Há no mundo uma tendência de se opor ao tabagismo e restringi-lo em lugares públicos. Em Nova York, entrou em vigor uma lei que proíbe o fumo em 1.700 parques e praças, além de banir o consumo de cigarros ao longo de 22,5 km de praias da cidade. Ministérios da saúde de diversos países não têm medido esforços para alertar a população acerca dos riscos de ingerir as substâncias tóxicas contidas no tabaco.
Hoje é o Dia Mundial sem Tabaco. E aproveito para responder a uma pergunta que me fazem com frequência: “O que a Bíblia diz sobre o tabaco?” E minha resposta é simples: nada. “Então, não é pecado fumar?” Calma... Vamos devagar, lembrando sempre que a Bíblia também é um livro de princípios, e não apenas um manual de mandamentos do tipo pode/não pode
( Fp 4.8; 1 Ts 5.22).
Não existe nenhum mandamento bíblico específico a respeito do uso do tabaco, como “Não fumarás”. Também não há em Apocalipse — e em nenhuma outra parte das Escrituras! — o versículo que muitos citam para combater o vício: “Os viciados não herdarão o reino de Deus”. A despeito disso, é evidente que o servo do Senhor deve se afastar dos vícios (Jó 11.11; Dn 6.4).
Conquanto não haja proibição expressa ao ato de fumar, nem todas as coisas lícitas (não proibidas expressamente) convêm ao salvo em Cristo (1 Co 6.12). Se o consumo de tabaco gera dependência e, como se sabe, é prejudicial à saúde; se o cristão é templo do Espírito Santo (1 Co 6.19,20); se a Bíblia diz que aquele que destrói esse templo, Deus o destruirá (1 Co 3.16,17), não temos base bíblica para concluir que o servo de Deus deve evitar o fumo?
Muitos cristãos defensores do tabaco se apegam ao fato de não haver na Bíblia mandamentos específicos a respeito do assunto. Mas não nos esqueçamos de que, na relação das obras da carne, mencionam-se a prostituição, a glutonaria, as bebedices, várias outras obras pecaminosas e “coisas semelhantes a estas” (Gl 5.19-21). Por que o ato de fumar não pode ser uma dessas “coisas” similares às que destroem o templo do Espírito Santo?
Penso que, se Paulo escrevesse a Epístola aos Gálatas hoje, incluiria o tabagismo entre as obras da carne. Por quê? Porque, naquela época, não se conhecia o fumo na Europa. Como se sabe, os primeiros carregamentos de tabaco para consumo entre os nobres europeus partiram do Brasil. É provável que a primeira plantação de tabaco para exportação do mundo tenha sido uma roça paulista de 1548, de acordo com o pesquisador Leandro Narloch (Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, São Paulo: Leya, 2009).
Se os europeus contribuíram decisivamente para tornar os índios alcoólatras, estes apresentaram àqueles o fumo. Até os navegadores descobrirem a América, não havia cigarros na Europa, tampouco o costume de tragar fumaça. Os índios americanos, de modo geral, não só fumavam, como também mascavam e cheiravam a folha de tabaco. A planta, para eles, tinha ligação com os espíritos e era fumada antes de guerras, bem como por prazer e para aliviar dores.
No século XVI, o fumo foi levado como amostra para o rei de Portugal. E a planta chamou muito a atenção de Jean Nicot, embaixador francês em terras lusitanas, o qual mandou, em 1560, uma remessa de fumo para a rainha Catarina de Médici. Como a erva caiu no gosto da corte francesa, Nicot acabou emprestando o sobrenome para a substância nicotina e para o seu nome científico: Nicotiana tabacum.
Padres e pastores do passado fizeram vista grossa para a chamada “chupeta do demônio”. Alguns até davam umas tragadas “para a glória de Deus”, acreditando — equivocadamente — que a “erva santa” fazia bem à saúde, eliminava o catarro, aliviava o estômago, etc. Com a industrialização do cigarro, o hábito de fumar tabaco tem resultado numa catástrofe, com milhões de mortes, a ponto de a Organização Mundial de Saúde (OMS) prever que o fumo matará um bilhão de pessoas no presente século.
Não faria sentido o apóstolo Paulo incluir o tabagismo entre as obras da carne, visto que o tabaco sequer existia na Europa, à época. Mas a Bíblia possui mandamentos e princípios gerais suficientes para nos convencer de que o ato de fumar, além de fazer mal à saúde, não é compatível com a vida cristã, não é mesmo?Ciro Sanches Zibordi
Não existe nenhum mandamento bíblico específico a respeito do uso do tabaco, como “Não fumarás”. Também não há em Apocalipse — e em nenhuma outra parte das Escrituras! — o versículo que muitos citam para combater o vício: “Os viciados não herdarão o reino de Deus”. A despeito disso, é evidente que o servo do Senhor deve se afastar dos vícios (Jó 11.11; Dn 6.4).
Conquanto não haja proibição expressa ao ato de fumar, nem todas as coisas lícitas (não proibidas expressamente) convêm ao salvo em Cristo (1 Co 6.12). Se o consumo de tabaco gera dependência e, como se sabe, é prejudicial à saúde; se o cristão é templo do Espírito Santo (1 Co 6.19,20); se a Bíblia diz que aquele que destrói esse templo, Deus o destruirá (1 Co 3.16,17), não temos base bíblica para concluir que o servo de Deus deve evitar o fumo?
Muitos cristãos defensores do tabaco se apegam ao fato de não haver na Bíblia mandamentos específicos a respeito do assunto. Mas não nos esqueçamos de que, na relação das obras da carne, mencionam-se a prostituição, a glutonaria, as bebedices, várias outras obras pecaminosas e “coisas semelhantes a estas” (Gl 5.19-21). Por que o ato de fumar não pode ser uma dessas “coisas” similares às que destroem o templo do Espírito Santo?
Penso que, se Paulo escrevesse a Epístola aos Gálatas hoje, incluiria o tabagismo entre as obras da carne. Por quê? Porque, naquela época, não se conhecia o fumo na Europa. Como se sabe, os primeiros carregamentos de tabaco para consumo entre os nobres europeus partiram do Brasil. É provável que a primeira plantação de tabaco para exportação do mundo tenha sido uma roça paulista de 1548, de acordo com o pesquisador Leandro Narloch (Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, São Paulo: Leya, 2009).
Se os europeus contribuíram decisivamente para tornar os índios alcoólatras, estes apresentaram àqueles o fumo. Até os navegadores descobrirem a América, não havia cigarros na Europa, tampouco o costume de tragar fumaça. Os índios americanos, de modo geral, não só fumavam, como também mascavam e cheiravam a folha de tabaco. A planta, para eles, tinha ligação com os espíritos e era fumada antes de guerras, bem como por prazer e para aliviar dores.
No século XVI, o fumo foi levado como amostra para o rei de Portugal. E a planta chamou muito a atenção de Jean Nicot, embaixador francês em terras lusitanas, o qual mandou, em 1560, uma remessa de fumo para a rainha Catarina de Médici. Como a erva caiu no gosto da corte francesa, Nicot acabou emprestando o sobrenome para a substância nicotina e para o seu nome científico: Nicotiana tabacum.
Padres e pastores do passado fizeram vista grossa para a chamada “chupeta do demônio”. Alguns até davam umas tragadas “para a glória de Deus”, acreditando — equivocadamente — que a “erva santa” fazia bem à saúde, eliminava o catarro, aliviava o estômago, etc. Com a industrialização do cigarro, o hábito de fumar tabaco tem resultado numa catástrofe, com milhões de mortes, a ponto de a Organização Mundial de Saúde (OMS) prever que o fumo matará um bilhão de pessoas no presente século.
Não faria sentido o apóstolo Paulo incluir o tabagismo entre as obras da carne, visto que o tabaco sequer existia na Europa, à época. Mas a Bíblia possui mandamentos e princípios gerais suficientes para nos convencer de que o ato de fumar, além de fazer mal à saúde, não é compatível com a vida cristã, não é mesmo?Ciro Sanches Zibordi
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