Dos três, Cunha foi o único que não teve a delação aceita. Os outros continuam com as negociações
Enquanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) enterrou na sexta-feira (11) as negociações de uma delação premiada com o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o operador do ex-deputado, Lúcio Bolonha Funaro, deve fechar um acordo com procuradores nos próximos dias. O conteúdo entregue por Funaro reforça dados de algumas investigações relacionadas ao presidente Michel Temer. Mas na avaliação de uma fonte ouvida pelo informativo ‘Valor’, não haveria uma “bala de prata” com potencial para derrubar o presidente.
Já as negociações para uma delação do ex-ministro Antonio Palocci estão próximas de serem descartadas.
Funaro vem trabalhando intensamente em sua proposta de delação desde o começo de julho, quando foi transferido do presídio da Papuda para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, de onde tem contato facilitado com advogados e procuradores. O conteúdo e as provas apresentadas pelo doleiro foram considerados satisfatórios pelo Ministério Público. Mas procuradores e advogados ainda não chegaram a um consenso quanto a pena e multa a serem imputadas. A partir de agora, o fechamento do acordo dependeria apenas disso.
Se o acordo for de fato assinado, Funaro deverá começar a prestar os depoimentos formalmente detalhando o conteúdo que se dispôs a apresentar.
Segundo apuração do ‘Valor’, a delação de Funaro inclui informações sólidas sobre atividades financeiras de Cunha e do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, Geddel Vieira Lima, além de fatos implicando outros integrantes do PMDB. Ele também apresenta dados sobre políticos e empresários para os quais afirma ter construído blindagem patrimonial, expediente usado para ocultar origem de dinheiro ilícito ou não declarado.
Ao contrário do que ocorre na maior parte dos casos da Lava Jato, em que delegados e procuradores deixaram de trabalhar conjuntamente nas negociações dos acordos, os advogados de Funaro também conversam com a Polícia Federal (PF). O objetivo é fechar uma delação conjunta entre Ministério Público e PF.
Apesar do avanço das conversas com o operador de Eduardo Cunha, as negociações com o ex-deputado foram enterradas. Na sexta-feira, procuradores devolveram à defesa de Cunha todos os anexos apresentados por ele, que continham os resumos dos crimes e pessoas que ele pretendia entregar. Os investigadores rejeitaram a proposta avaliando que Cunha não apresentou provas do que disse e omitiu fatos relevantes. De acordo com uma fonte que acompanhou as negociações, o ex-presidente da Câmara “atirou em Deus e todo o mundo” sem apresentar indícios de corroboração nem meios de obtenção de provas. Além disso, deixou de entregar o esquema de corrupção no Rio de Janeiro. Sobre o presidente Michel Temer, ele teria apresentado “só bobagem sem nenhum indício”.
Assim como no caso de Cunha, as negociações de procuradores da Lava Jato de Curitiba e de Brasília para o acordo de delação premiada de Palocci se revelaram frustrantes. De acordo com pessoas ouvidas pela reportagem, Palocci falou muito, mas quase não apresentou indícios de corroboração ou meio para obtenção de provas do que relatou. A avaliação de investigadores é que Palocci se coloca “na posição de um gestor público”, sem auto incriminar-se ou revelar todos os fatos que conhece.
Palocci e seus advogados correm contra o tempo. Eles têm até o mês que vem para fechar o acordo. No dia 17 de setembro termina o mandato do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e terá início a gestão de Raquel Dodge. Enquanto os métodos de negociação da equipe de Janot são conhecidos, a conduta a ser seguida pela futura procuradora-geral para os acordos de delação ainda é uma incógnita.
Ex-ministro da Fazenda no governo Luiz Inácio Lula da Silva e da Casa Civil na gestão Dilma Rousseff, Palocci já foi condenado a 12 anos, 2 meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo a suposta conta corrente da Odebrecht, com propinas milionárias pagas ao PT. Segundo a PF, a conta seria gerenciada pelo ex-ministro. Preso preventivamente em Curitiba desde setembro do ano passado, Palocci responde ainda a uma ação penal conduzida pelo juiz Sergio Moro, na qual Lula também é réu e que também diz respeito a supostas propinas da Odebrecht.
Fonte: Valor
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