E disse Deus: Haja luz; e houve luz (Gn 3.1).
Antes de respondermos, é necessário considerarmos a premissa de que a Bíblia é a verdade revelada por inspiração divina, portanto, é infalível, inequívoca e o árbitro final em todas as discussões. Sua autoridade é derivada do seu Autor e não das opiniões dos homens (Rm 15.4; 2Tm 3.15,16; 2Pe 1.21). Tendo em mente estas ponderações, podemos nos direcionar para a solução do suposto problema.
Primeiramente, precisamos ter em mente que toda a criação se deu de forma repentina e proveniente do nada, ou seja, não derivam de elementos criados já existentes, mas apenas de Deus. É o que os estudiosos denominam de creatio êx nihilo, não sendo assim procedente de uma cadeia evolutiva. Houve um tempo em que a luz não existia, porém, a Bíblia nos afirma que, em determinado tempo, ela veio a existir. O mesmo se deu com todas as coisas criadas por Deus (Sl 33.6-9; Hb 11.3). Mas o que era então essa luz que existia antes do Sol e demais luminares celestes? Dar uma resposta definitiva a esse respeito não é uma tarefa simples, até mesmo para os mais peritos no assunto. Entretanto, podemos inferir algumas conclusões. Há dois posicionamentos principais entre os estudiosos quanto a esta questão. O primeiro destaca a relevância de Deus ter criado a luz antes do Sol. Os defensores desta corrente apontam para a importância de se notar que o nome “sol” fora dado a essa estrela apenas em Gênesis 15.12, o que para estes estudiosos significaria uma resposta antecipada de Deus contra a adoração desse ser inanimado. Muitos povos pagãos da Antiguidade, principalmente os egípcios, adoravam o Sol como uma divindade, porém, antes de sua existência, Deus já existia em toda a sua glória (Sl 90.2; 102.25-27; 1Tm 1.17; 6.16).
Diante disso, entender-se-ia que a luz a que se refere Gênesis 1.4 é a manifestação da glória de Deus em forma de luz (1Jo 1.5), antes mesmo da criação dos seres animados e inanimados. Assim, Deus revela ao homem que Ele é superior a tudo quanto existe e se move sobre a terra. Isso também serve para mostrar que as coisas criadas não são divindades, portanto, não são divinas (doutrina conhecida como “panteísmo”), embora a criação atue como prova suficiente e cabal da existência de Deus (Sl 19.1-6; Rm 1.20).
Outro posicionamento, representado pelo apologista Norman Geisler, lembra que “o Sol não é a única fonte de luz no Universo. Além disso, é possível que ele já existisse desde o primeiro dia, tendo somente aparecido ou se feito visível (com a dissipação da neblina) no quarto dia. Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível ver o Sol”.
Referências bibliográficas:
GEISLER, Normam & HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Editora Mundo Cristão, 1999.
GEISLER, Normam & RHODES, Ron. Resposta às seitas. CPAD, 2000.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário teológico. CPAD, 1996.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Candeia, 1997.
Bíblia de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã, 1999.
Bíblia de Estudo Almeida. SBB, 1999.
Extraído do site do ICP
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