O empreiteiro e delator do petrolão Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, afirmou que pagou 20.251.000 de reais ao PT em dez anos, de 2004 a 2014, como propina vinculada a contratos da empresa com a Petrobras. Pessoa entregou à Justiça Federal planilhas que corroboram seu depoimento, prestado em maio como acordo de colaboração premiada na Operação Lava Jato.
A contabilidade da propina inclui uma “conta corrente” que tinha como “cliente” o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, preso na Lava Jato. A tabela está intitulada “JVN – PT”. O saldo indica que a UTC pagou a Vaccari um “pixuleco” total estimado em 3.921.000 de reais, em espécie, entre 2008 e 2013, por fora dos acordos de contribuição direta ao PT. Segundo Ricardo Pessoa, também por indicação de Vaccari, diretórios do partido receberam outros 16,6 milhões de reais, em época de campanha eleitoral ou não.
“A maioria dos pagamentos feitos para o PT era por meio de doações oficiais, mas por vezes Vaccari pediu valores em espécie por fora”, disse Pessoa. Ele afirmou não ter certeza sobre o destino dos 3,9 milhões pagos em espécie a Vaccari, embora o petista também dissesse que eram arrecadados para o partido.
Os pagamentos a Vaccari eram realizados por meio do doleiro Alberto Youssef, que administrava o caixa paralelo. O dono da UTC também revelou uma série de reuniões com Vaccari e disse que o petista chegava à sede da construtora sozinho, dirigindo um veículo Santa Fé, e levava os valores em mochilas. As visitas para tratar dos “assuntos políticos” ocorriam a cada 30 ou 45 dias. Outras reuniões foram realizadas em hotéis de luxo no Rio de Janeiro.
Segundo Ricardo Pessoa, Vaccari tinha uma memória “prodigiosa” para guardar valores de propina e rasgava as anotações e descartava em um cinzeiro ao fim das reuniões. “Vaccari picava os documentos e jogava os papeis, bem pequenos, no cinzeiro”. Pessoa disse que foi apresentado a Vaccari por José de Filippi Jr, ex-tesoureiro da campanha de Lula em 2006. Ele disse que Vaccari atuou como arrecadador informal de campanhas desde 2007, apesar de só ter assumido a secretaria nacional de Finanças do PT em 2010.
Pessoa disse à força-tarefa da Lava Jato que Vaccari cobrava propina de forma “elegante e polida” e que travava o tema como “contribuições políticas”. Ele afirmou que o tesoureiro obtinha do ex-diretor de Serviços Renato Duque, indicado pelo partido, informações acerca dos contratos e valores fechados pela UTC com a Petrobras e que a propina destinada ao PT girava em torno de 1% do valor total desses contratos. Duque e o então gerente de Serviços Pedro Barusco ficavam com metade desse valor, uma parcela “da casa”, conforme depoimento do empreiteiro.
O sigilo sobre a delação de Pessoa foi levantado pela Justiça nesta terça-feira. Ele afirmou que os pagamentos de propina por contratos da Petrobras começaram em 2004, com a obra da P-53 em Rio Grande (RS) e se estenderam até 2014, parte na forma de doações de campanha registradas no Tribunal Superior Eleitoral.
Ricardo Pessoa também disse que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu fechou com ele contratos de consultoria para a prospecção de negócios para a UTC Engenharia em países como Peru, Colômbia, Equador, Cuba e Espanha. A alegação do petista é de que ele conhecia os países e seus governantes e que poderia acionar contatos políticos para obter negócios. Segundo o delator, ele esperava obter contratos no exterior por entender que autoridades se posicionariam assim: “Eu vou dar a obra para este cara aqui porque o José Dirceu pediu”. Pessoa chegou a consultar outros empreiteiros sobre as vantagens de colocar Dirceu como intermediário. O então vice-presidente da construtora Engevix Gerson Almada recomendou os serviços do ex-ministro, enquanto Leo Pinheiro, da OAS, “enrolou” e não respondeu.
De acordo com o empreiteiro, a UTC acertou com Dirceu contrato de consultoria primeiro no Peru ao custo de 1,2 milhão de reais, dividido em 12 parcelas de 100.000 reais cada e negociado com o irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva. Embora não tenha conseguido nenhum contrato para a UTC em território peruano, o empresário disse ter recebido pedido para o pagamento de aditivos da ‘consultoria’ após o envolvimento de Dirceu com o escândalo do mensalão. Ele afirmou que o primeiro aditivo foi pedido pelo próprio petista e disse repassou dinheiro ao ex-ministro até quando ele já estava preso no presídio da Papuda, condenado pelo crime de corrupção.
Com o “consultor” preso, Ricardo Pessoa procurou o então tesoureiro petista João Vaccari Neto para abater, do valor pago a Dirceu, a propina que devia ao PT por obras da Petrobras e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Mas o então dirigente partidário concordou em descontar apenas 1,69 milhão de reais.
A pedido de Dirceu, Ricardo Pessoa disse ter feito ainda uma doação oficial de 100.000 mil à campanha do filho do petista, o deputado federal Zeca Dirceu. Esse valor não foi abatido dos valores devidos ao PT ou ao próprio ex-ministro.
Fonte: Veja
A contabilidade da propina inclui uma “conta corrente” que tinha como “cliente” o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, preso na Lava Jato. A tabela está intitulada “JVN – PT”. O saldo indica que a UTC pagou a Vaccari um “pixuleco” total estimado em 3.921.000 de reais, em espécie, entre 2008 e 2013, por fora dos acordos de contribuição direta ao PT. Segundo Ricardo Pessoa, também por indicação de Vaccari, diretórios do partido receberam outros 16,6 milhões de reais, em época de campanha eleitoral ou não.
“A maioria dos pagamentos feitos para o PT era por meio de doações oficiais, mas por vezes Vaccari pediu valores em espécie por fora”, disse Pessoa. Ele afirmou não ter certeza sobre o destino dos 3,9 milhões pagos em espécie a Vaccari, embora o petista também dissesse que eram arrecadados para o partido.
Os pagamentos a Vaccari eram realizados por meio do doleiro Alberto Youssef, que administrava o caixa paralelo. O dono da UTC também revelou uma série de reuniões com Vaccari e disse que o petista chegava à sede da construtora sozinho, dirigindo um veículo Santa Fé, e levava os valores em mochilas. As visitas para tratar dos “assuntos políticos” ocorriam a cada 30 ou 45 dias. Outras reuniões foram realizadas em hotéis de luxo no Rio de Janeiro.
Segundo Ricardo Pessoa, Vaccari tinha uma memória “prodigiosa” para guardar valores de propina e rasgava as anotações e descartava em um cinzeiro ao fim das reuniões. “Vaccari picava os documentos e jogava os papeis, bem pequenos, no cinzeiro”. Pessoa disse que foi apresentado a Vaccari por José de Filippi Jr, ex-tesoureiro da campanha de Lula em 2006. Ele disse que Vaccari atuou como arrecadador informal de campanhas desde 2007, apesar de só ter assumido a secretaria nacional de Finanças do PT em 2010.
Pessoa disse à força-tarefa da Lava Jato que Vaccari cobrava propina de forma “elegante e polida” e que travava o tema como “contribuições políticas”. Ele afirmou que o tesoureiro obtinha do ex-diretor de Serviços Renato Duque, indicado pelo partido, informações acerca dos contratos e valores fechados pela UTC com a Petrobras e que a propina destinada ao PT girava em torno de 1% do valor total desses contratos. Duque e o então gerente de Serviços Pedro Barusco ficavam com metade desse valor, uma parcela “da casa”, conforme depoimento do empreiteiro.
O sigilo sobre a delação de Pessoa foi levantado pela Justiça nesta terça-feira. Ele afirmou que os pagamentos de propina por contratos da Petrobras começaram em 2004, com a obra da P-53 em Rio Grande (RS) e se estenderam até 2014, parte na forma de doações de campanha registradas no Tribunal Superior Eleitoral.
Ricardo Pessoa também disse que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu fechou com ele contratos de consultoria para a prospecção de negócios para a UTC Engenharia em países como Peru, Colômbia, Equador, Cuba e Espanha. A alegação do petista é de que ele conhecia os países e seus governantes e que poderia acionar contatos políticos para obter negócios. Segundo o delator, ele esperava obter contratos no exterior por entender que autoridades se posicionariam assim: “Eu vou dar a obra para este cara aqui porque o José Dirceu pediu”. Pessoa chegou a consultar outros empreiteiros sobre as vantagens de colocar Dirceu como intermediário. O então vice-presidente da construtora Engevix Gerson Almada recomendou os serviços do ex-ministro, enquanto Leo Pinheiro, da OAS, “enrolou” e não respondeu.
De acordo com o empreiteiro, a UTC acertou com Dirceu contrato de consultoria primeiro no Peru ao custo de 1,2 milhão de reais, dividido em 12 parcelas de 100.000 reais cada e negociado com o irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva. Embora não tenha conseguido nenhum contrato para a UTC em território peruano, o empresário disse ter recebido pedido para o pagamento de aditivos da ‘consultoria’ após o envolvimento de Dirceu com o escândalo do mensalão. Ele afirmou que o primeiro aditivo foi pedido pelo próprio petista e disse repassou dinheiro ao ex-ministro até quando ele já estava preso no presídio da Papuda, condenado pelo crime de corrupção.
Com o “consultor” preso, Ricardo Pessoa procurou o então tesoureiro petista João Vaccari Neto para abater, do valor pago a Dirceu, a propina que devia ao PT por obras da Petrobras e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Mas o então dirigente partidário concordou em descontar apenas 1,69 milhão de reais.
A pedido de Dirceu, Ricardo Pessoa disse ter feito ainda uma doação oficial de 100.000 mil à campanha do filho do petista, o deputado federal Zeca Dirceu. Esse valor não foi abatido dos valores devidos ao PT ou ao próprio ex-ministro.
Fonte: Veja
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