E ouvireis de guerras e de rumores de guerras: Mateus 24:6
Ao reforçar sua retórica beligerante em relação à Coreia do Norte, os EUA estão "fazendo o jogo" do líder Kim Jong-un, já que é vantajoso para Donald Trump que haja uma tensão na região, afirmou o acadêmico da Universidade de Economia da Rússia Plekhanov, Aleksandr Perendzhiev.
Mais cedo nesta sexta-feira (17), o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, afirmou durante sua viagem asiática que Washington não descarta a possibilidade de um "confronto militar" com Pyongyang, caso a Coreia do Norte continue ameaçando a Coreia do Sul e as tropas americanas lá instaladas.
"Neste caso, os EUA continuam se assemelhando à própria Coreia do Norte, bem como ao próprio Kim Jong-un, e até, em algum sentido, fazendo o jogo deles. Já que ultimamente o líder norte-coreano, após cada lançamento de mísseis balísticos, tem afirmado que Pyongyang destruiria os EUA logo que estes se atrevessem a responder.E quando ele começa fazendo tais declarações? Quando começam os exercícios navais e terrestres conjuntos dos EUA e Coreia do Sul, sendo que outros países aliados também se podem juntar a eles", explicou o especialista.
"A situação se limita ao fato de que antes, no governo Obama, os EUA não faziam um jogo tão evidentemente favorável a Pyongyang e agora, com a administração atual, esta retórica se tornou mais beligerante. Por quê? Porque Trump anunciou planos de fazer grandes investimentos em potencial nuclear, de instalar o sistema antimíssil na Coreia do Sul, de aumentar as forças navais e assim por adiante", continuou Perendzhiev.
Segundo ele, "Trump precisa da carta norte-coreana para justificar o aumento das despesas militares". "Nas condições de hoje, ele viu sua utilidade", observou.
Ao mesmo tempo, ele indicou que a postura dos EUA em relação à Coreia do Norte não mudou sob administração de Trump, já que anteriormente Washington também não descartava a solução militar do problema nuclear na península coreana. Neste aspecto, frisou Perendzhiev, há outro fator "tradicional" na abordagem americana.
"Cada presidente dos EUA, se pode dizer assim, escolhe para si um país ou um líder pária para acusá-lo de alguma coisa. Antes, eles se dedicaram a Kadhafi [ex-presidente da Líbia], a Mubarak [ex-presidente egípcio] e depois foi Assad. Mas, segundo entendi, o tema de Assad, de forma lenta e complicada, começou se movendo para segundo plano, ele já não é novidade. Entretanto, Trump precisa de um objeto de crítica "fresco", e aqui tem o Irã e a Coreia do Norte. Ou seja, nada muda na política dos EUA, Trump apenas continua seguindo essa linha", assegurou.
Entretanto, o analista sublinhou que os EUA ainda estão definindo sua postura quanto à Coreia do Norte e eles ainda "não afirmaram de modo claro que planejam usar precisamente a variante militar nas relações com a Coreia do Norte".
"Já houve uma declaração da parte americana, aliás, acerca de a Rússia e a China deverem determinar sua posição quanto à Coreia do Norte e que Washington está aguardando por este sinal. E, pelos vistos, Moscou e Pequim terão mesmo que responder de modo definitivo, só neste caso é que os EUA vão tomar uma decisão. Se não houver uma resposta precisa nossa, alguma reação quanto à Coreia do Norte, se houver silêncio por parte dos dois países-líderes da região, acredito que os EUA se podem encher de coragem e se envolverem em um conflito militar aberto com a Coreia do Norte", resumiu.
Fonte: Sputnik
https://br.sputniknews.com/mundo/201703177915741-tillerson-eua-coreia-do-norte-conflito-guerra/
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