19 de novembro de 2021

Aula Bíblica Jovens e adultos, Central Gospel – Lição 08: Profecias Messiânicas

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✍️ Apresentem o título da lição 08: Profecias Messiânicas
💨 Trabalhem os pontos levantados na lição sempre de forma participativa e contextualizada.
Tenham uma excelente aula!
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
  Isaías 53.2-10
2 Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.

3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.

4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.

5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.

7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.

8 Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido.

9 E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.

10 Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.


Bíblia online
Bíblia sagrada online



TEXTO ÁUREO
Isaías 9.6
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz. 


OBJETIVOS
Estar ciente de que o maior fator de legitimação de uma profecia messiânica é a sua confirmação por um autor do Novo Testamento;
*  Entender que o Espírito que inspira o autor do Antigo Testamento a profetizar é o mesmo que leva o autor do Novo Testamento à correta interpretação da profecia;
Identificar as profecias messiânicas confirmadas como tais pelo Novo Testamento.
MIQUÉIAS 5.2-5A: UMA VISÃO MESSIÂNICA
O profeta Miquéias junto com Isaías são os profetas que mais forneceram subsídios sobre o nascimento do messias prometido a Israel. A exatidão de suas profecias foram ratificadas nas narrativas do Novo Testamento e pelo testemunho dos estudiosos diante do questionamento de Herodes, o Grande sobre o local do nascimento do rei dos Judeus. Este estudo visa evidenciar a fidelidade de Deus no cumprimento e exatidão das profecias bíblicas analisando a profecia em particular registrada por Miquéias no capítulo 5.2-5a.

Miquéias, um dos grandes profetas do oitavo século antes de Cristo, viveu no tempo de Isaías. Natural de uma pequena cidade de Judá, o Reino do Sul, ele viu que Judá corria o perigo de sofrer o mesmo castigo que Israel, o Reino do Norte, havia sofrido. Miquéias fala contra os pecados do povo de Judá e de Israel. Mas ele também anuncia a bondade de Deus: o Deus que castiga o seu povo é o Deus que perdoa.

O ministério profético de Miquéias passou pelos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias. De acordo com Hillers, desde os tempos imemoriais, em todo o mundo, grupos de pessoas que se consideram oprimidas expressam suas queixas e se unem para buscar mudanças em sua condição. Na maioria dos casos, as mudanças buscadas foram de tipo prático: mais terras, impostos mais leves, um negócio mais justo no mercado ou algum outro ganho realizável. Miquéias denunciou várias situações do dia-a-dia tais como: injustiça social, roubos de terras, violência, viúvas e órfãos desamparados, ambição e exploração pelos líderes do povo, juízes corruptos, culto dividido através do sincretismo religioso, entre outros.

No entanto, o profeta não apenas denunciou as práticas erradas e alertou quanto ao perigo iminente de serem julgados como foi Israel pelos assírios. Em suas mensagens havia também conforto e esperança para os fiéis. Principalmente, no que tange à esperança de libertação que seria proporcionada pelo ungido do Senhor. As profecias de Miquéias seguem uma estrutura que se repete ao longo de todo o livro, conforme destacado na figura 1, contendo o chamado, o julgamento, a evidência e a esperança.
Uma profecia se destaca em particular neste livro por enfatizar o local do nascimento do Messias de Israel, figura que é o símbolo de esperança, justiça e salvação da nação. O capítulo 5 do livro de Miquéias registra os detalhes dessa profecia que será analisada a seguir.


O NASCIMENTO DO MESSIAS
Em Miquéias 5.2 o profeta já apresenta de onde virá o messias, a pequena cidade de Belém, a qual recebe o acréscimo Efrata para distingui-las de outras cidades que tinham o mesmo nome, porém carrega em seu nome um local de pacto, bem como uma local frutífero. Era uma cidade que por ser tão pequena não tinha nenhuma importância na época, porém, é uma cidade que carrega algumas referências na história do povo local e de personagens importantes no contexto, pois lá nasceu Benjamim, foi o lar de Rute e Boaz, local do nascimento de Davi e Jesus. O profeta é enfático em dizer de onde virá o messias indicando o local exato do seu nascimento.

O versículo 2 enfatiza não apenas o local mas também a função do messias. Segundo Groningen (2018) os termos correlatos ao verbo משׁל (mashal)0F 1 que significa governar, reinar, dominar referem-se à pessoa divina, real sagrada, reveladora, trazendo o aspecto de ungir (apontar, designar ou eleger), por isso que no Antigo Testamento é muito claro que o único que está legitimamente designado para ser ungido é aquele escolhido por Deus. As funções cumpridas pelo ungido eram sacerdote, profeta e Rei, além de obra mediadora.

O destaque do versículo 3 está no governante que segundo Lopes (2009) teria origem humana comum, nasceria de uma parturiente de Belém, tem “origens” tanto históricas quanto eternas, ele é tanto divino quanto humano, ele vem como alguém que está reinando e que também reinará no futuro.

Para Barry et al (2016) a expressão do versículo 3 “até ao tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel” significa que após um período de angústia, o messias reunirá e conduzirá o povo de Deus. O Evangelho de Mateus baseia-se nesta passagem para descrever o nascimento de Jesus, aparentemente para conectar as dores de parto da nação e a dificuldade da gravidez de Maria (Mt 1–2). Todas essas lutas resultam na alegria e no reino de Jesus. No entanto, para Jamieson et al (1997) a questão das dores de parto não podem ser ligadas apenas a Maria, porque a profecia ainda tem pontos a serem cumpridos, embora o Messias tenha sido.

“gerado” quase dois mil anos atrás, as agonias só terminarão quando Cristo voltar, depois de ter sido pregado como testemunho a todas as nações, finalmente aparecerá como o Libertador de Jacó, e quando os tempos dos gentios estiverem cumpridos (Is 66: 7-11; Lc 21:24; Ap 12: 1, 2, 4).

No versículo 4 o profeta faz uma referência a Davi - Pastor Rei, o qual pastoreará na força do Senhor, que indica o caráter e a disciplina do seu governo, desse modo, o escrito de Miquéias nos conduz ao entendimento da declaração de Is 40.10-11; Sl 2.8-9, o caráter do reinado é reforçado pela expressão apositiva: na majestade do nome do Senhor seu Deus, “nome” é sinônimo de força e denota a própria pessoa de Deus com todos os seus atributos. Assim percebe-se que os que estiverem sob o reinado de Cristo, conhecerão a segurança prometida, não completa, cumprida parcialmente, porém apontando para a plenitude no sentido espiritual para além da encarnação, um reinado que se iniciará com a segunda vinda. Pode-se subentender que o v.5a “Este será a nossa paz” a confirmação da promessa feita no versículo 4, ou seja, a ajuda divina foi prometida e virá, de modo que estaremos no período intermediário a espera, pois conforme Jesus prometeu[1]nos aflições no tempo presente.

Para Lopes (2009) há uma agenda messiânica nestes textos que contemplam três figuras distintas, sendo a primeira a rocha caracterizada pela expressão “ele permanecerá”, o bom pastor caracterizado na expressão “ele apascentará” e o príncipe da paz caracterizado na expressão “este será a nossa paz”.

Groningen (2018) destaca mais algumas características do messias enfatizadas em Miquéias, onde ele virá como governante, sua origem é desde os tempos da eternidade por isso é divino, nascerá de mulher em trabalho de parto, virá da linhagem e cidade de Davi, abrirá os portões, quebrará os laços dos opressores, reunirá os filhos do pacto, restaura o remanescente do povo escolhido.

Pinto (2014) afirma que o reinado do grande Governante-Pastor de Israel significará livramento, honra e bênção espiritual para a nação e o mundo.

É preciso destacar que alguns aspectos messiânicos já se cumpriram no nascimento ou encarnação de Jesus, mas outros aspectos escatológicos da mesma profecia ainda se cumprirão.

Diante da pergunta dos magos do oriente sobre onde nasceria o rei dos judeus, os estudiosos do período do Novo Testamento responderam sem nenhuma dúvida que seria em Belém, porque o profeta Miquéias havia profetizado. Então, os Evangelhos mostram claramente o cumprimento da profecia bíblica.
Erivelton Rodrigues Nunes
Salmos Messiânicos
Ao analisar a mensagem geral das Escrituras Sagradas fica evidente que o tema central é Cristo, o Messias prometido a Israel e o Salvador do mundo. Indubitavelmente é possível ver Cristo nos livros do Novo Testamento, adicionalmente, o Antigo Testamento cristão ou TANAKH (Torá, Nevi’im e Ketuvim) judaico está repleto de referências relacionadas a Jesus Cristo, principalmente na literatura poética, em especial, no livro de Salmos. Alguns estudiosos cristãos classificam os salmos levando em consideração uma categoria especial denominada “Salmos Messiânicos” como por exemplo: os Salmos 2, 8, 16, 22, 23, 24, 31, 34, 40, 41, 45, 48, 68, 69, 72, 89, 91, 102, 110, 118 entre outros. Para ser considerado um Salmo Messiânico é necessário conter uma referência direta ao Messias no próprio salmo e outra no Novo Testamento que ateste essa verdade. Dessa forma, todo salmo messiânico aponta diretamente para Jesus. O próprio Cristo ratificou essa ideia na explicação dada aos seus discípulos no caminho de Emaús, quando disse: “importava que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44). Nessa tríplice divisão está representada a totalidade da Bíblia Hebraica ou TANAKH dos judeus, com destaque especial à terceira divisão representada majoritariamente pelos Salmos.

A Bíblia Sagrada possui uma mensagem centrada na pessoa e obra de Cristo, isto é, o Messias prometido por Deus à nação de Israel através de inúmeras profecias contidas no Antigo Testamento. Faz-se necessário esclarecer alguns termos técnicos para melhor compreensão deste artigo. A Bíblia Sagrada usada pelos cristãos é composta por Antigo Testamento (AT) escrito originalmente em hebraico e o Novo Testamento (NT) escrito em grego. A Bíblia Hebraica ou TANAKH usada pelos judeus equivale apenas ao Antigo Testamento usado pelos cristãos. A palavra TANAKH é um acrônimo das três principais divisões da Bíblia Hebraica, ou seja, Torá, Nevi’im e Ketuvim, onde a Torá compreende o Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), Nevi’im os textos Proféticos (Josué, Juízes, I e II Samuel, I e II Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias) e Ketuvim os Escritos (Salmos, Provérbios, Jó, Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, I e II Crônicas). A palavra grega Χριστός (Christos)1 significa “ungido” e sua origem nesse contexto vem do substantivo hebraico חַיִ שָׁ מ (māšîaḥ)1F 2. Dessa forma, o Novo Testamento apresenta Jesus como o “Messias” ou o “Cristo”. O autor do Evangelho de João no capítulo 1 e versículo 41 declarou: “Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)”. O mesmo autor ao registrar o diálogo de Jesus com a mulher samaritana esclareceu:

“A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.” (João 4:25,26)

Nas traduções contemporâneas da Bíblia o termo Messias funciona como um título e Cristo como um nome ou sobrenome, isto é, Jesus Cristo. Mateus registra no primeiro versículo do Novo Testamento a seguinte declaração: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mateus 1:1). João registra a razão dos sinais e milagres operados por Jesus: “Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (João 20:31). Lucas, autor de Atos dos Apóstolos ratificou: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (Atos 2.36). Portanto, não há dúvidas de que o Novo Testamento identifica Jesus ao Messias (Cristo) prometido à nação de Israel, que até então era a nação detentora das Escrituras Sagradas (TANAKH ou AT). Embora todo o Antigo Testamento faça referências a Jesus, o presente artigo se limita a analisar parte da literatura poética.

De acordo com Pinto (2014, p. 449) a tradição judaica preservou o nome תְּ הִ לִּ ים palavra A”. louvores dos livro o), “tehillîm er̄sēp (סֵ פֶ ר תְּ הִ לִּ ים genérico (tehillîm) é originária da raiz hebraica da palavra aleluia que significa “Louvai a Yahweh”. A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, usou o título Ψάλμοι (psalmoi) ou Ψαλτήριον (Psaltērion), sugere canções acompanhadas por instrumentos de cordas. Já o título latino Liber Psalmorum simplesmente translitera o conceito grego. Nas Bíblias em português o título Salmos origina-se do manuscrito da Septuaginta conhecido como Codex Vaticanus, ψαλμός (psalmos). A expressão “O Livro dos Salmos” vem da Vulgata (Liber Psalmorum) e a palavra Saltério, usada para representar toda a coleção, se encontra no manuscrito da Septuaginta conhecido como Codex Alexandrinus.

Alguns estudiosos cristãos classificam os salmos levando em consideração uma categoria especial denominada “Salmos Messiânicos”. Lieth (2010, p. 8) destaca os Salmos 2, 8, 16, 22, 23, 24, 31, 34, 40, 41, 45, 48, 68, 69, 72, 89, 91, 102, 110 e 118. Wiersbe (2006, p. 88) afirma que para um salmo ser considerado messiânico, ele deve ser citado no Novo Testamento com referência a Jesus. Lieth (2010, p. 8) ainda afirma que é necessário conter uma referência direta ao Messias no próprio Salmo e outra no Novo Testamento que ateste essa verdade. Dessa forma, todo Salmo Messiânico aponta diretamente para Jesus. O autor do Evangelho de Lucas registra as palavras de Cristo, ratificando essa verdade na explicação dada aos seus discípulos no caminho de Emaús: “importava que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44). Jesus cita com essas palavras a estrutura da Bíblia Hebraica com sua tríplice divisão, usando os Salmos como título da terceira divisão uma vez que é a parte mais representativa em volume escrito.

Belcher (2006, p.7) chega mais longe em sua análise ao afirmar que todos os salmos têm uma relação com a pessoa e obra de Cristo, não apenas os salmos messiânicos tradicionais. Sob essa perspectiva, é um privilégio ver a majestade de Cristo nas páginas das Escrituras. Como resultado desse fato, o povo de Deus é encorajado a louvar e render ação de graças a Deus. Isso não significa que Cristo será encontrado em cada versículo, mas entender como os principais conceitos e ideias do Antigo Testamento são fundamentais para a compreensão da pessoa e obra de Cristo. Selderhuis, George e Manetsch (2018, p. 40) afirmam em relação aos salmos que deve-se considerar que toda profecia se refere a Cristo, a não ser quando ficar muito claro, com base nas palavras do texto, que estão falando sobre outra pessoa. O próprio Cristo ao discutir com os líderes religiosos judaicos lançou-lhes em rosto: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” João 5:39. Para Jamieson (1997, p. 346) Davi foi o servo escolhido por Deus para governar Seu povo, sendo o ancestral linear, “segundo a carne” (At 2:30; Ro 1:3), de Seu adorável Filho, e Seu tipo, em suas relações oficiais, tanto no sofrimento quanto no triunfo. Geralmente, as provações de Davi pelos ímpios retrataram as provações de Cristo, e seu sucesso final o sucesso do reino de Cristo. Os pesquisadores Selderhuis, George e Manetsch (2018, p. 40) comentam o posicionamento do reformador Lutero quanto à interpretação dos Salmos e sua relação com Cristo. O significado de um salmo deve ser procurado no Espírito, pois superficialmente pode ser entendido que seja sobre Davi. Todas as histórias das Sagradas Escrituras – se forem entendidas corretamente – apontam para ele. Se Cristo for tirado das Escrituras, o que resta nelas? Embora seja possível encontrar Cristo em todos os Salmos, este artigo se limita a analisar apenas alguns salmos messiânicos tradicionais.

Os salmos messiânicos como mencionado anteriormente, tratam especificamente de salmos que possuem referências diretas a pessoa e obra de Jesus Cristo confirmadas por textos do Novo Testamento. Lieth (2010, p.8) citando Risto Santala afirma que o Novo Testamento contém 224 passagens diferentes de 103 salmos. Como certas citações dos salmos em parte são mencionadas mais vezes, o número total passa para 280 referências no Novo Testamento. Sendo assim, os salmos têm o Messias e o Seu Reino como tema. MacDonald (2011, p. 369) em seu comentário bíblico apresenta a seguinte tabela com um resumo de alguns salmos messiânicos e suas respectivas referências neotestamentárias:
Tabela 1 - Salmos Messiânicos
Nome do autor: Erivelton Rodrigues Nunes
O Evangelho segundo Deus Capítulo um O mais notável capítulo do Antigo Testamento Este é um dos capítulos do coração das Escrituras. É o “santo dos santos” da palavra divina. Retiremos os sapatos de nossos pés, pois o lugar em que estamos é sagrado. Este capítulo 53 de Isaías é uma Bíblia em miniatura. É a essência condensada do evangelho.

Nenhum texto em todo o Antigo Testamento é mais importante do que Isaías 52.13—53.12. É uma profecia que começa e termina com a voz do próprio Javé. Ele chama nossa atenção para uma pessoa singular: Eis meu Servo (52.13) e meu Servo, o justo (53.11).

O Servo é o Ungido de Israel — o Messias. Sabemos isso por vários motivos. Para começar, essas palavras de abertura são um eco nítido de Isaías 42.1: Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios (grifo do autor). Na introdução, observamos que Isaías escreveu quatro passagens semelhantes aos salmos, com foco em uma pessoa a quem o profeta chama de Servo de Javé: Isaías 42.1-9; 49.1-13; 50.4-11; e 52.13— 53.12. Todos eles (muitas vezes chamados de cânticos de Isaías) falam da maneira gentil do Servo e de sua missão mundial. Todos os quatro são claramente profecias messiânicas.

Essas passagens de Isaías soam da mesma forma que Zacarias 3.8, outra famosa profecia messiânica: Eis que eu farei vir o meu servo (grifo do autor), o Renovo. Sobre essa mesma pessoa, Isaías havia escrito anteriormente: O governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre (Is 9.6,7).

Assim, as palavras introdutórias de Isaías 52.13 deixam claro que se segue uma profecia a respeito do Messias, o prometido Redentor de Israel: Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime. A passagem inteira, então, se concentra no Servo do Senhor — descrito em termos simples como uma pessoa específica.

A passagem não é sobre 19 O mais notável capítulo do Antigo Testamento o martírio de uma nação, tribo, grupo ou pessoas oprimidas. É sobre o sofrimento de uma pessoa específica, o Servo do Senhor, e continua assim até o final de Isaías 53 .

Como também foi dito na introdução deste livro, a divisão de capítulos e versículos em nossas Bíblias modernas não é encontrada nos manuscritos originais. Então, embora útil e conveniente, essa divisão do texto em capítulos e versículos não foi divinamente inspirada. No caso do nosso texto, a quebra entre os capítulos foi inserida em um lugar bastante infeliz. A profecia claramente muda de assunto depois de Isaías 52.12. Tanto o contexto quanto o conteúdo deixam claro que os três últimos versículos de Isaías 52 introduzem a passagem que abrange todo o capítulo 53 e fazem parte dela. Assim, por conveniência, por favor, entenda isso ao longo deste livro. Quando falo em termos gerais de Isaías 53 sem citar versículos específicos, tenho em mente todo o assunto, incluindo os três últimos versículos do capítulo 52.

O texto
A seguir encontra-se a passagem completa, formatada de forma que mostre que de fato Isaías foi escrito em versos poéticos:

Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime.

Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens), assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão.

Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.

Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.

Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.

Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.

Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.

Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.

Esse breve, mas importante, trecho de Isaías é uma profecia cristalina sobre o ministério, morte, ressurreição e coroação do Messias, escrita mais de sete séculos antes de sua vinda. É o evangelho segundo Deus. De todas as profecias messiânicas do Antigo Testamento, essa se destaca por sua riqueza sublime e nitidez incomparável. Em particular, Isaías pinta um quadro profético preciso dos sofrimentos do Messias. Ele também explica em detalhes o verdadeiro significado da morte do Messias como sacrifício expiatório pelos pecados de seu povo.

Muitos detalhes históricos importantes, referentes aos eventos que cercam a morte do Messias, são expressamente declarados nessa passagem. Por exemplo, Isaías fala da brutalidade selvagem das feridas que foram a ele infligidas (52.14), o silêncio total diante de seus acusadores (53.7), sua morte (53.8,9), o lugar do seu sepultamento (v. 9) e o triunfo final de sua obra concluída (v. 11). O profeta até faz alusão à ressurreição dos mortos: ... prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos (v. 10).

A passagem também é carregada de temas doutrinários: o sacrifício substitutivo (v. 4-6,10), o perdão dos pecados por meio do derramamento do sangue do Messias (v. 5), a impecabilidade desse Servo “desprezado e rejeitado” que morre por seu povo (v. 9), a iniciativa soberana de Deus em propiciar expiação aos pecadores (v. 10,11), a justificação de muitos (v. 11) e a obra de intercessão daquele que oferece a si mesmo como sacrifício (v. 12).

Quem é esse Servo sofredor?
Comentaristas judeus antigos reconheceram e aceitaram o significado messiânico de Isaías 53. Alguns rabinos criam, inclusive, que o Messias seria pálido e doente — como um leproso — dada a descrição do Servo sofredor em Isaías 53.3: desprezado e rejeitado [...] como um homem de quem os homens escondem o rosto. O Talmude é um compêndio repleto de ensinamentos rabínicos com vários séculos de tradição, comentários, opiniões jurídicas, filosofia, ética e outras questões dos costumes judaicos. Ele data do século 5 depois de Cristo, mas possui, também, um registro de tradições orais de dois ou três séculos antes de Cristo. Uma seção do Talmude apresenta uma discussão sobre o Messias e como ele deveria ser chamado. “Qual é o nome dele?”, pergunta o escritor. Alguém responde “Siló”, baseado em Gênesis 49.10 (O cetro não se arredará [...] até que venha Siló). No entanto, diz o escritor: “[os nossos] rabinos continuam afirmando que seu nome é ‘o leproso da escola do rabino Judá, o Príncipe’, como é dito: Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido”. 2 Claramente, esses rabinos reconheceram o significado messiânico de Isaías 53, embora tenham entendido mal seus principais detalhes.

Aqui, temos um exemplo de como Isaías 53 foi usado em uma oração judaica formal, extraída de uma liturgia do século 9 d.C. para o Dia da Expiação: O Messias, nossa justiça (ou “o nosso justo Messias”), nos abandonou: O horror caiu sobre nós e não temos quem nos justifique. Ele levou o jugo de nossas iniquidades e transgressões, e está ferido por causa da nossa transgressão. Ele leva os nossos pecados sobre os seus ombros, para encontrar perdão para nossas iniquidades. Nós seremos curados pelas suas feridas no momento em que o Eterno o criar (Messias) como uma nova criatura. Oh, traze[1]o do círculo da terra, levanta-o de Seir para nos reunir pela segunda vez no monte Líbano, pela mão de Yinnon.3

Um rabino muito culto e altamente estimado do século 16 pesquisou a literatura judaica sobre Isaías 53 e observou que, de uma perspectiva estritamente judaica, a passagem é “difícil de ser fixada ou ordenada de forma literal”. Ele, no entanto, reconheceu que “nossos rabinos, unanimemente, aceitam e afirmam sua opinião de que o profeta está falando do rei Messias”. Como tradicionalista, portanto, o rabino escreveu: “Nós também devemos aderir à mesma visão”. No entanto, para não admitir que a passagem fala de Jesus, ele acrescentou rapidamente: “O Messias, naturalmente, é Davi”.4

Para aqueles que viveram na época do Antigo Testamento, era compreensível certa medida de confusão sobre como interpretar essa passagem. Como a maioria das profecias do Antigo Testamento sobre a vinda do Messias, Isaías 53 foi um tanto envolto em mistério até que o cumprimento da profecia tornou claro o seu significado. O apóstolo Pedro reconhece que mesmo os profetas indagaram e inquiriram [...] investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam (1Pe 1.10,11).

E não se engane, o Antigo Testamento é cheio de profecias sobre o Messias que apontam apenas para Jesus. Ele é o tema central não apenas da mensagem do Novo Testamento (At 5.42; 8.12; 9.27; 11.20; 17.18; Rm 16.25; Tt 2.8), mas também da profecia do Antigo Testamento. Depois que Jesus chamou Filipe para segui-lo, este se encontrou com Natanael e lhe disse: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José (Jo 1.45). Verdadeiramente, o testemunho de Jesus é o espírito de profecia (Ap 19.10).

Em João 5.39, Jesus disse aos líderes religiosos judeus: Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Mais tarde, sobre esse mesmo assunto, o Senhor acrescentou: Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito (Jo 5.46). Em Mateus 5.17, ele disse aos que ouviam o Sermão do Monte: Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. E ele repetiu essa declaração durante todo o seu ministério terreno (Mt 26.24,31,54,56; Mc 9.12; 14.26,27; Lc 4.16-21; 18.31; 22.37; Jo 13.18; 15.25; 17.12; 19.28).

O Messias no Antigo Testamento

De fato, o Antigo Testamento é tão cheio dos ensinamentos sobre o Messias, que, quando os discípulos estavam confusos sobre a morte de Jesus e despreparados para sua ressurreição, ele os repreendeu por desconhecimento das Escrituras. Devemos nos lembrar de que, após a sua ressurreição, quando se encontrou com dois dos discípulos no caminho de Emaús, ele lhes disse: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras (Lc 24.25-27). Mais tarde, naquela mesma noite, o Senhor disse aos onze apóstolos remanescentes que estavam reunidos no Cenáculo:

São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém (Lc 24.44-47).

Como podemos notar na introdução, as Escrituras não registram o conteúdo específico dos ensinamentos de nosso Senhor dados naquela tarde no caminho de Emaús. No entanto, creio ser possível afirmar que ele citou tanto as previsões objetivas e específicas a respeito dele mesmo quanto os muitos símbolos que o representavam. Entre os símbolos, provavelmente ele incluiu a arca de Noé, que o representa como a verdadeira arca, na qual os pecadores entram e ficam seguros das águas do julgamento divino (cf. 1Pe 3.20,21); o cordeiro que Abraão ofereceu como substituto de seu filho Isaque (Gn 22.13); os cordeiros da Páscoa, que apontavam para Jesus como o cordeiro de Deus, o sacrifício final (Êx 12; Nm 9.12; cf. 1Co 5.7; Jo 1.29); o maná no deserto (Êx 16), que o retratou como o verdadeiro pão do céu (Jo 6.32-35); a serpente de bronze que foi levantada (Nm 21.4-9; cf. Jo 3.14), simbolizando a sua crucificação; e as cinco principais ofertas em Levítico (holocaustos, ofertas de cereais, ofertas pacíficas, ofertas pelo pecado e ofertas pela culpa), das quais ele é o cumprimento. O Dia da Expiação o retrata tanto no sacrifício do altar quanto no bode expiatório que carregava o pecado (Lv 16.7-10). A rocha da qual saía água no deserto (Êx 17.5,6; Nm 20.8- 11) prefigurava-o como a fonte de provisão espiritual para o seu povo (1Co 10.4). E o emergir de Jonas após os três dias e três noites no estômago de um grande peixe foi uma imagem profética da ressurreição de Jesus dentre os mortos (Mt 12.39-41).

Jesus é a pedra angular rejeitada (Sl 118.22; cf. Mt 21.42; At 4.11; Ef 2.20); o pastor do rebanho condenado a ser abatido pelos comerciantes de ovelhas (Zc 11.4-14); a pedra cortada sem mãos humanas, que destruirá o Império do anticristo em sua segunda vinda (Dn 2.34,35,44,45); e o ramo da árvore genealógica de Davi — um rebento do tronco de Jessé (Is 11.1-5; Jr 23.5; 33.15; Ez 17.22,23; Zc 3.8; 6.12). O Salmo 72 retrata o reinado milenar de Cristo como Rei (veja especialmente os v. 7,17). Em algumas das profecias messiânicas, Jesus é referido como “Davi”, já que ele é o maior dos descendentes de Davi, o cumprimento final da promessa de Deus a Davi em 2Samuel 7 e o ponto culminante da linhagem de Davi (Jr 30.9; Ez 34.23,24; 37.24,25; Os 3.5). Desde que todas as profecias que se referem ao Messias como “Davi” vieram muitos anos após a sua morte, elas claramente se referiam a alguém que ainda viria e que personificaria o que o trono de Davi deveria simbolizar.

Naturalmente, o Antigo Testamento também contém muitas previsões diretas sobre a primeira vinda de nosso Senhor. No protoevangelho (o “primeiro evangelho”) registrado em Gênesis 3.15, ele é a semente da mulher (cf. Gl 4.4) que destruirá Satanás (1Jo 3.8). Ele é o grande profeta sobre quem Moisés escreveu (Dt 18.15-22; cf. Nm 24.17-19; At 3.22,23). Daniel 7.13,14 descreve-o como o glorioso Filho do Homem (título que Jesus usou, sobre si mesmo, mais de oitenta vezes nos Evangelhos). Este é o Messias que retornará nas nuvens do céu (Mt 24.30; Mc 14.62; Ap 1.7). Como o Antigo Testamento predisse que o Messias seria, Jesus era da linhagem de Abraão (Gn 12.1-3; cf. Gl 3.16), da tribo de Judá (Gn 49.10; cf. Ap 5.5) e descendente de Davi (2Sm 7.12-16; 1Cr 17.11- 13; cf. Mt 1.1). Isaías 7.14 previu que o Messias nasceria de uma virgem. Miqueias 5.2 predisse que ele nasceria em Belém (cf. Mt 2.6). Jeremias 31.15 prenunciou o choro que acompanhou a matança dos filhos do sexo masculino, em Belém e arredores, ordenada por Herodes (Mt 2.16-18). Isaías 40.3,4 e Malaquias 3.1 e 4.5,6 predisseram a vinda de seu precursor, João Batista (cf. Mt 3.1-3; 11.10,14; 17.12,13; Lc 1.17, Jo 1.23). Salmo 69.8 profetizou sua rejeição por membros da própria família (cf. Mt 12.46-50; Jo 7.3-5).

O Antigo Testamento está repleto de pistas sobre o Messias de Israel. Entre elas há referências a ele como o Deus encarnado (Sl 45.6,7; cf. Hb 1.8,9), como rei soberano e eterno sumo sacerdote (Sl 110.1-7; cf. Mt 22.43,44; At 2.33,34; Hb 1.13; 5.6-10; 6.20). Outras referências sutis ao Messias aparecem em frases que servem como imagens que descrevem como ele seria odiado sem causa (Sl 69.4), dependurado no madeiro, amaldiçoado por Deus e retirado antes do pôr do sol (Dt 21.22,23).

A profecia das setenta semanas de Daniel (Dn 9.24-27) predisse o dia exato de sua entrada triunfal em Jerusalém.5 Zacarias 9.9 chegou a descrever como ele montaria em um jumentinho durante aquele evento (cf. 21.4,5).

O Antigo Testamento predisse muitos detalhes importantes (e alguns, aparentemente, menos importantes) sobre eventos específicos relacionados à crucificação. Os profetas predisseram a traição de Judas (Sl 41.9; 55.12-14), incluindo a quantidade exata de dinheiro que o traidor receberia e o que faria com ele (Zc 11.12,13); a dispersão de seus discípulos após ele ter sido traído e preso (Zc 13.7; cf. Mt 26.31,56); os espancamentos e abusos que sofreu (Mq 5.1) na casa do sumo sacerdote (Mt 26.67,68), da guarda do templo (Mc 14.65) e nas mãos dos romanos (Mt 27.27-30); a cena da cruz (Sl 22) — incluindo os soldados romanos lançando sortes sobre suas vestes (Sl 22.18); o vinho azedo que lhe deram para beber (Sl 69.21); o fato de suas pernas não terem sido quebradas (Êx 12.46; Nm 9.12; Sl 34.20; cf. Jo 19.31-33,36); e o seu lado ter sido transpassado por um soldado romano (Zc 12.10). Salmos 2.7 e 16.8-10 predisseram sua ressurreição (cf. At 13.34-37). Salmo 109.8 prefigurou a escolha de Matias para substituir Judas como um dos apóstolos (cf. At 1.20). E Salmo 68.18 refere-se à ascensão de Cristo (cf. Ef 4.8).

Porém, em nenhum outro lugar, no Antigo Testamento, a vinda do Messias, o Senhor Jesus Cristo, é mais completa e claramente revelada do que nas profecias registradas por Isaías. Isaías o revela como o Filho de Deus encarnado, Emanuel (7.14; 8.8); o Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (9.6); o ramo (4.2; 11.1); e, mais frequentemente, o Servo do Senhor (42.1; 49.5-7; 52.13; 53.11). Isaías predisse que ele nasceria de uma virgem (7.14), e ele nasceu (Mt 1.20-23); que a criança nascida de uma virgem governaria as nações do mundo (9.6), e o fará (Ap 11.15; 19.11-21); que o Espírito Santo repousaria sobre ele de um modo único (11.2), e assim ocorreu (Mt 3.16; cf. Is 61.1,2 e Lc 4.18,19).

Isaías também revelou que ele seria rejeitado pela nação de Israel (Is 8.14,15; cf. 28.16).

De fato, veio para o que era seu, e os seus não o receberam (Jo 1.11; cf. Mc 12.10; At 4.11; Rm 9.32,33).

Isaías 9.1,2 predisse o ministério de Jesus na Galileia (cf. Mt 4.14-16). O próprio Jesus citou Isaías 29.18 (cf. 35.5,6; 42.6,7) como a profecia sobre a cura que ele realizava em favor de pessoas surdas e cegas (Mt 11.5). Isaías 42.1-4 descreve o caráter do Messias, revelando como ele era manso e gentil e que estabeleceria a justiça até para os gentios (Mt 12.18-21). Isaías 50.6,7 descreve sua perfeita obediência à vontade do Pai —mesmo diante de um brutal tratamento nas mãos de seus inimigos — e sua inabalável determinação de continuar obedecendo até a cruz. Por meio de sua morte e ressurreição, ele cumpriria a promessa de salvação da nova aliança para o seu povo (55.3; cf. 61.1,2 [citado por Jesus em Lc 4.18,19]; 2Co 3.6-18; Hb 8—10).

Isaías também apresentou o papel do Servo — como a principal pedra angular do plano de salvação de Deus (28.16); a libertação dos pecadores perdidos da cegueira espiritual e da servidão (9.2; 42.7); e o abuso físico que ele sofreu nas mãos das autoridades judaicas e romanas (50.6). Todas as profecias em Isaías são maravilhosas, mas a do capítulo 53 se eleva acima de todas as outras. É uma descrição majestosa do sacrifício de Cristo pelos nossos pecados. Alguns comentaristas a chamam de o texto mais importante em todo o Antigo Testamento. Isaías 53 recebeu muitos elogios ao longo da história da igreja. Policarpo, o pai da igreja do século 2 e discípulo do apóstolo João, referiu-se a ele como “o texto áureo sobre a paixão de Cristo no Antigo Testamento”. Agostinho chamou o livro todo de Isaías de “o quinto Evangelho”, e esse título aplica-se, particularmente, ao capítulo 53. Há uma série de sermões de João Calvino baseada em Isaías 53 e intitulada de “O Evangelho Segundo Isaías”.6 Martinho Lutero declarou que todo cristão deveria memorizar a história de Isaías 52.13—53.12. O famoso comentarista do Antigo Testamento do século 19, Franz Delitzsch, escreveu: “Esse texto já derreteu a dureza do coração de inúmeros israelitas! Parece que foi escrito à sombra da cruz, no Gólgota [...]. É o que existe de mais central, mais profundo e mais sublime já apresentado pela profecia do Antigo Testamento”.7

Embora faça parte do Antigo Testamento, esse importante capítulo das Escrituras Sagradas apresenta verdades fundamentais de toda a doutrina cristã. Sua terminologia se tornou parte do vocabulário cristão, e essa passagem tem sido, mais do que qualquer outra do Antigo Testamento, utilizada como tópico para pregação, conteúdo para livros e temas musicais. Muitos chamam esse capítulo de “o monte Everest do Antigo Testamento”. É a preferida de todas as profecias messiânicas, o ápice do livro de Isaías e “a joia da coroa” dos profetas em geral. É, de fato, o coração das Escrituras hebraicas.

Isaías 53 é exatamente a passagem que o eunuco etíope estava lendo no deserto de Gaza quando Filipe o encontrou. O eunuco lia a seguinte parte em voz alta: Foi levado como ovelha ao matadouro... (At 8.32). Então ele fez uma pergunta a Filipe — e foi a pergunta certa, a chave que abre toda a passagem: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? (At 8.34).

Então, Filipe explicou; E, COMEÇANDO POR ESTA PASSAGEM DA ESCRITURA (grifo do autor) [Isaías 53], anunciou-lhe a Jesus (At 8.35) — o evangelho segundo Deus!

Isaías 53 é um capítulo que sempre intrigou os fiéis de todos os tempos. Os cristãos do Antigo Testamento lutavam para entendê-lo, e sabiam que era uma profecia de enorme importância. Essa passagem ofereceu elucidações à grande questão não respondida da soteriologia do Antigo Testamento — ou seja, o problema de como um dia o pecado da humanidade poderia ser completa e efetivamente reparado, sobrepondo-se à condenação geral de todo pecador. Como poderia algum sacrif ício ser suficiente para fazer uma expiação completa e definitiva? Como um Deus justo e santo poderia redimir os pecadores sem comprometer sua justiça própria e perfeita?

A persistência inabalável da culpa humana e o preço incrivelmente alto da redenção eram verdades embutidas no sistema sacrificial do Antigo Testamento. Era óbvio (ou deveria ter sido para qualquer um que tivesse o mínimo de bom senso) que é impossível que o sangue de touros e bodes remova pecados (Hb 10.4). Afinal, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem remover pecados (Hb 10.11). A repetição implacável desses sacrifícios deixou claro (por séculos a fio) que o trabalho da expiação ainda não estava terminado. E a realidade sangrenta de tantos sacrifícios de animais deixou claro que o verdadeiro custo da expiação era mais alto do que qualquer alma mortal poderia pensar em pagar.

À primeira vista, Isaías 53 não parece ser um texto provável para se encontrar uma profecia com uma resposta triunfante para o dilema do pecado. Superficialmente, o tom da passagem é sombrio. O Servo é descrito como desprezado e rejeitado [...] homem de dores [...] que sabe o que é padecer [...] um de quem os homens escondem o rosto [...] e dele não fizemos caso (v. 3). Essa não era a imagem do Messias que a maioria das pessoas em Israel esperava. Eles o imaginavam como um rei conquistador que libertaria seu povo, derrubaria seus adversários e viria para exercer vingança entre as nações e castigo sobre os povos; para meter os seus reis em cadeias e os seus nobres, em grilhões de ferro; para executar contra eles a sentença escrita (Sl 149.7-9). Mas Isaías 53 fala de um Servo humilde como o cordeiro, que seria duramente perseguido e morto: Por juízo opressor foi arrebatado [...] foi cortado da terra dos viventes (Is 53.8).

No entanto, essa profecia continha brilhantes raios de esperança para os leitores fiéis que já sentiam o peso de seu próprio pecado. Descreve, claramente, alguém que sofreria pelos outros: Ele foi transpassado por nossas transgressões [...] moído pelas nossas iniquidades (v. 5). O castigo que ele recebeu sobre si é o que nos traz paz. A sua alma fez uma oferta pela culpa (v. 10). O ponto culminante dessa passagem é o texto de 53.11: Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.

Para qualquer pessoa familiarizada com o relato do Novo Testamento sobre a vida, morte, ressurreição e intercessão sacerdotal do Senhor, não deve haver mistério sobre o que Isaías 53 significa. É o evangelho completo em forma profética, uma predição impressionantemente explícita sobre o o evangelho segundo deus 30 que o Messias faria para afastar os pecados de seu povo para sempre. É o evangelho segundo Deus, apresentado nas Escrituras hebraicas. Nos capítulos que se seguem nos aprofundaremos nos detalhes dessa incrível profecia. E o objetivo principal deste estudo é fortalecer a nossa fé, intensificar nosso amor por Cristo e aprofundar a compreensão do que Jesus Cristo fez por seu povo por meio de sua morte. sobre a vida, morte, ressurreição e intercessão sacerdotal do Senhor, não deve haver mistério sobre o que Isaías 53 significa. É o evangelho completo em forma profética, uma predição impressionantemente explícita sobre o que o Messias faria para afastar os pecados de seu povo para sempre. É o evangelho segundo Deus, apresentado nas Escrituras hebraicas. Nos capítulos que se seguem nos aprofundaremos nos detalhes dessa incrível profecia. E o objetivo principal deste estudo é fortalecer a nossa fé, intensificar nosso amor por Cristo e aprofundar a compreensão do que Jesus Cristo fez por seu povo por meio de sua morte.
Fonte: Tesouro fabricaebd.org
Fonte: Crescendoparaedifica.blogspot.com
Fonte: Jovens e adultos, Editora Central Gospel.

Nota1: Spurgeon, Charles. The metropolitan tabernacle pulpit, 49:189.
*  Nota 2: Talmude Bavli, tratado Sanhedrin 98b. Esta tradução é citada em Yehoiakin ben Ya’ocov, Concepts of Messiah: A study of the messianic concepts of islam, judaism, messianic judaism, and christianity. Bloomington, IN: Westbow, 2012, p. 34.
*  Nota 3: Acredita-se ter sido composto por Eleazar ben Kalir. ”Yinnon” era um nome rabínico para o Messias. Citado em Baron, David. The servant of Jehovah:
*  the sufferings of the Messiah and the glory that should follow. New York: Marshall, Morgan & Scott, 1922, p. 14.
*   Nota 4: El-Sheikh, Mosheh (comumente conhecido como Moisés Alshech), in: Driver, S. R. e Neubauer, A., trads. The fifty-third chapter of Isaiah according to the Jewish interpreters. Oxford, UK: Parker, 1877, p. 258.
*  Nota 5: Para uma contagem confiável de como as setenta semanas de Daniel revelam a data da entrada triunfal de Jesus, veja Hoehner, Harold. Chronological aspects of the life of Christ. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1977, p. 139.
*  Nota 6: Calvin, John [Calvino, João]. The gospel according to Isaiah. Trad. Leroy Nixon. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1953.
*   Nota7: Keil, Carl Friedrich e Delitzsch, Franz. Biblical commentary on the prophecies of Isaiah, 2 vols. Edinburgh: T&T Clark, 1873, 2:303.
John MacArthur

 
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