.
O país ficou devastado, segundo relatos da época feito pelas agências de notícias internacionais e reproduzidos pelo ‘G1′. Mais de 1,2 mil pessoas morreram (119 soldados israelenses, segundo “The Washington Post”), 5 mil pessoas ficaram feridas e quase um milhão teve que pedir refúgio nos países vizinhos. A infraestrutura do país ficou comprometida. Cerca de 860 colégios ficaram danificados.
Parte dos especialistas diz que o ataque israelense deveria ter sido mais leve, segundo o professor da Universidade de Tel Aviv Meir Litvak. “Alguns dizem, entre eles generais da reserva, que o exército deveria ter parado de atacar em quatro dias, depois de ter destruído os mísseis mais pesados e mostrado sua capacidade ofensiva. A continuidade da luta significou redução de ataques efetivos enquanto o Hezbollah continuava a lançar mísseis (contra o território israelense)”, observa o professor.
“Por outro lado, como o Hezbollah interpretaria a falta de uma resposta do lado de Israel ou uma contraofensiva muito leve? É possível que esse tipo de atitude [mais amena] encorajasse o Hezbollah a fazer ações semelhantes nos meses subsequentes”, afirma.
Principal inimigo
Após dez anos do conflito com o Líbano, a tensão é constante na fronteira dos dois países. Na opinião de Meir Litvak, não é à toa. O Hezbollah é considerado a principal ameaça estratégica contra Israel por causa de mais de 140 mil foguetes e mísseis que guardaria em seu arsenal.
Atualmente, o grupo atua na Síria no combate ao lado das tropas do presidente sírio, Bashar al-Assad, atuando contra o Estado Islâmico e as milícias insurgentes. É inegável que a organização ganhou experiência militar ao lutar ao lado do exército sírio e do russo.
“Neste momento, não há nenhuma grande força árabe que possa ameaçar Israel da forma como Hezbollah faz”, explica o professor.
Porém, Israel estima que o Hezbollah perdeu 1,6 mil soldados e teve cerca de 6 mil feridos em suas tropas nos combates na Síria. Ainda assim, novos conflitos entre Israel e o Hezbollah podem voltar a ocorrer após a guerra no país vizinho, que já dura cinco anos.
O desgaste no confronto pode sinalizar um prolongamento da trégua. “Como lutou por muito tempo e sofreu muitas baixas, o Hezbollah pode hesitar em entrar em uma nova guerra contra Israel. Tanto Israel como o Hezbollah sabem que um novo confronto pode custar muito caro para os dois lados. Tenho dúvidas de que os libaneses, em especial a opinião pública xiita libanesa, apoiariam um novo confronto porque os custos seriam altos e o grupo precisa levar em consideração a opinião deles”, avalia.
“Claro que um evento inesperado pode desencadear um novo conflito sem que haja intenção prévia de nenhum dos lados”, pondera.
Fonte: G1
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