De acordo com a Europol, os ataques de Paris de 13 de novembro de 2015 – no qual 130 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas em uma série de tiroteios e atentados suicidas – parecem indicar uma mudança no sentido de uma estratégia mais ampla do Daesh em nível global, indicando possíveis ataques contra outros Estados-Membros da UE em um futuro próximo.
O relatório sugere que o Daesh desenvolveu um comando de ação externa treinado para ataques ao estilo de forças especiais no ambiente internacional. As células terroristas do grupo que operam atualmente na EU, segundo a Interpol, são em grande parte "domésticas e/ou baseadas localmente".
Além disso, a análise de inteligência sugere que o Daesh pode usar a crise dos refugiados na Europa para avançar no continente.
"… Não há provas concretas de que viajantes terroristas utilizem sistematicamente o fluxo de refugiados para entrarem despercebidos na Europa. Um perigo real e iminente, no entanto, é a possibilidade de elementos da diáspora de refugiados sírios (sunitas) se tornarem vulneráveis à radicalização uma vez na Europa, sendo especificamente alvejados por recrutadores islâmicos extremistas", diz o relatório.
"Há todos os motivos para esperar que os terroristas inspirados [pelo Daesh] ou [por] outros grupos terroristas de inspiração religiosa realizem um ataque terrorista em algum lugar na Europa de novo, mas, particularmente, na França, [e que seja] destinado a causar mortes em massa entre a população civil. Isto é em adição à ameaça de ataques por parte de atores solitários, que não diminuiu".
A Europol acredita que há campos de treinamento na UE e nos países dos Balcãs, onde técnicas de sobrevivência são ensinadas por recrutadores do Daesh para testar a aptidão e a determinação de membros aspirantes. A agência afirma ainda que atividades esportivas têm sido usadas para treinamento de combate e de resistência a interrogatórios.
Ponto de virada
Os ataques de Paris marcaram uma virada significativa na campanha de terror do Daesh na Europa. Os alvos foram escolhidos cuidadosamente, incluindo um estádio de futebol, um teatro, dois cafés e dois restaurantes, a fim de matar e ferir o maior número possível de civis.
Fontes de serviços de inteligência disseram à Sputnik que os ataques foram importantes por dois motivos. Em primeiro lugar, eles se assemelharam aos de Mumbai em 2008, em termos do modus operandi, dos alvos escolhidos, do número de atacantes e do impacto gerado. Em segundo lugar, havia três grupos de atacantes, entre eles aqueles nascidos e criados na França e os combatentes estrangeiros que regressaram ao país após temporadas no exterior.
"O método estilo-Mumbai de atacar alvos em um país europeu [era] inédito para o Estado Islâmico [Daesh]. Em combinação com o bombardeio de um avião russo no Egito em 31 de outubro de 2015, também reivindicado pelo Estado Islâmico, e outros ataques em Suruc e Ancara (Turquia), Beirute e Bagdá, e sem um objetivo evidente de retaliação imediata – os ataques de Paris parecem ser parte de uma estratégia mais ampla do Estado Islâmico [em direção a um nível] global, e especificamente atacando a França, mas possivelmente mais Estados-Membros da UE em um futuro próximo", adverte o relatório da Europol.
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Fonte: Sputnik
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