24 de abril de 2014

A Vida Pessoal do Líder


Nenhum estudo que discute o papel do líder Cristão estaria completo sem abordar a sua vida pessoal. Os Líderes iniciantes, tanto quanto os veteranos, farão bem em prestar toda atenção a estas verdades, se genuinamente estiverem interessados em obter e manter um ministério eficaz.

Chamada à Integridade Pessoal

As vidas pública e privada do Líder devem estar em harmonia. Charles Spurgeon exorta os ministros a se empenharem a fim de que o caráter pessoal se harmonize, sob todos os aspectos, com o ministério que Deus lhes confiou. Ele conta a história de uma pessoa que pregava tão bem e vivia tão mal, que quando estava no púlpito, todos diziam que nunca deveria sair dali; e quando não estava no púlpito, todos diziam que nunca deveria voltar a subir nele. Depois, Spurgeon desafia-nos com esta analogia: “Que nunca sejamos sacerdotes de Deus no altar e filhos de Belial fora das portas do tabernáculo”.

Voltaire, de acordo com registros históricos, disse de Luís XIV: “Não foi nenhum dos grandes homens, mas, sem dúvida, foi um dos maiores reis que jamais viveu”.

Os homens deste mundo podem viver uma vida hipócrita impunemente, mas o homem de Deus nunca! Aquele que estiver entre os maiores Ministros deve estar entre os maiores homens. De um grande Líder exige - se também um grande caráter.

Parece que hoje as pessoas entram na política, no mundo dos negócios e em outras profissões e obtêm sucesso publicamente sem levar em conta sua vida privada.(Ex: Jogadores de futebol, artistas etc..) Porém, esse tipo de sucesso não ocorre no ministério, pelo menos não por muito tempo. O modo mais rápido de acabar com o ministério de um Líder é a congregação discernir que a sua conduta pessoal não corresponde à imagem pública. Hipocrisia pode ser tolerada na Política, mas não na Casa de Deus. Se a vida pessoal do ministro não está á altura dos padrões éticos e morais estabelecidos pelas Sagradas Escrituras, seria preferível que ele jamais tivesse abraçado o ministério pastoral.

Para Timóteo, a apóstolo Paulo escreveu: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16). Paulo estabelece aqui uma prioridade não só para Timóteo, mas também para todos aqueles que o seguiriam no ministério: primeiro manter-se em linha para depois examinar a pregação e o ensino dos outros. Richard Baxter colocou isto muito bem, quando disse: “Dê atenção a você mesmo, para que seu exemplo não contradiga sua doutrina [...] para que você não desminta com a vida o que diz com a língua; e seja o maior impedimento ao sucesso do próprio trabalho”.

Como Spurgeon ressalta em seus sermões: “A devoção pura e genuína é necessária como requisito indispensável: qualquer que seja a chamada que alguém pretenda ter, se não foi chamado à santidade, certamente não foi ao chamado ao ministério. [...] A santidade em um ministro é ao mesmo tempo a sua maior necessidade e o seu mais agradável ornamento. Um ministro santo é arma terrível nas mãos de Deus”.

Vamos seguir o exemplo do apóstolo Paulo, que lembrou à igreja em Tessalônica “de quão santa, justa e irrepreensivelmente” ele e seus cooperadores tinham vivido entre eles (1 Ts 2.10). Depois acrescentou: “Não vos chamou Deus para à imundícia, mas para a santificação [ter uma vida santa]” (1 Ts 4.7). Que a vida pública e a vida particular do ministro sejam santas diante do Senhor. Em santidade e retidão: Santidade diante de Deus e retidão diante dos homens; Nunca o oposto.

Qualificações Bíblicas

O Senhor Jesus Cristo, como o Cabeça da Igreja, jamais permitiu que o padrão requerido para o ministério fosse determinado pela própria igreja. Antes, reservou a si o encargo de chamar seus ministros e qualificá-los a pregar o Evangelho. Por conseguinte, Ele expôs, nas Santas Escrituras, diretrizes claramente estabelecidas que governam a conduta pública e privada dos líderes ministeriais e leigos da igreja.

Alguns aludem a 1 e 2 Timóteo e Tito como o “Manual do Pastor”, por causa das preciosas instruções e qualificações dadas ao ministério e à igreja. Em 1 Timóteo 3, há orientações muito específicas a todo aquele que aspira ao pastorado. (Para efeito de esclarecimento, os títulos “bispo”, “presbítero” ou “ancião” e “pastor” são usados intercambiavelmente na Escritura e referem-se ao mesmo ofício, mas expressam responsabilidades diferentes, como supervisão administrativa, liderança espiritual e ministério, bem como alimentar e atender o rebanho de Deus. Em Atos 20, todos os três conceitos – bispo, ancião e pastor – são usados em referência aos líderes da igreja em Éfeso.)

Desejar o ofício de bispo (pastor) é aspirar “excelente obra” (1 Tm 3.1). Entretanto, esse desejo não leva imediatamente a pessoa a qualificar-se para o ministério. Só desejar não basta. É essencial que ouçamos as Santas Escrituras dizerem em tom inequívoco: “Convém, pois, que o bispo [o pastor] seja...” O que vem a seguir são exigências essenciais a todo candidato. Essas qualificações abrangem a conduta pessoal e o comportamento público, sobre os quais a igreja não tem nenhuma autoridade, seja para alterar, seja para ignorar. Levar em conta uma qualificação inferior seria falsificar a Palavra de Deus e mostrar desrespeito à direta autoridade do Cabeça da Igreja, o nosso Senhor Jesus Cristo.

UMA VIDA IRREPREENSÍVEL

A primeira qualificação de um Líder é ter uma vida “Irrepreensível” (1 Tm 3.2), não só vivendo de maneira a não merecer ser repreendido, mas sendo de fato sem repreensão. Ser irrepreensível significa não ter nada em sua vida que Satanás, ou qualquer outra pessoa, possa se valer para atacá-lo ou censurá-lo. Isto não denota perfeição, mas diz respeito a viver de modo que a reputação seja imaculada. É viver uma vida “como convém a santos” (Ef 5.3), não permitindo que os pecados do mundo sejam nomeados por você ou identificados em você. Como Don Stamps escreveu: “o caráter provado daqueles que buscam a liderança na igreja é mais importante do que a personalidade, o talento para pregar, a capacidade administrativa ou as realizações acadêmicas. O ponto central das qualificações incide no comportamento que tem perseverado na sabedoria piedosa e nas escolhas certas [santidade pessoal].”

CASAMENTO E FAMÍLIA EXEMPLARES

Quando o apóstolo Paulo escreveu que o pastor devia ser “marido de uma mulher” (1 Tm 3.2), o Império Romano tinha descido a um baixo nível moral ainda não superado, em flagrante desrespeito às instituições do casamento e da família. A liderança da igreja, tanto os pastores quanto os diáconos, deviam proporcionar à sociedade libertina um exemplo de casamento e família como designados pelo Senhor. Os líderes da igreja não deviam se divorciar e casar de novo. À medida que nossa sociedade avança em seu declínio moral, a necessidade de casamentos e famílias exemplares é cada vez maior.



É mister que o Líder administre bem o seu lar, dando à família o cuidado e orientações necessários, e que a família o respeite e lhe esteja submissa; ele é o cabeça da casa. Não é tarefa fácil criar uma família piedosa, mas com a ajuda do Espírito Santo, e tendo as Sagradas Escrituras como fundamento, o Líder pode ordenar a casa e o casamento à luz da Palavra de Deus, e não segundo os costumes de uma sociedade degenerada.

CONDUTA VIRTUOSA

Um Líder tem de exibir diversas virtudes positivas: vigilância, sobriedade, honestidade, hospitalidade e aptidão para ensinar.

Ser vigilante significa ser cauteloso e estar sempre alerta. Manter a calma em situações difíceis e tomar decisões sensatas são a marca distintiva de uma pessoa equilibrada.

Ser sóbrio quer dizer ser discreto, prudente, sério, solene acerca do trabalho dos outros.

Algumas pessoas nunca passam das diversões e jogos. Dar séria atenção aos negócios e trabalhar para Deus são características influentes. Ser honesto diz respeito a ser disciplinado, organizado nos pensamentos e no viver, metódico e modesto. Reunir as coisas mental, emocional, física e espiritualmente é sinal característico de uma pessoa bem-educada. Ser

hospitaleiro tem o sentido de ser uma pessoa do povo. Se você prefere livro ou objetos às pessoas, talvez seja indicação de sua não qualificação como hospitaleiro. Quando usamos nossa casa, veículo, finanças e tempo para alcançar as pessoas, qualificamo-nos como dados à hospitalidade.

Ser apto para ensinar denota ser gentil. Paulo escreveu a Timóteo: “Ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2.24). Essas características essenciais qualificam um Líder para o ofício.

CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS

A Palavra de Deus é clara a respeito do que um ministro deve evitar: “Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, [...] não contencioso, não avarento; [...] não neófito” (1 Tm 3.3,6). Quando se considera toda a Escritura, é inconcebível que os membros da igreja usem a expressão não dado ao vinho para ensinar o beber socialmente. Não há qualquer conexão razoável entre o vinho usado nos tempos bíblicos e a execrável indústria de bebidas alcoólicas da atualidade. Dadas as doenças físicas documentadas e os problemas morais associados ás bebidas alcoólicas, não há razão alguma para o crente, especialmente para o pregador, sequer tomar um gole, ao passo que há milhões de razões (embriaguez, lares desfeitos etc.) para o crente nunca beber.

Não espancador quer dizer não contencioso, não violento. Considerando o exemplo terreno de nosso Senhor, parece estranho pensar num pastor que procure briga. Não obstante, certa feita um pastor chegou a mim e confessou que havia se envolvido numa briga literal com um membro de sua igreja, porque este dissera algo de negativo acerca de sua família. Meu comentário: “Pode ser que você tenha ganho a briga, mas perdeu qualquer oportunidade futura de ministrar a esse povo”. Quanto aos maus-tratos à mulher, cito Paulo em outro contexto: “Nem ainda se nomeiam entre vós, como convém a santos” (Ef 5.3). Não há lugar no ministério para uma pessoa com tal falta de controle.

Não contencioso tem o sentido de não se dar a altercações. O grevista luta com as mãos, mas o contencioso briga com a boca. Em vez de ser o pacificador, é o encrenqueiro. Como disse alguém: “O temperamento irritadiço não contribui para um ministério longo”. O polemista será mau pastor.

Não avarento significa ser sovina ou ter o único interesse na vida de juntar dinheiro. Entretanto, ser avarento diz respeito a mais coisas do que dinheiro. A Escritura ensina que a avareza é idolatria (Cl 3.5). Paulo também adverte que a avareza nem mesmo deve ser nomeada entre os crentes (Ef 5.3).

Não neófito quer dizer que um novo-convertido nunca deve ser posto em um pastorado, para que seu orgulho não seja a causa de sua queda, como ocorreu com Satanás. Devemos proteger nossos jovens enquanto estão crescendo no Senhor. Isso também é verdade no que tange ao ofício de diácono.

Não cobiçoso de torpe ganância, isto é, de sórdida ganância, de lucro desonesto. Paulo ensinou: “O amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10). O modo como o dinheiro é usado determina se é “torpe ganância”. O pastor que busca lucro desonesto (1 Pe 5.2), corrompe o ofício e a chamada. Um pastor deparar-se-á com muitas ocasiões para fazer negócios equívocos, tentar encobri-los e ficar com as mãos sujas com torpe ganância. Muitos bons pastores, ministérios e igrejas têm sido sacrificados no altar de Mamom. Não há quantia de dinheiro que valha o ministério e o nosso destino eterno.

CARACTERÍSTICAS POSITIVAS A SEREM NUTRIDAS

Aptidão Para Ensinar

Lidar com a Palavra de Deus no ensinamento e na pregação é um dos principais ministérios da igreja. Os membros da igreja perdoarão o Líder que não sabe mais sobre negócios do que eles, mas não perdoarão o Líder que não sabe mais sobre a Palavra de Deus do que eles. A habilidade do Líder na Palavra determinará a duração do tempo de sua permanência na igreja. De modo semelhante, a habilidade de um Líder na Palavra será determinada pelo tempo que gasta estudando a Bíblia particularmente.

Bom Testemunho Dos De Fora Da Igreja

O Líder tem de ter a boa reputação de pagas as contas, ser bom cidadão, participar dos projetos da comunidade. Mais importante que isso, o Líder deve ser respeitado como servo de Deus, um líder espiritual para toda a comunidade. O estilo de vida de um Líder afeta não só a sua reputação pessoal, mas também a reputação da igreja. Quando Paulo disse a Tito: “Ninguém te despreze [te deprecie]” (Tt 2.15), estava preocupado com a influência de líderes tanto da igreja quanto de fora dela. O servo do Senhor não deve ser posto de lado como pessoa dispensável, sem influência e não desejada. O Líder cuja vida pessoal está em ordem evitará ser um proscrito. “Purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor” (Is 52.11).

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