14 de janeiro de 2016

Estudo - Aprendendo com os erros de Sansão Parte 4

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Estudo - Aprendendo com os erros de Sansão Parte 4

O que pode fazer para que o líder se torne um homem solitário.

No capítulo 2 eu falei sobre a influência da cultura no comportamento dos cristãos na Igreja. Comentei sobre a onda de individualização nas pessoas a partir do Iluminismo, onde toda a sociedade é atingida em maior ou menor grau. Mas seria um tanto simplista atacar o Iluminismo pela postura individualista e não tratar o coração do próprio homem. Temos responsabilidade nisso também e quero apontar algumas dessas responsabilidades que cada líder pode e deve dar a devida atenção.

1. A perda da simplicidade

Algumas pessoas já disseram algo mais ou menos assim para mim:

– Ô pastor, você é um ‘cara’ muito simples, hein! Porque pode estar num evento com dez pessoas ou pode estar num evento com dez mil pessoas e você continua sendo o que é no meio de todo mundo.

Eu gosto de estar com as pessoas simples; eu gosto de bater papo com o motorista que vai me buscar e me levar de volta ao hotel em alguma cidade onde vou ministrar; eu gosto de almoçar com gente simples; eu gosto dessas coisas, porque para mim o Evangelho é simples. Toda a história do Evangelho e da Igreja começou numa manjedoura. Portanto, nunca perca a simplicidade do Evangelho e da vida cristã.

Às vezes eu fico observando algumas pessoas que não alcançaram um patamar mais elevado, em relação a conquistas daquilo que a vida pode oferecer, e essas pessoas falam com a gente como se fossem os “donos da cocada preta”, você me entende? A pessoa assume uma postura em função daquilo que ela quer ser, mas que ainda não é. É como a moçada diz hoje em dia: “Ele age como se fosse o tal… só que não!”. Já ouviu isso?

A perda da simplicidade nos isola e o isolamento leva à solidão.

2. A perda de tato no tratar com as pessoas: falta diplomacia

Há duas situações que constrangem um grupo. Imagine o pastor novato, carismático, e que trata a todos com carinho, dando atenção e sendo prestativo. Ele é novato, está iniciando o ministério. Mas pelo seu carisma ele ganha aqueles que estão ao seu redor e o seu ministério começa a crescer. E cresce rápido.

Um belo dia ele percebe que ficou grande e um bichinho chamado “pose” pica esse pastor. A partir daquela “picada”, esse pastor muda a maneira de lidar com as pessoas que o apoiaram e que fizeram com que ele crescesse.

Poucas situações são mais constrangedoras do que essa. Porque as pessoas irão tratá-lo como sempre o fizeram, mas receberão de volta o descaso, a desatenção, palavras frias.

Há outro caso no qual o líder já começa pelo final: trata mal os seus colaboradores, não sabe ser imparcial, não consegue resolver conflitos – quando abre a boca é para complicar ainda mais a situação, não tem tato para mediar os interesses.

A Bíblia nos ensina a tratar bem até mesmo aos nossos inimigos e a não fazer pouco caso daqueles à nossa volta.

3. A falta de investimento em relacionamentos

O ministério toma de nós, líderes, um bom tempo com questões burocráticas. Não há como se livrar disso. Mas o bom líder, o líder organizado, precisa separar em sua agenda um tempo para “tomar mais café” junto das pessoas. Precisamos almoçar mais com os amigos. Precisamos reservar aquele tempinho depois do culto para nos reunirmos e tomar um chá, comer uma pizza no restaurante, por exemplo.

Não podemos sacrificar o “importante” no altar do “urgente”.

Eu penso que o homem mais pobre do mundo é aquele que não tem amigos porque não investiu em relacionamentos. Ganhou dinheiro e não conquistou amigos, e muitas vezes, na ânsia por dinheiro, ele perde até a sua própria família.

Eu costumo dizer que aquele paralítico que foi levado por quatro homens até onde Jesus estava só conseguiu chegar aonde chegou por causa dos amigos que ele tinha (Marcos 2.4). Você só chegará a alguns lugares se tiver amigos e investir em relacionamentos. Só será possível avançar em determinadas situações se você tiver feito conexões saudáveis.

4. O excesso de autoconfiança

Provérbios 3.5,6 diz:

“Confia no SENHOR de todo o coração, e não no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará tuas veredas”.

A confiança que este texto ensina é um mandamento, um imperativo: “Confia no Senhor”. Não há alternativa dada pelo autor do provérbio. Se, em vez de confiar no Senhor, confiamos em qualquer outra coisa ou pessoa, nós criamos um ídolo e assim cometemos pecado.

A confiança é definida no dicionário do seguinte modo: “ter fé”, “acreditar”, “por a esperança em”. Quando alguém tira a confiança de Deus e a coloca noutra coisa, está dizendo que Deus não tem aquele poder todo que diz ter. Se confiamos mais em nós, nos nossos esforços, então admitimos que Deus não é “aquele” Deus.

Todos nós precisamos ter boa auto-estima, precisamos ter confiança naquilo que fazemos, na nossa capacidade, no potencial que desenvolvemos. Afinal de contas o próprio Deus investiu em nós, deu-nos a sua unção, deu os seus dons, capacitou-nos. Paulo diz que “a nossa capacidade vem de Deus” (2Corintios 3.5). Tudo isso é legítimo, mas tudo com moderação. Quando o excesso toma conta do coração e sobe à cabeça, começa a nossa ruína. O excesso de confiança em nós, que é o excesso de autoconfiança, nos prejudica e nos afasta de Deus.

5. O mau humor crônico

O mau humor pode ter mais de uma causa. Qualquer uma delas pode tornar um líder solitário, porque o mau humor afasta as pessoas, especialmente aquelas que estão cheias da presença de Deus. Gente bem resolvida não tem prazer em ficar próxima a gente mau humorada, a não ser que seja para ajudar a mudar o estado de ânimo dessa pessoa.

O mau humor pode ser um meio de defesa, um recurso psicológico. A pessoa “cria” um personagem mau humorado para conseguir seus objetivos: obter respeito, impor medo e até mesmo para isolar-se das pessoas à sua volta. Isso não é um meio “revelado” por Deus. Autoridade e respeito na vida do líder são virtudes dadas pelo Espírito Santo de Deus; jamais alguém encontrará apoio para afirmar que mau humor vem de Deus.

Por outro lado, uma situação de crise, uma dor muito forte, como a dor da perda de alguém muito querido, pode desencadear o mauhumor patológico, um desequilíbrio emocional que exige tratamento médico, psicológico, pois pode evoluir em alguns casos. É preciso tratar-se.

Mas em ambos os casos, e em qualquer outro cenário que provoque mau humor, o líder corre o risco de isolar-se e precisa, portanto, mudar o seu estado. Líder isolado corre risco de queda.

6. O sucesso que sempre levanta uma parede de isolamento

Semelhante ao ponto 1,“A perda da simplicidade”, o sucesso também pode mostrar-se como uma nova situação na qual o líder inexperiente poderá mudar o seu comportamento por entender que “agora ele é o tal”. Só que no caso do sucesso que chega, há líderes que “entendem” ser preciso manter um status. Perceba a sutil diferença entre este item 6 e o item 1. No primeiro, o líder muda a sua disposição interior, do coração; aqui ele cria novos procedimentos exteriores porque o sucesso chegou: agora ele tem secretários, agora é preciso agendar reuniões para tratar pequenos casos que antes ele resolvia no corredor da igreja, agora ele não abre mais o vidro do carro para acenar para os irmãos na rua, agora ele vive mudando o número do celular e muitas outras medidas que são tomadas em função de um alegado sucesso.

Eu penso que o ponto chave que faz a diferença entre muitos líderes de hoje é: não perca a simplicidade. Esse é o ponto chave, tudo está embutido neste conselho: não perca a simplicidade.

Eu estava ouvindo o pastor John Kilpatrick, que liderou o avivamento na Assembleia de Deus em Brownsville, Pensacola, nos Estados Unidos. Todo aquele movimento começou com a pregação do pastor Kilpatrick. Ele fez história e tem história para contar; e eu fiquei impressionado com aquilo tudo.

Todas as maiores revistas dos Estados Unidos fizeram matéria com ele na capa. Os maiores jornais dos Estados Unidos fizeram matéria de capa com ele.

Kilpatrick recebeu milhares de pessoas em Pensacola, pessoas que foram para lá saber e ver o que estava acontecendo. Ele se tornou uma celebridade, tudo por causa da sua liderança espiritual naquele avivamento. Aquele homem chegou a um nível de unção, de graça e de poder muito elevados, a ponto de ele contar que uma simples ida ao supermercado poderia se transformar em um momento de avivamento.

Ele estava escolhendo produtos no mercado e pessoas ao seu lado começavam a chorar a chorar e a confessar seus pecados. Se ele estivesse parado no caixa do supermercado, de repente, alguém caía ajoelhado do lado dele dizendo: “Eu pequei, eu adulterei, eu pequei, eu pequei”, sem que ele dissesse absolutamente nada.

Deus o tomou como fez com Charles Finney, e ele disse o seguinte: “Apesar de tudo o que Deus fez e estava fazendo em mim e através de mim, eu sempre tratei os velhinhos com muito respeito”.Ele disse ainda: “Quando uma criança no aeroporto se aproximava para tirar fotografia comigo, eu me ajoelhava para ficar na altura dela e tirava quantas fotos fossem necessárias”. “Eu nunca deixei o meu coração ser traído por um espírito de soberba, de arrogância oude petulância, porque eu vivo com a consciência de que tudo está acontecendo simplesmente por causa da graça, da graça, da graça, da graça de Deus, porque se não for por Deus, nós somos apenas um vaso de barro e nada mais.”

O tesouro que há dentro do coração do pastor Kilpatrick faz toda a diferença: a simplicidade.

7. A ingratidão que isola

Outro dia eu fui pregar numa pequena igreja em outra cidade, e um pastor de renome soube que eu estaria lá. Ele disse que queria jantar comigo e com os outros pastores daquela igreja. Então, este pastor conhecido por muitos foi ao jantar conosco e enquanto jantávamos ele perguntou ao pastor anfitrião, de uma igreja bem menor e que estava iniciando os trabalhos: “Como é que você conseguiu trazer o pastor Josué a sua igreja?Até hoje eu não consegui! Pastor, qual é o segredo?”.

Eu tomei à frente e disse: “Gratidão. Eu atendi ao convite desse querido pastor, porque um dia eu precisei dele, eu o convidei e ele abriu mão de tudo para me atender. E quando ele me fez o convite eu disse que seria um gesto de gratidão”.

Gratidão é a memória do coração. Pessoas gratas nunca estarão isoladas e nunca serão individualistas.


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Completo - Confira

Se você tem aptidão para isolamento, faça o seguinte: isole esses perigos da sua vida e melhore o seu potencial para o sucesso. Isole esses riscos que rondam sua carreira ministerial e cresça envolvendo-se com as pessoas à sua volta. Dê frutos, mas o faça no pomar, não à beira do caminho. Árvores frutíferas vivem nos pomares, não nos desertos.
Pr. Josué Gonçalves.

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