3 de setembro de 2015

Notícia - CPI do BNDES vai atrás da relação de Lula com a Odebrecht

A CPI que investiga os contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, nesta quarta-feira (2), mais de 30 requerimentos de documentos relacionados às operações do banco com empresas nacionais e estrangeiras. Dois deles, de autoria dos deputados tucanos Alexandre Baldy e João Gualberto, se referem às relações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a construtora Odebrecht em obras fora do país. Com a aprovação dos requerimentos, os parlamentares devem receber do Ministério Público Federal (MPF) cópias dos autos de investigação que apuram suspeitas de tráfico de influência do ex-presidente. A CPI, contudo, ainda não colocou em votação a convocação do ex-presidente para ser ouvido por parlamentares.

Em depoimento à CPI na última semana, o presidente da instituição, Luciano Coutinho, afirmou que Lula nunca interferiu nas operações realizadas pelo banco de fomento. “Posso afirmar que o ex-presidente Lula jamais solicitou ou interferiu no BNDES a respeito de qualquer projeto específico”, disse Coutinho, respondendo indagações dos deputados sobre a atuação do ex-presidente junto ao banco.

Acordão

O presidente da CPI, Marcos Sergio Rotta (PMDB-AM), também negou, nesta quarta, a existência de um ‘acordão’ para adiar a convocação de empresários para prestar esclarecimentos aos parlamentares sobre negócios com o banco. Segundo reportagem dos jornais Folha de S. Paulo e Valor Econômico, um arranjo feito com a benção do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria adiado, do dia para a noite, a votação de requerimentos para que diretores e presidentes de empresas como a JBS e a LBR fossem questionados pelos deputados da comissão. Segundo Rotta, aliado de Cunha, as convocações serão feitas apenas quando a etapa de coleta de documentos for finalizada. “Não estamos aqui num voo cego. Temos um cronograma de trabalho com um mês de ações já definidas. Quando terminarmos essa etapa, vai ser impossível não deliberarmos sobre as convocações”, afirmou.

A fala do presidente contraria o que havia sido dito no dia anterior, em sessão deliberativa na Câmara dos Deputados. Na terça-feira, os deputados que comandam a mesa chegaram a um entendimento de que haveria convocação de alguns executivos, como Wesley Batista, da JBS, nesta quarta. A mudança repentina de ideia, segundo os parlamentares, visa “o melhor embasamento das investigações” por meio de mais provas documentais, para que a CPI não seja derrubada “por qualquer advogado”. Ainda como justificativa, o presidente da CPI afirmou que “é preciso ter responsabilidade”. “Com a mesma cautela, respeito e ponderação que tenho procurado exercer meu papel como presidente, também sei da responsabilidade que carrego nos ombros”, disse, referindo-se à importância do BNDES para a economia brasileira. “Eu tenho que ter essa responsabilidade de tentar preservar uma entidade tão importante”, disse.

Logo depois, Rotta rasgou elogios a Eduardo Cunha, afirmando que o presidente da Câmara jamais deu qualquer orientação aos parlamentares que comandam a comissão. “Eduardo Cunha é uma das pessoas mais inteligentes e preparadas com quem eu tenho a possibilidade de conviver. Ele sabe que precisamos de autonomia. Eu, na condição de presidente, posso dizer que não sofremos qualquer orientação sobre nosso trabalho na CPI”, disse o deputado.
Fonte: Veja

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