Instituições financeiras lançaram antecipação do valor para os correntistas, com cobrança de juros
Os saques das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) inativas ainda não foram liberados pelo governo, e o calendário só deve ser divulgado no início do mês que vem, mas instituições financeiras lançam ou avaliam disponibilizar serviços que antecipam o valor para os correntistas, com cobrança de juros.
O Santander anunciou nesta segunda-feira (16) que a liberação do dinheiro já está disponível para os clientes. O valor correspondente ao saldo do FGTS será liberado em até 24 horas na conta corrente, e o pagamento será realizado em uma única parcela, na data em que o valor for liberado pelo governo. Há também a possibilidade de liquidação antecipada do empréstimo, com abatimento de juros. A taxa do financiamento varia de 2,59% a 4,59% ao mês.
A linha estará disponível para os correntistas com saldo a resgatar e que disponham de limites pré-aprovados pelo banco. Não será obrigatório apresentar garantias ou comprovações.
O Banco do Brasil informou que o tema está sob avaliação e, caso haja definição em liberar a linha de crédito com tal finalidade, haverá ampla comunicação aos clientes e à imprensa.
O Bradesco também disse que está avaliando o produto.
O ‘G1′ entrou em contato com outros bancos para saber se terão linhas similares e aguarda retorno.
Liberação em fevereiro
O governo anunciou no final do ano passado a liberação para saque do saldo das contas do FGTS inativas até 31 de dezembro de 2015.
Conta inativa de FGTS é aquela em que o empregado deixa de receber os depósitos do empregador por extinção ou rescisão do contrato de trabalho. Antes, só tinha direito a sacar o FGTS de uma conta inativa quem estivesse desempregado por, no mínimo, três anos ininterruptos. O trabalhador não pode sacar o FGTS de uma conta ativa, ou seja, depositado pelo empregador atual.
O calendário para liberação dos saques só deve ser divulgado no início de fevereiro, segundo o governo, e levará em conta a data de nascimento dos beneficiários.
O trabalhador pode consultar o saldo no site da Caixa ou do próprio FGTS e através de aplicativo para smartphones e tablets (com versão para Android, iOS e Windows). É possível ainda fazer um cadastro para receber informações do FGTS por mensagens no celular ou por e-mail.
Segundo o governo, cerca de 10, 2 milhões de trabalhadores poderão sacar o dinheiro e a maior parte das contas inativas tem saldo de menos de um salário mínimo.
Quando vale a pena antecipar
Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, afirma que a antecipação só vale a pena para os contribuintes que estão realmente precisando com urgência do dinheiro, como para a realização de uma cirurgia, por exemplo.
Outras situações, como pagamento de dívidas com cheque especial e cartões de crédito, também compensa, pois os juros nas duas modalidades são muito mais altos do que os que serão pagos com a antecipação para o banco.
“Só é vantajoso quando o cheque está totalmente estourado ou o consumidor está pagando o cartão de crédito só na parcela mínima. Esse dinheiro da antecipação pode servir para regularizar um pouco a situação”, explica.
Para pagar IPTU, IPVA ou despesas escolares dos filhos pode não ser uma boa ideia pedir a liberação do dinheiro, segundo ele, pois é mais vantajoso usar o parcelamento proposto pelo próprio financiador, pois os juros embutidos ainda são menores do que os do banco.
Domingos ressalta que usar o dinheiro agora do FGTS para pagar dívidas não combate a causa do problema, e sim o efeito. “Trocam-se taxas mais altas por mais baixas, mas é preciso fazer uma análise da verdadeira causa do problema financeiro, repensando a forma de gastar o dinheiro”, diz.
O consultor alerta que os bancos costumam antecipar os valores do 13º salário, do PIS/Pasep, do imposto de renda e até da PLR (participação nos lucros e resultados), mas é preciso tomar cuidado e não pegar o dinheiro para deixá-lo na conta corrente ou usá-lo para consumo próprio, por exemplo.
“Não pode ser impulsivo, tem que ter consciência para usar o dinheiro. Pegar o dinheiro remedia a vida, mas não resolve a causa da inadimplência”, conclui.
Fonte: G1
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