TEXTO BÍBLICO BÁSICO
João 14.16-1816 - E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,
17-o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.
18 - Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
João 16.7-13
7 - (...) se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
8 - E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado,
9 da Justiça, e do juízo:
9 - do pecado, porque não creem em mim;
10 - da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11 - e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
12 - Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
13 - Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, elo vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Mateus 28.20
20 - Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.
TEXTO ÁUREO
E porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observareis. (Ez 36.27)
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª Feira – Romanos 6.1-14: O pecado não terá domínio sobre vós
3ª Feira – 1Coríntios 2.9-13: O Espírito penetra todas as coisas
4ª Feira - 1Coríntios 12.12 – 14: Todos nós fomos batizados em um Espírito
5ª Feira – Filipenses 3.1-3: Nós, que servimos a Deus
6ª Feira – 2Coríntios 5.17-19: O ministério da reconciliação
Sábado – Mateus 16.13-19: As portas do inferno não prevalecerão
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• saber que católicos e protestantes têm entendimentos distintos acerca do modo como o Espírito Santo dá vida à Igreja;
• saber que o que mais nitidamente distingue um católico de um protestante é o senso de presença do Espírito Santo no ser;
• refletir coerentemente acerca da seguinte questão: o ecumenismo cristão é possível?
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor,
Tenha sempre em mente a importância da aprendizagem no processo educacional.
No binómio ensino-aprendizagem, o segundo item merece destaque. As pessoas querem muito ensinar, porém, às vezes, esquecem-se de que só podemos transmitir as experiências e os conteúdos apreendidos anteriormente.
Todos os esforços em torno do trabalho da Escola Dominical visam às mudanças na vida do educando, pela aprendizagem.
Seus alunos têm experimentado crescimento por melo das suas aulas?
Não se esqueça: a eficiência do ensino é confirmada na aprendizagem.
Excelente aula!
Palavra introdutória
O evangelista anglicano David Christopher Knight Watson (1933—1984), ferrenho defensor da unidade entre os cristãos, disse certa vez que a Reforma Protestante foi uma verdadeira tragédia na história da Igreja. Suas afirmações geraram grande controvérsia à época.
Ao ser confrontado por suas alegações, defendeu-se dizendo que, apesar de ter havido inúmeros aspectos positivos no movimento reformador, a Igreja ficou dividida, e ambos os lados, desde então, carregam consigo marcas de amargura.
Mas, afinal, existe alguma possibilidade de as diferenças entre católicos e protestantes serem dirimidas algum dia? Qual deve ser a atitude dos protestantes em relação aos católicos romanos?
1. A DOUTRINA DA TRINDADE
A doutrina da Trindade tanto distingue o cristianismo das demais religiões, quanto une os cristãos em todo o mundo — vale ressaltar que grupos como as Testemunhas de Jeová, por exemplo, não são considerados cristãos, por negarem a Trindade.
Católicos e protestantes têm o mesmo entendimento em relação à manifestação de Deus-Pai e Deus-Filho no mundo; ambos também compreendem que o Espírito Santo á o Espírito de Cristo, que dá vida à Igreja; entretanto, há divergência entre os dois segmentos em relação a como isso acontece.
É o que veremos a seguir.
1.1. Teologia reformada versus teologia romana
Os protestantes entendem que a obra do Espirito Santo acontece, em primeiro lugar, no interior, resultando om mudança no coração e na mente (Rm 6). Por esse motivo, Lutero reafirmou, insistentemente, que o cristão é justificado pela fé, somente (sola fide; conforme estudamos na lição 3), não pelas obras praticadas.
A teologia romana, em contrapartida, afirma que a obra do Espírito Santo é externa e objetiva. De acordo com os romanistas, se uma pessoa é batizada corretamante, ela recebe o dom do Espírito Santo e é nascida de novo, independente da opinião dela a respeito disso.
Para os católicos, sem as obras — especialmente as obras sacramentais (batismo, crisma, eucaristia, penitência, unção dos enfermos, ordem e matrimónio) —, não há evidência de fé, pois as exterioridades, segundo eles, estimulam e fortalecem a esperança.
1.2. Ponto de cisão
Para os romanistas, Lutero estava dizendo que bastava a pessoa crer para ser salva, independente de o seu comportamento corresponder à sua profissão de fé ou não. Não é incomum encontrarmos católicos acusando evangélicos de apostasia, por acreditarem que eles (os evangélicos) pensam que podem fazer o que bem entendem nesta vida, sem que isso afete sua salvação — essa acusação, no entanto, ilustra bem o próprio modo de pensar de um católico.
Os reformadores, na verdade, com base em Romanos 6, apregoavam que, se uma pessoa é nascida de novo, seu comportamento (suas obras) será um reflexo natural dessa realidade; mas, se o Espírito Santo não mudou o seu coração, nem todas as obras sacramentais juntas podem fazer alguém nascer de novo.
A concepção evangélica não é outra senão esta: quando uma pessoa nasce de novo, ela não pensará em errar levianamente, porque sabe que quem está em Cristo é nova criatura, e o antigo modo de pensar foi substituído por um novo entendimento (Rm 6.1-14; 2 Co 5.17). O cristão protestante sabe que depende de Deus para vencer o pecado, e sabe que é o Espírito Santo, dentro dele, que lhe dará condições de vencer as lutas e tentações.
O protestante entende que, se para ter acesso ao céu fosse necessário que o homem possuísse algum mérito, nem milhões de anos no Purgatório seriam suficientes para absoivê-lo dos seus pecados. Em outras palavras, a segurança da salvação do evangélico não é questão de falta de modéstia, mas de fé, somente.
2. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO: CATÓLICOS VERSUS PROTESTANTES
Como apropriadamente afirma o professor de Teologia Gerald Bray, o que mais nitidamente distingue um católico de um protestante é o senso de presença do Espírito Santo no ser; e isso se percebe nas discussões acerca da salvação.
Se perguntarmos a um católico romano se ele tem certeza de que vai para o céu quando morrer, ele dirá que não sabe ao certo, mas acredita que a Igreja pode fazê-lo trilhar o caminho da salvação; todavia, se por acaso restar algum débito (o que é provável), ele irá para o Purgatório até ser admitido no céu definitivamente. Se fizermos a mesma pergunta a um protestante, ele dirá, sem esboçar qualquer dúvida, que sim, pois foi unido a Cristo em Sua morte e ressurreição (Rm 6.3-7).
Ao ouvir isso, um católico possivelmente dirá que o evangélico é presunçoso, pois entende que ninguém pode ter essa certeza.
O evangélico, por sua vez, argumentará que sua certeza não está baseada em nada do que ele tenha feito nesta vida, mas em Cristo, que redime a humanidade por Sua Graça.
2.1. Cristo morreu pelos pecados ou pelos pecadores?
O monge beneditino Anselmo de Cantuária (1033-1109) exerceu grande influência na teologia ocidental. Em seus trabalhos, defendeu que Cristo morreu pelos pecados dos homens. Lutero ampliou esse entendimento dizendo que Cristo morreu pelos pecadores, ou seja, Ele deu-se em sacrifício por pessoas, não por coisas — do mesmo modo que o Espírito Santo trabalha no homem, não em circunstâncias ou fatos. O católico acredita que Cristo morreu, objetivamente, por nossos pecados; contudo, se quisermos ser beneficiados por esse sacrifício, precisámos recorrer à Graça que está disponível por intermédio do sacerdócio da igreja, isto é, realizar as obras ( sacramentais, sobretudo), pois elas seriam responsáveis por tornarem a graça divina uma realidade um nossa vida.
Os evangélicos negam essa assertiva, pois entendem que a graça divina é concedida ao homem pelo Espírito Santo — o Espírito de Cristo. Em outras palavras, ainda sou um pecador; por isso, qualquer justiça que eu possa vir a revindicar não é minha, mas Dele. Na linguagem da teologia reformada ela é imputada a mim, não transmitida.
2.2. justificação e santificação
Os protestantes acreditam que foram justificados do uma vez por todas, por meio da morte de Cristo na cruz do Calvário, e entendem o subsequente crescimento na vida cristã como um processo de santificação que acompanhará o salvo enquanto ele viver. Simplificando o entendimento: o cristão pode ser mais ou menos santificado, mas nunca mais ou menos salvo, pois não existe possibilidade de a obra realizada pelo Filho de Deus ser desfeita — por menos expressivos que sejam os frutos de nossa santificação.
Os católicos, por sua vez, entendem que justificação e santificação são faces opostas de uma mesma moeda, ou seja, uma pessoa é justificada na mesma medida em que é santificada — e a santificação, inclusive, poderia medir seu nível de ustificação. Por esse motivo, nenhum católico tem a certeza ie sua salvação, pois nem mesmo os homens mais piedosos estão suficientemente santificados diante de Deus.
A justiça imputada pressupõe que continuamos dependentes de Cristo em todos os sentidos, pois ela (a justiça) continua sendo Dele, plena e exclusivamente. Se ela fosse transmitida (ou infundida), em alguma medida, passaria a haver (nessa transmissão) justiça em nós mesmos, fazendo-nos, assim, coparticipantes da salvação.
3. O ECUMENISMO CRISTÃO É POSSÍVEL?
Afinal, existe alguma possibilidade de a fé cristã ser unificada? Qual o futuro do diálogo entre católicos e protestantes?
3.1. Em que trilhos seguem ambos os segmentos?
É preciso reconhecer que, desde o Concílio Vaticano II (1961—1965), pela primeira vez desde a Reforma, os católicos fizeram uma sincera tentativa de mudar a atmosfera de desconfiança e ódio mútuos. Atualmente, os católicos não estão mais tão unidos em torno do Papa, como há 50 anos, e as críticas à hierarquia — particularmente entre os leigos — são infinitamente mais comuns, como destaca Bray.
Reformados tradicionais (como luteranos e presbiterianos, por exemplo) acusam os pentecostais de ainda viverem nos porões do catolicismo, por adotarem práticas do segmento romano; os pentecostais, por sua vez, fazem a mesma crítica aos reformados tradicionais, pelo fato de alguns de seus líderes, ainda hoje, irem a Roma ou às igrejas ortodoxas em busca da autoridade e segurança que suas igrejas não podem oferecer.
3.1.1. O desafio das próximas eras
O protestantismo jamais poderá ser considerado um subproduto da Cristandade; ao contrário, ele é o entendimento teológico mais bem desenvolvido da fé cristã, desde a Igreja primitiva. Não significa dizer que nenhuma pessoa (ou grupo de pessoas) entendeu a obra do Espírito Santo antes da Reforma ou que apenas os evangélicos serão salvos: sempre houve e sempre haverá cristãos fiéis que não entenderam a plenitude dos princípios contidos nas cinco solas reformadoras, mas que, ainda assim, experimentaram a graça salvadora de Deus.
3.2. Qual o futuro do diálogo entre católicos e evangélicos?
No tempo que chamamos hoje, é muito improvável que o diálogo entre católicos e protestantes avance a ponto de alcançarmos a unificação da fé, pois estamos diante de duas instituições essencialmente diferentes uma da outra, ainda que defendam pontos comuns.
Como pontua o teólogo Gerald Bray, a Igreja Católica Romana é altamente organizada, com uma estrutura de comando central. Isso significa que ela pode:
(1) tornar-se evangélica da noite para o dia, a partir de um decreto papal; ou
(2) permanecer do modo como está, até que o sumo pontífice posicione-se oficialmente em relação ao impasse; mas, ainda que ele venha a fazê-lo, não há qualquer sinal de que isso possa acontecer em nossos dias.
Por outro lado, a Igreja Evangélica é um grupo caracteristicamente diverso, destituído de unidade institucional e sem porta-voz oficial, ou seja, ainda que a maioria dos principais líderes protestantes chegasse a um acordo com o representante supremo do catolicismo, isso só aconteceria no decorrer de muitos anos.
Para sermos realistas, o que se espera de ambos os segmentos nas próximas décadas (ou até séculos) é que católicos e protestantes unam-se em torno de obras assistenciais, sociais e académicas em prol dos necessitados e oprimidos.
CONCLUSÃO
É um engodo pensar que apenas a partir do século 16a Igreja voltou a experimentar a manifestação do Espírito Santo. O Consolador não foi retirado do mundo, depois de Constantino instituir o cristianismo como a religião oficial do Império Romano.
O mesmo Espírito que desceu sobre a Igreja primitiva é o que não permitiu — e não permitirá — que as portas do inferno prevaleçam contra a Noiva do Cordeiro (Mt 16.18).
Aqueles que amam a Verdade andam na luz; e os que andam na luz jamais perderão de vista Aquele que é a Luz do mundo; nessa Luz, enxergaremos o caminho a seguir.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. De acordo com o que foi exposto nesta lição, responda: qual a diferença entre justiça imputada e justiça infundida?
R.: A diferença entre uma e outra é que a justiça imputada pressupõe que continuamos dependentes de Cristo em todos os sentidos, pois ela (a justiça) continua sendo Dele, plena e exclusivamente. Se eia fosse transmitida (ou infundida), em alguma medida, passaria a haver (nessa transmissão) justiça em nós mesmos, fazendo-nos, assim, coparticipantes da salvação.
Para sermos fiéis à consciência do Evangelho, o que podemos afirmar é que os católicos romanos ainda não compreenderam o profundo significado da salvação que Deus, por Sua graça, oferece-nos, unicamente, pela fé em Cristo.
► Lição 12: O Espírito Santo e o Futuro da Igreja
17-o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.
18 - Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
João 16.7-13
7 - (...) se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
8 - E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado,
9 da Justiça, e do juízo:
9 - do pecado, porque não creem em mim;
10 - da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11 - e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
12 - Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
13 - Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, elo vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Mateus 28.20
20 - Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.
TEXTO ÁUREO
E porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observareis. (Ez 36.27)
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª Feira – Romanos 6.1-14: O pecado não terá domínio sobre vós
3ª Feira – 1Coríntios 2.9-13: O Espírito penetra todas as coisas
4ª Feira - 1Coríntios 12.12 – 14: Todos nós fomos batizados em um Espírito
5ª Feira – Filipenses 3.1-3: Nós, que servimos a Deus
6ª Feira – 2Coríntios 5.17-19: O ministério da reconciliação
Sábado – Mateus 16.13-19: As portas do inferno não prevalecerão
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• saber que católicos e protestantes têm entendimentos distintos acerca do modo como o Espírito Santo dá vida à Igreja;
• saber que o que mais nitidamente distingue um católico de um protestante é o senso de presença do Espírito Santo no ser;
• refletir coerentemente acerca da seguinte questão: o ecumenismo cristão é possível?
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor,
Tenha sempre em mente a importância da aprendizagem no processo educacional.
No binómio ensino-aprendizagem, o segundo item merece destaque. As pessoas querem muito ensinar, porém, às vezes, esquecem-se de que só podemos transmitir as experiências e os conteúdos apreendidos anteriormente.
Todos os esforços em torno do trabalho da Escola Dominical visam às mudanças na vida do educando, pela aprendizagem.
Seus alunos têm experimentado crescimento por melo das suas aulas?
Não se esqueça: a eficiência do ensino é confirmada na aprendizagem.
Excelente aula!
Palavra introdutória
O evangelista anglicano David Christopher Knight Watson (1933—1984), ferrenho defensor da unidade entre os cristãos, disse certa vez que a Reforma Protestante foi uma verdadeira tragédia na história da Igreja. Suas afirmações geraram grande controvérsia à época.
Ao ser confrontado por suas alegações, defendeu-se dizendo que, apesar de ter havido inúmeros aspectos positivos no movimento reformador, a Igreja ficou dividida, e ambos os lados, desde então, carregam consigo marcas de amargura.
Mas, afinal, existe alguma possibilidade de as diferenças entre católicos e protestantes serem dirimidas algum dia? Qual deve ser a atitude dos protestantes em relação aos católicos romanos?
1. A DOUTRINA DA TRINDADE
A doutrina da Trindade tanto distingue o cristianismo das demais religiões, quanto une os cristãos em todo o mundo — vale ressaltar que grupos como as Testemunhas de Jeová, por exemplo, não são considerados cristãos, por negarem a Trindade.
Católicos e protestantes têm o mesmo entendimento em relação à manifestação de Deus-Pai e Deus-Filho no mundo; ambos também compreendem que o Espírito Santo á o Espírito de Cristo, que dá vida à Igreja; entretanto, há divergência entre os dois segmentos em relação a como isso acontece.
É o que veremos a seguir.
1.1. Teologia reformada versus teologia romana
Os protestantes entendem que a obra do Espirito Santo acontece, em primeiro lugar, no interior, resultando om mudança no coração e na mente (Rm 6). Por esse motivo, Lutero reafirmou, insistentemente, que o cristão é justificado pela fé, somente (sola fide; conforme estudamos na lição 3), não pelas obras praticadas.
A teologia romana, em contrapartida, afirma que a obra do Espírito Santo é externa e objetiva. De acordo com os romanistas, se uma pessoa é batizada corretamante, ela recebe o dom do Espírito Santo e é nascida de novo, independente da opinião dela a respeito disso.
Para os católicos, sem as obras — especialmente as obras sacramentais (batismo, crisma, eucaristia, penitência, unção dos enfermos, ordem e matrimónio) —, não há evidência de fé, pois as exterioridades, segundo eles, estimulam e fortalecem a esperança.
1.2. Ponto de cisão
Para os romanistas, Lutero estava dizendo que bastava a pessoa crer para ser salva, independente de o seu comportamento corresponder à sua profissão de fé ou não. Não é incomum encontrarmos católicos acusando evangélicos de apostasia, por acreditarem que eles (os evangélicos) pensam que podem fazer o que bem entendem nesta vida, sem que isso afete sua salvação — essa acusação, no entanto, ilustra bem o próprio modo de pensar de um católico.
Os reformadores, na verdade, com base em Romanos 6, apregoavam que, se uma pessoa é nascida de novo, seu comportamento (suas obras) será um reflexo natural dessa realidade; mas, se o Espírito Santo não mudou o seu coração, nem todas as obras sacramentais juntas podem fazer alguém nascer de novo.
A concepção evangélica não é outra senão esta: quando uma pessoa nasce de novo, ela não pensará em errar levianamente, porque sabe que quem está em Cristo é nova criatura, e o antigo modo de pensar foi substituído por um novo entendimento (Rm 6.1-14; 2 Co 5.17). O cristão protestante sabe que depende de Deus para vencer o pecado, e sabe que é o Espírito Santo, dentro dele, que lhe dará condições de vencer as lutas e tentações.
O protestante entende que, se para ter acesso ao céu fosse necessário que o homem possuísse algum mérito, nem milhões de anos no Purgatório seriam suficientes para absoivê-lo dos seus pecados. Em outras palavras, a segurança da salvação do evangélico não é questão de falta de modéstia, mas de fé, somente.
2. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO: CATÓLICOS VERSUS PROTESTANTES
Como apropriadamente afirma o professor de Teologia Gerald Bray, o que mais nitidamente distingue um católico de um protestante é o senso de presença do Espírito Santo no ser; e isso se percebe nas discussões acerca da salvação.
Se perguntarmos a um católico romano se ele tem certeza de que vai para o céu quando morrer, ele dirá que não sabe ao certo, mas acredita que a Igreja pode fazê-lo trilhar o caminho da salvação; todavia, se por acaso restar algum débito (o que é provável), ele irá para o Purgatório até ser admitido no céu definitivamente. Se fizermos a mesma pergunta a um protestante, ele dirá, sem esboçar qualquer dúvida, que sim, pois foi unido a Cristo em Sua morte e ressurreição (Rm 6.3-7).
Ao ouvir isso, um católico possivelmente dirá que o evangélico é presunçoso, pois entende que ninguém pode ter essa certeza.
O evangélico, por sua vez, argumentará que sua certeza não está baseada em nada do que ele tenha feito nesta vida, mas em Cristo, que redime a humanidade por Sua Graça.
2.1. Cristo morreu pelos pecados ou pelos pecadores?
O monge beneditino Anselmo de Cantuária (1033-1109) exerceu grande influência na teologia ocidental. Em seus trabalhos, defendeu que Cristo morreu pelos pecados dos homens. Lutero ampliou esse entendimento dizendo que Cristo morreu pelos pecadores, ou seja, Ele deu-se em sacrifício por pessoas, não por coisas — do mesmo modo que o Espírito Santo trabalha no homem, não em circunstâncias ou fatos. O católico acredita que Cristo morreu, objetivamente, por nossos pecados; contudo, se quisermos ser beneficiados por esse sacrifício, precisámos recorrer à Graça que está disponível por intermédio do sacerdócio da igreja, isto é, realizar as obras ( sacramentais, sobretudo), pois elas seriam responsáveis por tornarem a graça divina uma realidade um nossa vida.
Os evangélicos negam essa assertiva, pois entendem que a graça divina é concedida ao homem pelo Espírito Santo — o Espírito de Cristo. Em outras palavras, ainda sou um pecador; por isso, qualquer justiça que eu possa vir a revindicar não é minha, mas Dele. Na linguagem da teologia reformada ela é imputada a mim, não transmitida.
2.2. justificação e santificação
Os protestantes acreditam que foram justificados do uma vez por todas, por meio da morte de Cristo na cruz do Calvário, e entendem o subsequente crescimento na vida cristã como um processo de santificação que acompanhará o salvo enquanto ele viver. Simplificando o entendimento: o cristão pode ser mais ou menos santificado, mas nunca mais ou menos salvo, pois não existe possibilidade de a obra realizada pelo Filho de Deus ser desfeita — por menos expressivos que sejam os frutos de nossa santificação.
Os católicos, por sua vez, entendem que justificação e santificação são faces opostas de uma mesma moeda, ou seja, uma pessoa é justificada na mesma medida em que é santificada — e a santificação, inclusive, poderia medir seu nível de ustificação. Por esse motivo, nenhum católico tem a certeza ie sua salvação, pois nem mesmo os homens mais piedosos estão suficientemente santificados diante de Deus.
A justiça imputada pressupõe que continuamos dependentes de Cristo em todos os sentidos, pois ela (a justiça) continua sendo Dele, plena e exclusivamente. Se ela fosse transmitida (ou infundida), em alguma medida, passaria a haver (nessa transmissão) justiça em nós mesmos, fazendo-nos, assim, coparticipantes da salvação.
3. O ECUMENISMO CRISTÃO É POSSÍVEL?
Afinal, existe alguma possibilidade de a fé cristã ser unificada? Qual o futuro do diálogo entre católicos e protestantes?
3.1. Em que trilhos seguem ambos os segmentos?
É preciso reconhecer que, desde o Concílio Vaticano II (1961—1965), pela primeira vez desde a Reforma, os católicos fizeram uma sincera tentativa de mudar a atmosfera de desconfiança e ódio mútuos. Atualmente, os católicos não estão mais tão unidos em torno do Papa, como há 50 anos, e as críticas à hierarquia — particularmente entre os leigos — são infinitamente mais comuns, como destaca Bray.
Reformados tradicionais (como luteranos e presbiterianos, por exemplo) acusam os pentecostais de ainda viverem nos porões do catolicismo, por adotarem práticas do segmento romano; os pentecostais, por sua vez, fazem a mesma crítica aos reformados tradicionais, pelo fato de alguns de seus líderes, ainda hoje, irem a Roma ou às igrejas ortodoxas em busca da autoridade e segurança que suas igrejas não podem oferecer.
3.1.1. O desafio das próximas eras
O protestantismo jamais poderá ser considerado um subproduto da Cristandade; ao contrário, ele é o entendimento teológico mais bem desenvolvido da fé cristã, desde a Igreja primitiva. Não significa dizer que nenhuma pessoa (ou grupo de pessoas) entendeu a obra do Espírito Santo antes da Reforma ou que apenas os evangélicos serão salvos: sempre houve e sempre haverá cristãos fiéis que não entenderam a plenitude dos princípios contidos nas cinco solas reformadoras, mas que, ainda assim, experimentaram a graça salvadora de Deus.
3.2. Qual o futuro do diálogo entre católicos e evangélicos?
No tempo que chamamos hoje, é muito improvável que o diálogo entre católicos e protestantes avance a ponto de alcançarmos a unificação da fé, pois estamos diante de duas instituições essencialmente diferentes uma da outra, ainda que defendam pontos comuns.
Como pontua o teólogo Gerald Bray, a Igreja Católica Romana é altamente organizada, com uma estrutura de comando central. Isso significa que ela pode:
(1) tornar-se evangélica da noite para o dia, a partir de um decreto papal; ou
(2) permanecer do modo como está, até que o sumo pontífice posicione-se oficialmente em relação ao impasse; mas, ainda que ele venha a fazê-lo, não há qualquer sinal de que isso possa acontecer em nossos dias.
Por outro lado, a Igreja Evangélica é um grupo caracteristicamente diverso, destituído de unidade institucional e sem porta-voz oficial, ou seja, ainda que a maioria dos principais líderes protestantes chegasse a um acordo com o representante supremo do catolicismo, isso só aconteceria no decorrer de muitos anos.
Para sermos realistas, o que se espera de ambos os segmentos nas próximas décadas (ou até séculos) é que católicos e protestantes unam-se em torno de obras assistenciais, sociais e académicas em prol dos necessitados e oprimidos.
CONCLUSÃO
É um engodo pensar que apenas a partir do século 16a Igreja voltou a experimentar a manifestação do Espírito Santo. O Consolador não foi retirado do mundo, depois de Constantino instituir o cristianismo como a religião oficial do Império Romano.
O mesmo Espírito que desceu sobre a Igreja primitiva é o que não permitiu — e não permitirá — que as portas do inferno prevaleçam contra a Noiva do Cordeiro (Mt 16.18).
Aqueles que amam a Verdade andam na luz; e os que andam na luz jamais perderão de vista Aquele que é a Luz do mundo; nessa Luz, enxergaremos o caminho a seguir.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. De acordo com o que foi exposto nesta lição, responda: qual a diferença entre justiça imputada e justiça infundida?
R.: A diferença entre uma e outra é que a justiça imputada pressupõe que continuamos dependentes de Cristo em todos os sentidos, pois ela (a justiça) continua sendo Dele, plena e exclusivamente. Se eia fosse transmitida (ou infundida), em alguma medida, passaria a haver (nessa transmissão) justiça em nós mesmos, fazendo-nos, assim, coparticipantes da salvação.
Para sermos fiéis à consciência do Evangelho, o que podemos afirmar é que os católicos romanos ainda não compreenderam o profundo significado da salvação que Deus, por Sua graça, oferece-nos, unicamente, pela fé em Cristo.
► Lição 12: O Espírito Santo e o Futuro da Igreja
Lições Bíblicas Jovens e Adultos - Central Gospel 4º Trimestre de 2017 Tema: Reforma Protestante – História, ensinos e legado
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