20 de abril de 2018

A importância da disciplina na igreja

Texto Bíblico: Atos 5.1-11
Texto Áureo: Hebreus 12.11

O termo disciplina se origina do latim “disciplina”, que significa “ensino”, “educação”. Essa palavra se relaciona com “discípulo” (gr. mathetes).

Champlin (2001, p. 178) apresenta alguns usos específicos para o termo:
a. A manutenção de certas normas e requisitos por parte de seguidores de grupos e ideologias específicas;
b. Aponta para qualquer sistema ascético e de mortificação do corpo;
c. Está relacionado com a idéia de açoite, principalmente no contexto da vida monástica;
d. Trata dos métodos mediante os quais um modo de vida é posto em execução, bem como as penas aplicadas aos que erram;
e. O treinamento sistemático que prepara uma pessoa para alguma tarefa específica;
f. Aponta para uma matéria específica na educação formal.

Shedd (2002, p. 13-35), identifica os seguintes termos para “disciplina” no Novo Testamento:
a. Ensino (didaskalia), conforme Mt 28.20;
b. Exortação (paraklesis), conforme 1 Tm 4.13;
c. Educação (paideia), conforme Hb 12.4-11;
d. Admoestação (nouthesia), conforme 1 Co 4.14;
e. Repreensão e Convicção (elegxis; elegchos; elegmos; “expor à luz”, “convencer”, “punir”), conforme Jo 16.8;
f. Correção (orthos, “reto”; epannothosin “correção”, etc.), conforme 2 Tm 3.15-17 e Ef 4.12.

Muito esclarecedora é a abordagem de Barcley (2000, p. 119-120), no estudo sobre o termo katartizeim. Um dos seus significados no grego clássico é "ajustar, pôr em ordem, restaurar". Aplicada à disciplina cristã, fica evidente que a mesma nunca visa um mero castigo retribuidor, uma vingança contra o malfeitor. A disciplina visa "emendar" e "consertar" um indivíduo que sofreu danos e ferimentos com o seu erro.

A disciplina visa "equipá-lo" para melhor enfrentar as tentações e para enfrentar a luta e as exigências da vida. [...] Assim, ao estudarmos esta palavra, vemos que a disciplina cristã nunca é vingativa, nem retributiva, nem sádica. Sempre é construtiva. É aplicada sempre e somente com a intenção de ajudar o homem que errou a fazer o melhor." (Idem)

Conforme Andrade (1998, p. 123-124):
“[...] A correção é a essência da disciplina; o amor, a alma da correção, pois o Senhor Deus castiga a todos quanto ama, e aqueles a quem toma por filho. [...] Disciplinar não é banir; é ensinar tendo como base o amor, a justiça, a santidade e a sabedoria; é tornar o santo mais santo”.

A disciplina é percebida por Thiessen (1987, p. 312) como um meio de purificação e santificação da igreja:

A igreja primitiva praticava a disciplina eclesiástica, e a Igreja de hoje não está dispensada desta obrigação (At 5.11; Mt 18.17; 1 Co 5.6-8, 13; Rm 16.17; 2 Ts 3.6, 14; Tt 3.10, 11; 2 Jo 10). Divisões, heresias, imoralidades, etc. são mencionadas como causa para disciplina. É somente a respeito da Igreja verdadeira que será dito no dia da volta de Cristo: " cuja esposa a si mesma se ataviou" (Ap 19.7); mas a igreja local deve ser tão parecida com a Igreja verdadeira quanto for possível. Nestes dias de lassidão e frouxidão na vida da igreja, esta doutrina precisa ser de novo enfatizada.

EXEMPLOS DE DISCIPLINA NO NOVO TESTAMENTO
Por seu caráter corretivo, e não por seus efeitos, Shedd (Idem, p. 53-67) chama os exemplos abaixo de disciplina negativa:

1. O homem que cometeu incesto (1 Co 5.1-8);
2. A igreja de Corinto (1 Co 11.30-32);
3. Ananias e Safira (At 5.1-11);
4. Simão, o mágico (At 8);
5. Himineu e Alexandre (2 Co 2.17-18; 1 Tm 1.20);
6. Os hereges (Gl 1.9);
7. Os que pecam para a morte (1 Jo 5.16-17)

A Bíblia de Estudo Pentecostal em sua nota de rodapé de Hb 12.5 diz que:
A disciplina do Senhor tem dois propósitos: (a) que não sejamos, por fim, condenados com o mundo (1 Co 11.31-32), e (b) que compartilhemos da santidade de Deus e continuemos a viver uma vida santificada, sem a qual nunca veremos o Senhor (vv. 10, 11, 14).

Estes são alguns dos motivos que devem nortear a disciplina na igreja.
A Bíblia de Estudo Dake, em sua nota sobre Hb 12.6a, aponta 8 razões do quando e do porquê da correção de Deus:

1. Quando os homens se recusam a ouvir (Jó 33);
2. Quando eles cometem iniquidade (2 Sm 7.14);
3. Quando os homens provocam a Deus (Sl 6.1; 38.1);
4. Quando os homens se esquecem de Deus (Sl 89.30-32);
5. Quando os homens se recusam a julgar a si mesmos (1 Co 11.32);
6. Quando os homens se rebelam (Dt 11.2-6; Lv 23, 14.31; Nm 14);
7. Quando os homens semeiam na carne (Gl 6.7-8);
8. Quando seus filhos precisam de instrução e correção (Hb 12.5-10; Ap 3.19)

Citamos mais uma vez Shedd (Ibidem, p. 10) na conclusão deste subsídio, que declara:
Concluímos que não disciplinar os errados significa correr o risco de cair na posição de confundir a Igreja com o mundo e vice-versa. Mas a disciplina rigorosa incorre num perigo igualmente sério de cisma, dividindo irmãos e destruindo o santuário de Deus’ (i.e. a Igreja 1 Co 3.16).

COMO DISCIPLINAR (QUESTÕES ATUAIS)

A maneira de aplicar a disciplina pode colaborar com a restauração ou com a destruição do disciplinado. Algumas questões são dignas de consideração:

- A padronização da disciplina. Não existe um padrão único de disciplina. Erram os que estabelecem um único padrão de disciplina (forma, tempo, etc.) para cada tipo de erro ou pecado, sem considerar as pessoas e as circunstâncias envolvidas. O pecado de Davi era para morte (Lv 20.10), mas Deus através do profeta disse “não morrerás” (2 Sm 12.13). Uma disciplina alternativa lhe foi imposta (2 Sm 12.14).

- A sadimização da disciplina. Muitos sentem prazer na tristeza, sofrimento e na desgraça dos outros. Disciplinam com sadismo. Se alegram com o erro, fracasso e tragédia alheia. (Rm 12.15);

- A omissão da disciplina. Não disciplinar é uma postura irresponsável e diretamente contrária ao que recomenda a Bíblia Sagrada (Hb 12.11). A omissão da disciplina acontece por vezes motivada por amizades, parentesco, condição econômica e social, posição ministerial, etc. Dessa forma, quanto mais amigo se é, quanto maior o grau de parentesco for, quanto mais dinheiro tiver, quanto mais importante for, quanto maior posição possuir, menos ou nenhuma disciplina.

- A parcialização da disciplina. Pelos mesmos motivos acima citados, em alguns litígios, a parte culpada é absolvida e a inocente tida como culpada e em seguida disciplinada (punida, castigada).

- A banalização da disciplina. A banalização da disciplina acontece, quando sem nenhum sinal de arrependimento ou contrição, o pecador é recebido ou integrado novamente na comunidade cristã.

Uma questão muito séria nos dias atuais é o caso de membros e líderes que ao serem disciplinados (ou entendem que serão), recorrem às ameaças e à justiça buscando ressarcimento pelos "danos morais" e "constrangimentos" sofridos. Por esta causa, a disciplina está deixando de ser aplicada na igreja, o que a médio e longo prazo produzirá um grande prejuízo espiritual e moral.

É preciso repensar a disciplina, não abusando da mesma, nem negligenciando o seu valor restaurador. É necessário aplicá-la como amor.

SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS E OBRAS CONSULTADAS
- Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
- Bíblia de Estudo Dake, CPAD.
- Dicionário Teológico, CPAD.
- Dicionário Vine, CPAD.
- Disciplina na Igreja, VIDA NOVA.
- Depois do Sacrifício: estudo prático da carta aos hebreus, VIDA.
- Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, HAGNOS.
-Palestras em Teologia Sistemática, IBR.
-Palavras Chaves do Novo Testemaento, VIDA NOVA
- Vocabulário Latino, LIVRARIA GARNIER.
Fonte: www.altairgermano.net



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