Nadadores relataram ter sofrido assalto que não ocorreu, segundo a polícia. Comitê Olímpico dos EUA pede desculpas por conduta de nadadores e afirma que comportamento dos atletas ‘não é aceitável’
O Comitê Olímpico dos Estados Unidos divulgou nota na noite desta quinta-feira (18) pedindo desculpas formais aos cariocas e ao povo brasileiro pela conduta dos nadadores americanos Ryan Lochte, James Feigen, Gunnar Bentz e Jack Conger, que relataram ter sofrido um assalto no Rio de Janeiro que não ocorreu.
A nota é assinada pelo presidente-executivo do Comitê Olímpico dos EUA, Scott Blackmun, para quem o comportamento dos atletas “não é aceitável e não representa os valores da delegação americana nem a conduta da maioria de seus membros”.
O executivo informa no documento que Bentz e Conger já retornaram ao país natal – na noite de quarta, os dois nadadores foram retirados de dentro de um avião ao tentarem deixar o Brasil.
Afirma também que Feigen – indiciado juntamente com Lochte por falsa comunicação de crime nesta quinta – prestou um novo depoimento, revisando o anterior, e espera que o passaporte do nadador “seja liberado o mais breve possível”.
Lochte já está nos EUA, pois retornou ao país na segunda-feira (15). Segundo o executivo, algum tipo de punição será avaliada quando todos os atletas tiverem retornado.
Já o diretor-executivo de natação do país, Chuck Wielgus, afirmou que “não tolera o lapso de jugalmento e de conduta que nos levou a este ponto”. Ele não cita especificamente o episódio na nota divulgada, mas afirma que “os últimos cinco dias foram difíceis”.
Falsa comunicação
O pronunciamento ocorre após dois dos nadadores serem indiciados por falsa comunicação de crime, segundo a GloboNews. Lochte e Feigen relataram ter sofrido um assalto que não ocorreu, segundo a Polícia Civil.
As investigações apontaram para uma confusão com funcionários de um posto de gasolina no Rio, mas não há indícios de roubo, como informou o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso.
Prevista no artigo 340 do Código Penal, a “falsa comunicação de crime” significa “provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado”. A pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa.
O tumulto começou quando Lochte, Feigen, Gunnar Bentz e Jack Conger pararam no posto na Barra, Zona Oeste, na saída de uma festa na Lagoa, na Zona Sul, rumo à Vila Olímpica.Segundo depoimentos, eles teriam praticado vandalismo no banheiro, dando início à confusão com os funcionários.
Imagens obtidas com exclusividade pela TV Globo mostram que um deles faz xixi no chão do banheiro.
De acordo com a polícia, os nadadores não vão respodender por dano ao patrimônio porque, até esta quinta, o dono do posto não havia registrado queixa. Para o dano, segundo o artigo 163, a pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa.
Bentz e Conger prestaram depoimento nesta quinta e deram versão diferente da relatada por Lochte e Feigen, que depuseram no domingo e falaram ter sido roubados. Os dois disseram que a história foi inventada por Lochte. Segundo a GloboNews, eles não serão indiciados porque nunca se manifestaram sobre o suposto assalto.
Bentz e Conger foram hostilizados ao deixar a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), no Leblon. A presença dos americanos atraiu curiosos e um dos atletas chegou a ter a orelha puxada quando se dirigia ao carro para deixar o local, enquanto outros vaiavam e gritavam por pedidos de desculpas e palavras como “mentirosos” e “vergonha”.
‘Nome manchado’
Antes do fim dos depoimentos, a polícia concedeu entrevista coletiva sobre o caso. Segundo o chefe da Polícia Civil, o delegado Fernando Veloso, um dos nadadores, Bentz ou Conger – Veloso não sabia até então precisar qual dos dois –, confirmou a conclusão da polícia, de que não houve assalto, mas somente uma confusão no posto de gasolina.
“O carioca viu nome da cidade manchado por essa versão fantasiosa. Seria nobre e digno pedir desculpas. Por hora, não houve [o pedido]”, declarou o delegado.
Lochte seria o mais exaltado no posto de gasolina, segundo o depoimento de um dos nadadores. Veloso, no entanto, ressaltou que seria “prematuro” atribuir ao 12 vezes medalhista olímpico a invenção da mentira.
Segundo Veloso, uma das linhas de investigação é de que os nadadores inventaram o assalto para tentar enganar a namorada de um deles. Testemunhas contaram que eles ficaram com meninas na festa onde estavam. Outras hipóteses, no entanto, não estão decartadas.
Arma apontada
A polícia deu mais detalhes também sobre o momento da confusão do posto. A polícia confirmou que os seguranças do local sacaram a arma para conter os nadadores e que elas estão legalizadas.
“Se houve arma apontada para eles? Sim. Arma foi empregada para contê-los”, disse o chefe da Polícia Civil. “Nada indica que houve excesso do segurança ao usar força”, acrescentou. Veloso disse ainda que até o momento não há indícios de que o segurança tenha usado a arma para extorquir dinheiro dos nadadores.
Ele confirmou que os seguranças do posto trabalham para forças de segurança, mas não quis especificar qual delas. O delegado disse ainda que não há elementos até o momento que confirmem a teoria, levantada por um jornalista, de que, por não falarem português, os nadadores podem ter confundido a abordagem do segurança armado com uma tentativa de extorquí-los.
Segundo Veloso, uma das testemunhas ouvidas pela polícia falava inglês e teria tentado intermediar o contato entre os seguranças e funcionários do posto e os nadadores.
Vídeo mostra tumulto
Imagens obtidas pela TV Globo mostram os nadadores saindo do banheiro do posto. Segundo a polícia e funcionários do local, eles depredaram o banheiro. Por isso, teriam sido impedidos por seguranças de deixar o estabelecimento, que fica na Barra da Tijuca, no caminho entre a Lagoa, onde estavam em uma festa, e a Vila Olímpica.
As imagens mostram um dos nadadores levantando as mãos enquanto os segurança os abordam. A Globo teve acesso com exclusividade aos depoimentos dos funcionários do posto, que contaram detalhes do que viram na manhã de domingo.
De acordo com Fernando Veloso, Chefe de Polícia Civil, os atletas devem desculpas aos cariocas. “A única verdade que eles contaram é que eles estavam bêbados”, disse Veloso.
A polícia vai enviar por ofício ao FBI uma relação de perguntas para que Lochte responda, dos EUA, por carta precatória.
No primeiro depoimento, Feigen e Lochte disseram que não se lembravam porque estavam muito bêbados após deixarem a festa.
Em entrevista à rede de TV norte-americana NBC, já nos EUA, Lochte deu uma terceira versão para o suposto assalto, diferente da que havia contado em uma outra entrevista no domingo e do que relatou à polícia em depoimento.
Lochte disse também que, ao depor na polícia no Rio, foi tratado com muita cordialidade, que os policiais fizeram poucas perguntas e não pediram que ele ficasse para as investigações. Na entrevista, o nadador reclamou que está sendo tratado como suspeito, quando é vítima.
Fonte: G1
Notícias. Com
Deixe seu comentário
Whatsapp
Tweet
Compartilhar
Nenhum comentário:
Postar um comentário