Ex-ministro da Cultura disse que gravou conversa em que pediu demissão
A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu nesta segunda-feira (28) à Polícia Federal as gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero em conversas telefônicas sobre a pressão que ele diz ter sofrido para liberar a construção de um prédio de luxo em Salvador, que havia sido barrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Entre as conversas, segundo o ex-ministro, em entrevista ao programa do Fantástico, da TV Globo, há um diálogo mantido com o presidente Michel Temer no qual Calero pediu demissão do cargo, no último dia 18 de novembro.
A PGR pediu os áudios para avaliar se pede autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), também envolvido no episódio. Para procuradores, um pedido de inquérito só pode ser feito se a PGR tiver todos os elementos probatórios que indiquem possível cometimento de crimes pelas autoridades.
Calero deixou o governo há pouco mais de uma semana, acusando o então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de tê-lo pressionado para reverter decisão do Iphan que havia barrado a construção do edifício La Vue, onde Geddel adquiriu um apartamento.
O caso levou Geddel a também pedir demissão do cargo e deixar o governo, na semana passada.
Tanto Temer quanto Padilha possuem o chamado “foro privilegiado”, e só podem ser investigados e processados por crimes comuns pelo STF, a mais alta Corte do país. Para isso, a investigação precisa ser autorizada por um dos 11 ministros do tribunal.
As gravações
Neste domingo (27), em entrevista ao Fantástico, Calero disse que a conversa telefônica que gravou com Temer teve conteúdo “burocrático” e “protocolar”.
“Eu fiz questão de que essa conversa fosse muito protocolar, que é a conversa da minha demissão. Eu tive a preocupação inclusive de não induzir o presidente a entrar em qualquer tema pra não criar prova contra si”, afirmou Calero.
Questionado se chegou a gravar alguma conversa com Geddel ou Padilha, Calero disse que não poderia responder a essa pergunta porque “poderia atrapalhar as investigações”. “Eu posso falar que houve as gravações, mas não posso falar dos interlocutores”, afirmou.
Fonte: G11
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