Em 17 de julho, o governo da presidente Dilma Rousseff foi alvo de um bombardeio direto da Câmara dos Deputados. O presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), uma antiga pedra no sapato da petista, formalizou o rompimento com o Planalto e anunciou que migraria para o campo de oposição, articulando em seguida uma série de propostas com potencial de causar constrangimentos ao Executivo, como a criação da CPI do BNDES. Menos de dois meses depois e sem um articulador capaz de acalmar o Congresso, Dilma se viu obrigada a sentar-se à mesa com Cunha, em reunião privada, para tentar garantir a aprovação do Orçamento de 2016, que prevê um rombo inédito de 30,5 bilhões de reais.
A conversa entre eles durou cerca de uma hora. Essa foi a primeira vez que Cunha e Dilma se reuniram desde o rompimento do peemedebista com o governo. Ao chegar à Câmara, ele adotou um tom conciliatório e disse que está “disposto” a colaborar. “Todos nós estamos dispostos a ajudar o país. As instituições têm de estar presentes para isso”, afirmou o presidente da Câmara. “Não se pode jogar a responsabilidade sobre os nossos ombros, não fomos nós que geramos essa situação. Mas também temos de participar, já que nós também sofremos as consequências daquilo que pode acontecer de ruim nas contas públicas”, continuou.
De acordo com o peemedebista, a preocupação do governo está principalmente na aprovação do Orçamento e na contenção de projetos que possam trazer prejuízos aos cofres públicos. “O que a gente precisa mostrar para o mercado é que a dívida bruta não será aumentada. E a dívida já foi aumentada esse ano com o aumento de juros. Só isso tem um impacto no Orçamento muito maior que o déficit no aumento da dívida. Então é preciso que se discuta o conjunto”, ponderou Cunha.
O peemedebista, que trabalha pela proposta de redução da inflada máquina pública para vinte ministérios, voltou a afirmar que espera gestos do Executivo. “Continuo achando que o governo deve fazer a sua parte, nem que seja simbólica. Nós somos contra aumento de impostos. A melhor sinalização é recuperar a confiança, e, em seguida, recuperar os níveis de arrecadação. Por menor que seja o corte, é muito importante o simbolismo”, disse Cunha. Ele, no entanto, negou que a redução de ministérios tenha sido discutida na reunião.
Cunha também evitou polemizar sobre o encontro e disse que está aberto a participar de outras reuniões com a presidente. “Não saio nem satisfeito nem triste. Saio normal, como entrei. Se havia algum tipo de dúvida de que se pode ter uma relação institucional, ficou claro que se pode ter”, afirmou.
Fonte: Veja
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