Texto Áureo
1 Coríntios 12.1“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”.
Verdade Aplicada
Dom espiritual é capacitação especial e sobrenatural concedida à Igreja para cumprir sua missão.
Objetivos da Lição
Apresentar brevemente os dons espirituais, suas funções e como zelar por eles;
Discorrer sobre situações concernentes aos dons;
Mostrar como Deus tem um plano no perfeito para a Igreja e como devemos trabalhar com o dom.
Glossário
Cosmopolita: Grande centro urbano; influenciado pelos padrões culturais e grandes cidades de outros países;
Inveterada: Que persiste; que não se corrige;
Vanglória: Valorização excessiva das próprias qualidades.
Leituras complementares
Segunda At 8.7-8
Terça Rm 12.6-8
Quarta 1Co 3.1-3
Quinta 2Co 9.15
Sexta Ef 4.11
Sábado Hb 4.7
Textos de Referência.
1 Coríntios 12.1, 7, 11, 31; 14.12
1 Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
7 Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.
11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
31 Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.
12 Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja.
Hinos sugeridos.
Harpa cristã: 122
Harpa cristã: 155
Harpa cristã: 349
Motivo de Oração
Ore para que a mensagem do Natal entre no coração e mentes de muitos.
Esboço da Lição
Introdução
1. Os dons espirituais e a igreja.
2. A igreja e o propósito dos dons.
3. Atualidade, abusos e esclarecimentos.
Esboço da Lição
Introdução
1. Os dons espirituais e a igreja.
2. A igreja e o propósito dos dons.
3. Atualidade, abusos e esclarecimentos.
Introdução
Os dons espirituais fazem parte das “bênçãos espirituais” que a igreja tem recebido do Senhor (Ef 1.3). O termo “espirituais”, no grego, é “pneumáticos”. Com o significado de serem bênçãos transmitidas pelo Espírito Santo.
1. Os dons espirituais e a Igreja.
Na presente lição, refletiremos acerca dos dons espirituais, conhecendo contexto histórico e eclesiástico da igreja na cidade de Corinto, pois isso contribuirá na compreensão da exposição do apóstolo Paulo nos capítulos 12 a 14 da primeira epístola aos Coríntios.
1.1. O Evangelho chega em Corinto.
A cidade de Corinto, localizada entre os mares Egeu e Adriático, era uma cidade portuária, sendo assim, fortemente cosmopolita. Famosa pelos jogos atléticos, teatros, santuários e o templo da deusa grega Afrodite. Certo autor descreveu Corinto como a “feira de vaidade do mundo antigo”, marcado pelo alcoolismo e imoralidade. A sabedoria mundana e grande degradação moral andavam lado a lado. Foi neste ambiente tão desafiador que o apóstolo Paulo chegou com a mensagem do Evangelho que é poder de Deus (At 18.9-10).
Paulo falou em Corinto com a ousadia que só o Espírito Santo pode conceder. Ali ficou um ano e seis meses (At 18.11). Somente em Éfeso ficou mais tempo. Não era comum o apóstolo passar tanto tempo em uma cidade em suas viagens missionárias. Porém, uma igreja local em uma sociedade extremamente paganizada, à medida que crescia e o tempo passava, muitas dificuldades foram surgindo.
1.2. Características da igreja em Corinto.
“Onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20). Assim aconteceu na cidade de Corinto. Ali estava a Igreja estabelecida - “igreja de Deus” (1Co 1.1); membros “santificados em Cristo Jesus” (é o aspecto posicional da santificação); “enriquecidos em Cristo” (palavra e conhecimento); e “nenhum dom” faltava a igreja (1Co 1.7). Assinalando as características acima é que Paulo inicia a primeira carta aos Coríntios. Outra característica dessa igreja era a prontidão em contribuir a favor dos mais necessitados (2Co 9.1-2). Contudo, era uma igreja local também marcada por divisões, inveja, imoralidade sexual, conduta indigna na celebração da Ceia do Senhor, abuso no uso dos dons espirituais, desordem nos cultos, etc.
Dois aspectos nos quais os membros de Corinto estavam apresentando dificuldades em lidar; a Igreja como Corpo de Cristo e os dons espirituais. Assim, verificaremos neste estudo a situação da vida real da igreja, o dia a dia de uma igreja local enquanto está debaixo do sol e como lidar com essas dificuldades. É fato que problemas e dificuldades em uma igreja local não estão restritos apenas à era pós-apostólica.
1.3. Significado dos dons espirituais.
A expressão no grego que é traduzida para dom é “charisma”, indica “uma doação”. Um dom de graça, um benefício imerecido. Em 1Coríntios 12 e outros textos, refere-se aos dons e habilidades distribuídas aos membros do Corpo de Cristo pelo Espírito Santo. As expressões em 1 Coríntios 12.4-7 designam que estas manifestações do Espírito Santo são dádivas, logo não é algo que o ser humano consegue por recursos próprios; são expressões do poder divino, não de potencial ou talento humano. Não dependem do nosso mérito.
Não devemos confundir os dons espirituais com capacidades naturais: músico; médico; artista plástico, etc. Evidente que tais capacidades colocadas à disposição da obra de Deus poderão ser bastante úteis. Porém não são dons espirituais. É importante, também, a leitura de outros textos bíblicos que tratam de dons: Romanos 12.4-8; Efésios 4.11-16; 1 Pedro 4.10-11; e Hebreus 2.4. Myer Pearlman detalha que os dons do Espírito são apresentados por Paulo num tríplice aspecto: “charismata”, ou variedades de dons concedidos pelo mesmo Espírito (1Co 12.4, 7); “diakonai”, ou variedade de serviços prestados na causa do mesmo Senhor; e “energemata”, ou variedade de operações do poder de Deus que opera tudo em todos.
2. A Igreja e o propósito dos dons.
Interessante atentarmos para a íntima relação entre os propósitos dos dons e a Igreja sendo apresentada na Bíblia como o Corpo de Cristo, com sua unidade e diversidade. A Bíblia declara que Cristo é a cabeça da Igreja e que a Igreja é Seu Corpo (Ef 1.22-23).
2.1. A unidade do Corpo de Cristo.
O apóstolo escreve 1 Coríntios para, entre outros assuntos, tratar a respeito de divisão na igreja (1Co 1.11-12). Berkhof pontua que quanto à forma da igreja, vemos que ela era como o que estava à sua volta. Havia uma intelectualidade superficial, combinada com um partidarismo que era a “maldição inveterada da Grécia”. Até o uso dos dons espirituais estava motivando vanglória. Então, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, vai tratar disso, principalmente, em 1 Coríntios 12-14. O Espírito Santo é um só. Ele atua na pessoa que foi regenerada no corpo de Cristo, a Igreja (1Co 12.12-13).
Como já visto na lição anterior, Paulo designa esta ação como “batizados em um Espírito, formando um corpo” ou “pelo Espírito” ou “por um Espírito”. Assim como o Espírito, o corpo também é um (1Co 12.12; Ef 4.4), porém os membros são muitos (1Co 12.14). Encontramos os dons sempre em conexão com a verdade de que a Igreja é o Corpo de Cristo, com diferentes membros, que são interdependentes (não independentes) e se inter-relacionam (não isolados uns dos outros) – conforme Romanos 12; 1Cor 12-14; e Efésios 4. Para um corpo funcionar normalmente há necessidade de diferentes funções (1Co 12.17). O lugar e a função de cada um no Corpo de Cristo resultam da designação soberana de Deus (1Co 12.18).
2.2. O propósito dos dons espirituais.
O mesmo Espírito que atua na formação do Corpo, também se manifesta distribuindo dons aos membros, visando a edificação, o cuidado, a unidade, o aperfeiçoamento e a atenção de uns para com os outros (1Co 12.14-26; Rm 12.4-8; Ef 4.11-16). O apóstolo Pedro enfatiza em 1 Pedro 4.10-11: “administre aos outros o dom como recebeu”, visando o bem dos outros, “segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo”. Assim, a concessão dos dons espirituais objetiva capacitar um membro do Corpo de Cristo para que seja um instrumento que sirva para promover a edificação, o que for bom para os demais membros, e não para a própria exaltação ou autoengrandecimento.
Os dons são concedidos dentro do Corpo com o propósito de edificar o Corpo para cumprir a missão e Deus ser glorificado. Portanto, é antibíblico usar os dons como um meio para promover divisão. O Espírito não luta contra Si próprio. Os dons não são concedidos para servir de rivalidade e inveja, mas “visando a um fim proveitoso”. Paulo podia gloriar-se em ser instruído e possuir dons naturais, mas se gloriava no fato de que Cristo era a fonte, pelo revestimento do Espírito de Deus (1 Co 2.4-5). Estamos conscientes, como membros do Corpo de Cristo, de que dependemos da capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para desempenharmos nossa função no Corpo?
2.3. O membro do Corpo e seu papel no ministério dos dons.
O apóstolo Paulo, chamado por alguns de “teólogo do Espírito”, por seus muitos ensinos e menções acerca do Espírito Santo, atribuía grande significância às manifestações espirituais, exortando que os membros do Corpo não restringissem suas atuações, mas que buscassem ser abundantes (Ef 4.30; 5.18-19; 1Ts 5.19-20). Contudo, também era bem consciente quanto à necessidade de evitar abusos ou exageros (Rm 12.3; 1Ts 5.19-22), e de não esquecer da importância do discernimento (1Co 2.12-14; 2Ts 2.2). Apesar de serem dádivas do Espírito santo “como quer” (1Co 12.11), não significa que os membros do Corpo devam permanecer inertes e indiferentes.
A vida do discípulo de Cristo é dinâmica, participativa. Precisamos apresentar nosso corpo e mente ao Senhor; não desconhecermos “acerca dos dons espirituais” (existe ignorância como fruto de desinteresse); notar o princípio exposto em 1 Coríntios 12.3 – “fazer compreender”, no sentido de “colocar na mente, imprimir sobre, confirmar”, para não sermos enganados com heresias; um viver digno (Ef 4.1-6 – notar a expressão “Procurar” – indica ação, interesse). No texto de Efésios 4, antes Paulo mencionar os dons, ele enfatiza as atitudes coerentes, dignas de quem foi chamado e vocacionado por Deus.
3. Atualidade, abusos e esclarecimentos.
Neste último tópico, vamos refletir acerca da atualidade dos dons espirituais, os abusos e distorções quanto ao uso dos dons e outros esclarecimentos necessários, sempre tendo como referência as Sagradas Escrituras. Que Jesus, o Senhor da Igreja (1Co 12.3), nos conceda, pelo Espírito Santo, testemunharmos a manifestação dos dons espirituais, até Sua volta (1Co 1.7).
3.1. A atualidade dos dons espirituais.
Há os que defendem o cessacionismo, afirmando que as manifestações dos dons espirituais (principalmente os mencionados em 1 Coríntios 12.8-10) não esteja disponíveis para a Igreja hoje, utilizando diversos argumentos, como; findou-se a era apostólica; não são necessários, pois o mundo agora está convencido da verdade do cristianismo; o cânon do Novo testamento está completo.Com que base bíblica é possível afirmar que a manifestação dos dons espirituais cessou na Igreja? Assim, considerando as Escrituras como referência (pois não pode ser diferente), a prova a ser apresentada compete mais aos que negam do que aos que afirmam a atualidade dos dons. Pois não há indicação no Novo testamento acerca da intenção de Deus em retirar os dons (Hb 13.8; Mc 16.20; Mt 28.20). O apóstolo Paulo contava com a realidade dos dons na igreja até a “manifestação do nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.7).
Talvez o único texto bíblico que menciona a cessação seja 1 Coríntios 13.8-10. Contudo, usar esse texto para afirmar que os dons cessaram é fazer uma interpretação tendenciosa. A ciência cessou? O que é perfeito já veio? Paulo diz: “Até que todos cheguemos...a varão perfeito...” (Ef 4.13). F.F Bruce escreveu: “a literatura do período que segue a era apostólica deixa claro que os dons não cessaram totalmente com a conclusão do cânon do Novo testamento”.
3.2. Tratando os abusos no uso dos dons.
Somente uma leitura superficial do Novo Testamento alimentará a ideia de que o desempenho dos espirituais na época apostólica era perfeito e isento de abuso ou engano. Assim, tendo sempre as Escrituras como nosso fundamento, verificamos que há necessidade de se evitar os dois extremos: considerar qualquer abuso no uso dos dons como atestado de que tudo é falso e engano ou considerar como infalível a manifestação dos dons espirituais e, assim, resistir à instrução e correção.
Deus concedeu os dons do Espírito à igreja de Corinto, porém, ali haviam divisões e abusos no uso dos dons. A manifestação dos dons espirituais não é atestado de espiritualidade e santidade. Porém, também aprendemos que a desordem quando das manifestações espirituais não são argumentos para desaconselhar, inibir ou proibir tais manifestações. O caminho é sempre o ensino e orientação, sem desestimular (1Co 14.39-40). Leiamos 1 Coríntios 12 a 14 e verificaremos Paulo não duvida da veracidade das manifestações espirituais na igreja em Corinto. A realidade é que os membros da igreja desfrutavam dos verdadeiros dons, porém alguns estavam desempenhando erradamente. Aí vem o ensino: conectar o uso dos dons com o amor e a edificação (1Co 13, 14.6).
3.3. Outros esclarecimentos.
Paulo inicia a instrução acerca dos dons espirituais enfatizando o senhorio de Cristo (1Co 12.3). Assim, o exercício dos dons não pode ser adverso a Cristo. Ele é o Senhor da Igreja! Em Efésios 4.8 diz que Ele “deu”. A trindade está envolvida nas manifestações espirituais (1Co 12.4-5). Logo, não há contradição nas genuínas manifestações espirituais, mas harmonia. A Igreja deve refletir esta harmonia.
Assim, é importante que cada membro do Corpo de Cristo reflita sobre as seguintes atitudes quanto aos dons espirituais, a partir de 1 Coríntios: 1) Conhecer (1Co 12.1); 2) Buscar (1Co 12.31); 3) Seguir o caminho do amor (1Co 14.1); 4) Zelo (1Co 14.1); 5) Abundar (1Co 14.12); 6) Visar a edificação (1Co 14.26); 7) Autocontrole (1Co 14.32); 8) Decência e ordem (1Co 14.40).
Conclusão.
A concessão dos dons espirituais à Igreja faz parte do propósito de Deus em capacitar e equipar os membros para realizar a Sua obra. Capacitar para o serviço visando edificação e aperfeiçoamento do Corpo para que Deus seja glorificado. “Procurai abundar neles” (1Co 14.12).
Questionário.
1. Qual é a expressão no grego que traduz a palavra dom?
R: “Charisma” (1Co 12).
2. Por que o apóstolo Paulo escreveu 1 Coríntios?
R: Para, entre outros assuntos, tratar a respeito de divisão na igreja (1Co 1.11-12).
3. O que afirmam os que defendem o cessacionismo?
R: Que as manifestações dos dons espirituais não estão disponíveis para a Igreja hoje (1Co 12.8-10).
4. Como Paulo inicia a instrução acerca dos dons espirituais?
R: Enfatizando o senhorio de Cristo (1Co 12.3).
5. Quem está envolvida nas manifestações espirituais?
R: A Trindade (1 Co 12.4-5).
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Os dons espirituais fazem parte das “bênçãos espirituais” que a igreja tem recebido do Senhor (Ef 1.3). O termo “espirituais”, no grego, é “pneumáticos”. Com o significado de serem bênçãos transmitidas pelo Espírito Santo.
1. Os dons espirituais e a Igreja.
Na presente lição, refletiremos acerca dos dons espirituais, conhecendo contexto histórico e eclesiástico da igreja na cidade de Corinto, pois isso contribuirá na compreensão da exposição do apóstolo Paulo nos capítulos 12 a 14 da primeira epístola aos Coríntios.
1.1. O Evangelho chega em Corinto.
A cidade de Corinto, localizada entre os mares Egeu e Adriático, era uma cidade portuária, sendo assim, fortemente cosmopolita. Famosa pelos jogos atléticos, teatros, santuários e o templo da deusa grega Afrodite. Certo autor descreveu Corinto como a “feira de vaidade do mundo antigo”, marcado pelo alcoolismo e imoralidade. A sabedoria mundana e grande degradação moral andavam lado a lado. Foi neste ambiente tão desafiador que o apóstolo Paulo chegou com a mensagem do Evangelho que é poder de Deus (At 18.9-10).
Paulo falou em Corinto com a ousadia que só o Espírito Santo pode conceder. Ali ficou um ano e seis meses (At 18.11). Somente em Éfeso ficou mais tempo. Não era comum o apóstolo passar tanto tempo em uma cidade em suas viagens missionárias. Porém, uma igreja local em uma sociedade extremamente paganizada, à medida que crescia e o tempo passava, muitas dificuldades foram surgindo.
1.2. Características da igreja em Corinto.
“Onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20). Assim aconteceu na cidade de Corinto. Ali estava a Igreja estabelecida - “igreja de Deus” (1Co 1.1); membros “santificados em Cristo Jesus” (é o aspecto posicional da santificação); “enriquecidos em Cristo” (palavra e conhecimento); e “nenhum dom” faltava a igreja (1Co 1.7). Assinalando as características acima é que Paulo inicia a primeira carta aos Coríntios. Outra característica dessa igreja era a prontidão em contribuir a favor dos mais necessitados (2Co 9.1-2). Contudo, era uma igreja local também marcada por divisões, inveja, imoralidade sexual, conduta indigna na celebração da Ceia do Senhor, abuso no uso dos dons espirituais, desordem nos cultos, etc.
Dois aspectos nos quais os membros de Corinto estavam apresentando dificuldades em lidar; a Igreja como Corpo de Cristo e os dons espirituais. Assim, verificaremos neste estudo a situação da vida real da igreja, o dia a dia de uma igreja local enquanto está debaixo do sol e como lidar com essas dificuldades. É fato que problemas e dificuldades em uma igreja local não estão restritos apenas à era pós-apostólica.
1.3. Significado dos dons espirituais.
A expressão no grego que é traduzida para dom é “charisma”, indica “uma doação”. Um dom de graça, um benefício imerecido. Em 1Coríntios 12 e outros textos, refere-se aos dons e habilidades distribuídas aos membros do Corpo de Cristo pelo Espírito Santo. As expressões em 1 Coríntios 12.4-7 designam que estas manifestações do Espírito Santo são dádivas, logo não é algo que o ser humano consegue por recursos próprios; são expressões do poder divino, não de potencial ou talento humano. Não dependem do nosso mérito.
Não devemos confundir os dons espirituais com capacidades naturais: músico; médico; artista plástico, etc. Evidente que tais capacidades colocadas à disposição da obra de Deus poderão ser bastante úteis. Porém não são dons espirituais. É importante, também, a leitura de outros textos bíblicos que tratam de dons: Romanos 12.4-8; Efésios 4.11-16; 1 Pedro 4.10-11; e Hebreus 2.4. Myer Pearlman detalha que os dons do Espírito são apresentados por Paulo num tríplice aspecto: “charismata”, ou variedades de dons concedidos pelo mesmo Espírito (1Co 12.4, 7); “diakonai”, ou variedade de serviços prestados na causa do mesmo Senhor; e “energemata”, ou variedade de operações do poder de Deus que opera tudo em todos.
2. A Igreja e o propósito dos dons.
Interessante atentarmos para a íntima relação entre os propósitos dos dons e a Igreja sendo apresentada na Bíblia como o Corpo de Cristo, com sua unidade e diversidade. A Bíblia declara que Cristo é a cabeça da Igreja e que a Igreja é Seu Corpo (Ef 1.22-23).
2.1. A unidade do Corpo de Cristo.
O apóstolo escreve 1 Coríntios para, entre outros assuntos, tratar a respeito de divisão na igreja (1Co 1.11-12). Berkhof pontua que quanto à forma da igreja, vemos que ela era como o que estava à sua volta. Havia uma intelectualidade superficial, combinada com um partidarismo que era a “maldição inveterada da Grécia”. Até o uso dos dons espirituais estava motivando vanglória. Então, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, vai tratar disso, principalmente, em 1 Coríntios 12-14. O Espírito Santo é um só. Ele atua na pessoa que foi regenerada no corpo de Cristo, a Igreja (1Co 12.12-13).
Como já visto na lição anterior, Paulo designa esta ação como “batizados em um Espírito, formando um corpo” ou “pelo Espírito” ou “por um Espírito”. Assim como o Espírito, o corpo também é um (1Co 12.12; Ef 4.4), porém os membros são muitos (1Co 12.14). Encontramos os dons sempre em conexão com a verdade de que a Igreja é o Corpo de Cristo, com diferentes membros, que são interdependentes (não independentes) e se inter-relacionam (não isolados uns dos outros) – conforme Romanos 12; 1Cor 12-14; e Efésios 4. Para um corpo funcionar normalmente há necessidade de diferentes funções (1Co 12.17). O lugar e a função de cada um no Corpo de Cristo resultam da designação soberana de Deus (1Co 12.18).
2.2. O propósito dos dons espirituais.
O mesmo Espírito que atua na formação do Corpo, também se manifesta distribuindo dons aos membros, visando a edificação, o cuidado, a unidade, o aperfeiçoamento e a atenção de uns para com os outros (1Co 12.14-26; Rm 12.4-8; Ef 4.11-16). O apóstolo Pedro enfatiza em 1 Pedro 4.10-11: “administre aos outros o dom como recebeu”, visando o bem dos outros, “segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo”. Assim, a concessão dos dons espirituais objetiva capacitar um membro do Corpo de Cristo para que seja um instrumento que sirva para promover a edificação, o que for bom para os demais membros, e não para a própria exaltação ou autoengrandecimento.
Os dons são concedidos dentro do Corpo com o propósito de edificar o Corpo para cumprir a missão e Deus ser glorificado. Portanto, é antibíblico usar os dons como um meio para promover divisão. O Espírito não luta contra Si próprio. Os dons não são concedidos para servir de rivalidade e inveja, mas “visando a um fim proveitoso”. Paulo podia gloriar-se em ser instruído e possuir dons naturais, mas se gloriava no fato de que Cristo era a fonte, pelo revestimento do Espírito de Deus (1 Co 2.4-5). Estamos conscientes, como membros do Corpo de Cristo, de que dependemos da capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para desempenharmos nossa função no Corpo?
2.3. O membro do Corpo e seu papel no ministério dos dons.
O apóstolo Paulo, chamado por alguns de “teólogo do Espírito”, por seus muitos ensinos e menções acerca do Espírito Santo, atribuía grande significância às manifestações espirituais, exortando que os membros do Corpo não restringissem suas atuações, mas que buscassem ser abundantes (Ef 4.30; 5.18-19; 1Ts 5.19-20). Contudo, também era bem consciente quanto à necessidade de evitar abusos ou exageros (Rm 12.3; 1Ts 5.19-22), e de não esquecer da importância do discernimento (1Co 2.12-14; 2Ts 2.2). Apesar de serem dádivas do Espírito santo “como quer” (1Co 12.11), não significa que os membros do Corpo devam permanecer inertes e indiferentes.
A vida do discípulo de Cristo é dinâmica, participativa. Precisamos apresentar nosso corpo e mente ao Senhor; não desconhecermos “acerca dos dons espirituais” (existe ignorância como fruto de desinteresse); notar o princípio exposto em 1 Coríntios 12.3 – “fazer compreender”, no sentido de “colocar na mente, imprimir sobre, confirmar”, para não sermos enganados com heresias; um viver digno (Ef 4.1-6 – notar a expressão “Procurar” – indica ação, interesse). No texto de Efésios 4, antes Paulo mencionar os dons, ele enfatiza as atitudes coerentes, dignas de quem foi chamado e vocacionado por Deus.
3. Atualidade, abusos e esclarecimentos.
Neste último tópico, vamos refletir acerca da atualidade dos dons espirituais, os abusos e distorções quanto ao uso dos dons e outros esclarecimentos necessários, sempre tendo como referência as Sagradas Escrituras. Que Jesus, o Senhor da Igreja (1Co 12.3), nos conceda, pelo Espírito Santo, testemunharmos a manifestação dos dons espirituais, até Sua volta (1Co 1.7).
3.1. A atualidade dos dons espirituais.
Há os que defendem o cessacionismo, afirmando que as manifestações dos dons espirituais (principalmente os mencionados em 1 Coríntios 12.8-10) não esteja disponíveis para a Igreja hoje, utilizando diversos argumentos, como; findou-se a era apostólica; não são necessários, pois o mundo agora está convencido da verdade do cristianismo; o cânon do Novo testamento está completo.Com que base bíblica é possível afirmar que a manifestação dos dons espirituais cessou na Igreja? Assim, considerando as Escrituras como referência (pois não pode ser diferente), a prova a ser apresentada compete mais aos que negam do que aos que afirmam a atualidade dos dons. Pois não há indicação no Novo testamento acerca da intenção de Deus em retirar os dons (Hb 13.8; Mc 16.20; Mt 28.20). O apóstolo Paulo contava com a realidade dos dons na igreja até a “manifestação do nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.7).
Talvez o único texto bíblico que menciona a cessação seja 1 Coríntios 13.8-10. Contudo, usar esse texto para afirmar que os dons cessaram é fazer uma interpretação tendenciosa. A ciência cessou? O que é perfeito já veio? Paulo diz: “Até que todos cheguemos...a varão perfeito...” (Ef 4.13). F.F Bruce escreveu: “a literatura do período que segue a era apostólica deixa claro que os dons não cessaram totalmente com a conclusão do cânon do Novo testamento”.
3.2. Tratando os abusos no uso dos dons.
Somente uma leitura superficial do Novo Testamento alimentará a ideia de que o desempenho dos espirituais na época apostólica era perfeito e isento de abuso ou engano. Assim, tendo sempre as Escrituras como nosso fundamento, verificamos que há necessidade de se evitar os dois extremos: considerar qualquer abuso no uso dos dons como atestado de que tudo é falso e engano ou considerar como infalível a manifestação dos dons espirituais e, assim, resistir à instrução e correção.
Deus concedeu os dons do Espírito à igreja de Corinto, porém, ali haviam divisões e abusos no uso dos dons. A manifestação dos dons espirituais não é atestado de espiritualidade e santidade. Porém, também aprendemos que a desordem quando das manifestações espirituais não são argumentos para desaconselhar, inibir ou proibir tais manifestações. O caminho é sempre o ensino e orientação, sem desestimular (1Co 14.39-40). Leiamos 1 Coríntios 12 a 14 e verificaremos Paulo não duvida da veracidade das manifestações espirituais na igreja em Corinto. A realidade é que os membros da igreja desfrutavam dos verdadeiros dons, porém alguns estavam desempenhando erradamente. Aí vem o ensino: conectar o uso dos dons com o amor e a edificação (1Co 13, 14.6).
3.3. Outros esclarecimentos.
Paulo inicia a instrução acerca dos dons espirituais enfatizando o senhorio de Cristo (1Co 12.3). Assim, o exercício dos dons não pode ser adverso a Cristo. Ele é o Senhor da Igreja! Em Efésios 4.8 diz que Ele “deu”. A trindade está envolvida nas manifestações espirituais (1Co 12.4-5). Logo, não há contradição nas genuínas manifestações espirituais, mas harmonia. A Igreja deve refletir esta harmonia.
Assim, é importante que cada membro do Corpo de Cristo reflita sobre as seguintes atitudes quanto aos dons espirituais, a partir de 1 Coríntios: 1) Conhecer (1Co 12.1); 2) Buscar (1Co 12.31); 3) Seguir o caminho do amor (1Co 14.1); 4) Zelo (1Co 14.1); 5) Abundar (1Co 14.12); 6) Visar a edificação (1Co 14.26); 7) Autocontrole (1Co 14.32); 8) Decência e ordem (1Co 14.40).
Conclusão.
A concessão dos dons espirituais à Igreja faz parte do propósito de Deus em capacitar e equipar os membros para realizar a Sua obra. Capacitar para o serviço visando edificação e aperfeiçoamento do Corpo para que Deus seja glorificado. “Procurai abundar neles” (1Co 14.12).
Questionário.
1. Qual é a expressão no grego que traduz a palavra dom?
R: “Charisma” (1Co 12).
2. Por que o apóstolo Paulo escreveu 1 Coríntios?
R: Para, entre outros assuntos, tratar a respeito de divisão na igreja (1Co 1.11-12).
3. O que afirmam os que defendem o cessacionismo?
R: Que as manifestações dos dons espirituais não estão disponíveis para a Igreja hoje (1Co 12.8-10).
4. Como Paulo inicia a instrução acerca dos dons espirituais?
R: Enfatizando o senhorio de Cristo (1Co 12.3).
5. Quem está envolvida nas manifestações espirituais?
R: A Trindade (1 Co 12.4-5).
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Revista Bétel Dominical 4º Trimestre de 2017 - Adultos: Tema: Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo: O legado da Reforma Protestante e a importância de perseverar nos ensinos dos apóstolos.
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Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo. O legado da reforma Protestante e a importância de perseverar no ensino dos apóstolos, Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2017, ano 27, Nº 105, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.
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