22 de maio de 2015

Notícia - Saiba por que a CPI quer acabar com o descanso eterno de Janene

Político influente é acusado de escândalo de corrupção e simula a própria morte para fugir da prisão. Parece até trama de Hollywood (ou de algum pastelão mexicano), mas, para o presidente da CPI da Petrobras, há supostos indícios de que o deputado José Janene, morto em 2010, seguiu o roteiro à risca.

A suspeita é de que ele esteja vivo em algum país da América Central e que teria simulado a própria morte para escapar da condenação por envolvimento no escândalo do mensalão.

Janene, que foi presidente do PP, foi acusado de ser responsável pela distribuição do dinheiro oriundo do mensalão para a bancada da sigla. Ele morreu em 15 de setembro de 2010, após 42 dias de internação no Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Segundo nota do hospital na época, ele teria sido internado para a troca de “cardiodesfibrilador implantável” e teria falecido “em consequência de evolução de quadro de choque séptico”.

Quatro anos após a sua morte, o nome do ex-deputado voltou a ser ligado a outro escândalo de corrupção – desta vez, o da Petrobras.

De acordo com os delatores da Operação Lava Jato, ele seria um dos mentores do esquema de desvios de recursos da estatal e responsável por repassar a propina para parlamentares do PP.

Janene era padrinho político do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e amigo do doleiro Alberto Youssef – os principais personagens do escândalo até agora.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o próprio Youssef teria assinado o atestado de óbito do ex-deputado e participado do reconhecimento do corpo.

Ontem, o presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB) chegou a propor que a CPI pedisse na Justiça a exumação do corpo do ex-parlamentar.

Após críticas, Motta mudou o tom e afirmou na manhã de hoje que irá aguardar documentos da família que comprovem o óbito antes de entrar com o pedido. Ontem, ele havia dito que iria convocar a viúva do ex-presidente do PP, Stael Fernanda Janene, para prestar esclarecimentos na comissão.

“Em a documentação não chegando ou ela sendo frágil, vamos prosseguir (com o pedido de exumação)”, afirmou Motta na manhã de hoje.

Argumentos para acreditar na suspeita da CPI

Segundo Motta, até a viúva estaria desconfiada: O presidente da CPI da Petrobras afirmou que pessoas próximas da viúva de Janene teriam dito que ela estaria reticente sobre a morte do marido. “A viúva disse que o caixão chegou lacrado e existem fortes indícios de que ele possa estar vivo”, afirmou Motta. “Ninguém viu Janene morto”. A viúva nega a versão.

Fontes de Motta dizem que Janene está na América Central: Motta sustenta ainda que informantes teriam relatado que o falecido ex-deputado estaria, na verdade, vivendo em um país da América Central. O presidente da CPI, contudo, não entregou quem teria dito isso e tampouco o país em que Janene moraria hoje.

Argumentos para desconfiar da suspeita da CPI

Janene era mulçumano: E como tal, teve um enterro condizente com os rituais islâmicos. Por isso, o ex-deputado não foi enterrado com um caixão e, sim, com uma mortalha. A jornalista Janaina Garcia, do Terra, acompanhou a cerimônia no Cemitério Islâmico de Londrina em 2010. Na época, ela trabalhava no jornal Folha de Londrina.

Segundo a repórter relatou em reportagem publicada no site Terra, Janene teria sido “submetido a um processo de purificação que consistia na limpeza e na envoltura do morto em três tecidos brancos, virgens e sem costura”.

Durante a cerimônia, de acordo com o relato, o corpo do ex-deputado permaneceu isolado por essa mortalha e foi enterrado com a cabeça voltada para Meca, na Arábia Saudita – cidade considerada sagrada para os mulçumanos.

Janene tinha problemas cardíacos: O ex-deputado tinha insuficiência cardíaca congestiva grave (grau IV) e foi afastado da Câmara em 2006 por causa da doença. Em fevereiro de 2010, segundo relato da jornalista do Terra, ele teria sido internado em Londrina devido a um acidente vascular cerebral (AVC). Janene estava na fila de espera por um transplante de coração. Antes de morrer, ele ficou 42 dias internado no Incor.
Fonte: Exame

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