Situadas no norte da Etiópia, as igrejas escavadas de Lalibela se transformaram com o passar do tempo em um dos principais atrativos turísticos do país. A história e o conceito que simbolizam essas construções ultrapassam o conhecimento que a grande maioria das pessoas tem sobre o continente africano.
Localizada a 640 quilômetros da capital Adis Abeba, as igrejas são donas de uma arquitetura revolucionária e foram construídas por ordens do rei Lalibela, que durante sua juventude passou por Jerusalém e viu a cidade dominada pelos árabes, impedindo assim os cristãos de exercerem suas tradições. Ao voltar para a Etiópia ele resolveu criar sua própria Jerusalém no reino de Lalibela. Em tempo, Lalibela, nome escolhido em homenagem ao seu fundador, significa “as abelhas o obedecem”, já que segundo a lenda, um enxame de abelhas pousou sobre o corpo do rei em seu nascimento sem causar um dano sequer.
Foto: Iolanda Barros
Com 11 igrejas, um mosteiro e vários templos, as construções que formam uma cidade labiríntica escavada no subsolo foram esculpidas em pedras de uma maneira singular e pouco compreendida pela ciência contemporânea. As obras datam do século XII e tomaram forma de cima para baixo, levando cerca de 20 anos para ficarem prontas. Conta a lenda que mais de 20 mil homens foram necessários para colocar as igrejas de pé, e a população local afirma que, durante a noite, os anjos trabalhavam também para que tais construções se formassem.
Considerado um centro de peregrinação, o local sagrado recebe milhões de fiéis anualmente. As igrejas estão próximas umas das outras, divididas em dois grupos de cinco templos, interligados por túneis, sendo assim, desnecessário retornar até a superfície para circular entre elas. Hoje, importantes eventos da religião católica são celebrados no local como a visita dos três Reis Magos ao Menino Jesus, o batismo de Jesus Cristo no rio Jordão e seu primeiro milagre nas núpcias de Canaã.
A construção dos templos, que antecedeu a tradição europeia de grandes igrejas, é apontada como inspiração para o modelo Ocidental. O espaço, que foi feito especialmente para cultuar divindades e praticar atos religiosos, é uma inspiração africana que ultrapassou as fronteiras e se espalhou pelo mundo. Hoje as igrejas e templos pelo mundo com a mesma finalidade se apresentam nas mais diversas formas arquitetônicas e voltadas para adoração e culto de diferentes religiões em cada lugar. Pela importância histórica e arquitetônica, em 1978 as construções foram tombadas pela UNESCO como patrimônio da humanidade.
Cristianismo antes de muitos
Com mais da metade de sua população de 94 milhões formada por cristãos, a Etiópia é notada por cultivar o cristianismo ortodoxo desde o século IV d.C, quando o cristianismo pré-colonial foi instaurado na região, no então reino de Axum, comandado pelo líder Ezana. Contudo, nem as obras estrangeiras ou escritos locais fornecem uma data precisa quanto à introdução do cristianismo em Axum.
Foto: Iolanda Barros
Documentos apócrifos dão conta da existência de uma relação entre Axum e Constantinopla antes da oficialização da religião cristã. As trocas e relações comerciais entre os dois países e a presença de etíopes em Constantinopla durante o reinado de Constantino são indícios fortes para justificar tal afirmação. Diante dessa escassez de informações, especialistas especulam que o cristianismo tenha dado seus primeiros passos na Etiópia entre os anos de 350 e 360.
Fonte: Segredos da Arqueologia Bíblica
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