25 de julho de 2016

A Maçonaria e a Religião

"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." [João 14:6].

Em 1914, Joseph Fort Newton, um eminente historiador maçônico, escreveu o seguinte:"Existe uma noção comum que a Maçonaria é uma sociedade secreta; essa ideia está baseada nos ritos secretos usados em suas iniciações, e nos sinais e apertos de mãos pelos quais seus membros se reconhecem. Com o tempo, as pessoas assumiram que os principais objetivos da Ordem são uma política secreta ou ensino secreto, enquanto que seu grande segredo é que ela não tem segredo. Seus princípios são publicados em seus escritos; seus propósitos e leis são conhecidos, bem como os horários e locais de suas reuniões."

O Guia do Maçom de Bernard Jones, diz basicamente a mesma coisa. Como também Foster Bailey, que foi um conferencista maçônico da Sociedade Teosófica:

"Existe pouca coisa que não seja conhecida hoje sobre a obra maçônica, ou que não possa ser descoberta por qualquer um que diligentemente procure descobrir."

Porém, os próprios autores Newton e Jones indicaram que há algo não revelado. Newton sugere uma realidade mais profunda:

"... o segredo real da Maçonaria permanece oculto para muitos." Mais tarde, ele explicou o segredo como uma posição espiritual. Jones também tocou no assunto, comentando que o segredo real era de natureza religiosa.

Além disso, o livro O Espírito da Maçonaria, de Bailey, foi dedicado a esse propósito avançado da Maçonaria — uma busca espiritual que abrange toda a história da humanidade. Outros eruditos e filósofos também salientaram o aspecto místico e espiritual.

Aqui está um ponto onde a Irmandade se contradiz e há um choque de opiniões. O que há no núcleo da Maçonaria? Ela é essencialmente religiosa e espiritual em sua natureza?

É preciso observar logo de início que a Maçonaria não tem um texto escriturístico com autoridade para trazer direção, como uma religião tem. Usando a religião como comparação, o Cristianismo tem o Velho e o Novo Testamentos, o Judaísmo tem a Torá e o Talmude, o Islã tem o Alcorão, a Fé Bahá'í tem os escritos de Baha'u'llah, o Hinduísmo baseia-se nos Vedas, etc. Mas, a Maçonaria não possui uma "escritura" que sirva como autoridade.

Novamente, usando a "religião" como uma base de comparação, de onde o maçom recebe seu conhecimento através de escritos dos famosos historiadores e filósofos maçônicos, e de seus próprios rituais e experiências em cada grau. Desse modo, os maçons afirmam, legitimamente, que cada homem interpreta a Arte do seu próprio modo — independente das considerações ou conotações religiosas e espirituais.

Escrevendo sobre esse debate interno sobre a natureza religiosa da Maçonaria, Arthur Edward Waite — um líder maçônico, místico cristão, filósofo esotérico e ocultista —levanta as seguintes questões:

"... a Religião da Maçonaria não é somente uma questão não resolvida, mas uma questão cuja determinação oferece graves dificuldades... Um curso muito comum é afirmar que a verdadeira Maçonaria não é uma religião, nem consiste de aspectos religiosos ou que suponham experiências religiosas. Um ponto de vista mais confuso dificilmente poderia ser imaginado. Sendo assim, por que ela insiste nesta raiz de disputa, a fé no Grande Arquiteto do Universo? Por que requer uma adesão intelectual à noção da ressurreição para uma vida futura — seja lá como a ressurreição seja compreendida?"

"Por que seus Ritos e Graus e todos os sistemas na realidade são simplesmente exibições de oração e aspiração? Pode o Terceiro Grau da Arte, distante da religião, ensinar um homem como morrer — como afirma fazer? O que a lição da Palestra Mística no SANTO ARCO REAL, por suas próprias afirmações, fixa na mente de seus membros com relação ao GRAU DO ARCO REAL?"

"A resposta é que ela inspira seus membros com as mais exaltadas ideias de Divindade e leva à prática da mais pura e mais devota piedade. O que é isto se não religião? E o que é reverência ao incompreensível Jeová? É menos uma questão-raiz de religião do que a busca pela Palavra Perdida no Grau ROSA-CRUZ, palavra essa que é Cristo...?"

Albert E. Roberts no livro Abrindo as Portas da Maçonaria afirmou :

"A Maçonaria chama Deus de 'Grande Arquiteto do Universo'. Este é o nome especial dos maçons para Deus, pois Deus é universal. Ele pertence a todos os homens, independente de suas persuasões religiosas. Todos os homens sábios reconhecem Sua autoridade. Em suas devoções privadas, um maçom orará a Jeová, a Maomé, a Alá, a Jesus, ou à Deidade de sua escolha. Entretanto, na Loja Maçônica, o maçom encontrará o nome de sua Deidade dentro do Grande Arquiteto do Universo."

Albert Pike no livro MORAIS E DOGMAS faz as seguintes afirmações:

"A Bíblia Sagrada, o Esquadro e o Compasso, não são apenas denominados de Grandes Luzes da Maçonaria, mas também são tecnicamente chamados de Mobília da Loja... A Bíblia é uma parte indispensável da mobília de uma Loja Cristã, somente porque é o livro sagrado da religião cristã. O Pentateuco Hebraico em uma Loja Hebraica, e o Alcorão em uma Loja Maometana, pertencem ao Altar, e um desses, mais o Esquadro e o Compasso, corretamente compreendidos, são as Grandes Luzes pelas quais um maçom precisa caminhar e trabalhar."

Concluimos que a investigação dos aspectos da Maçonaria relacionados com religião e espiritualidade revela fatos importantes:

1) Demonstra que a Loja Maçônica e seus ensinos representam muito mais do que apenas "tornar os homens bons melhores" e que essa frase é uma espécie de enfeite de janela para obscurecer o quadro espiritual maior.

2) O homem cristão que crê na exclusividade de Jesus Cristo e em Sua graça e misericórdia — que o dom da salvação é obtido pela fé e não por meio das obras, "para que ninguém se glorie" — encontra-se em uma posição contrária aos ensinos espirituais e sigilosos: que o homem pode alcançar a perfeição e atingir a divindade por meio das obras (rituais e graus) da Loja Maçônica.

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