2 Coríntios 4.15
“Porque tudo isso é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças, para glória de Deus.”
Verdade Aplicada
A graça é o ato misericordioso de Deus pelo qual Ele oferece salvação e vida eterna a todos os pecadores.
Objetivos da Lição
Apresentar uma definição acerca da graça e contrastá-la com a lei;
Mostrar como a graça se desenvolve na vida cristã;
Revelar quem éramos, quem somos, e a nossa responsabilidade devido à graça.
Glossário
Deserção: Abandonar, deixar, fugir, largar, retirar-se, rejeitar;
Detrimento: Dano moral ou matéria; prejuízo, perda, quebra;
Excludente: Que exclui.
Leituras complementares
Segunda Rm 12.1-3
Terça Rm 13.1-14
Quarta 2Co 12.9
Quinta Ef 2.1-21
Sexta Hb 6.7-9
Sábado 1Pe 2.10
Textos de Referência.
Efésios 1.3-6
3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,
4 Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade,
5 E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
6 Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.
Hinos sugeridos.
Harpa cristã: 18
Harpa cristã: 107
Harpa cristã: 205.
Motivo de Oração
No Dia do professor, agradeça a Deus pelos professores da Escola Bíblica Dominical.
Esboço da Lição
Introdução
1. Compreendendo a graça de Deus.
2. O mover da graça na vida cristã.
3. A graça divina e doutrinas estranhas.
Introdução
Não há como negar que todos nós somos pecadores. Nossa natureza é corrupta e nossos pensamentos e ações, cheios de engano. Porém, louvaremos a Deus porque Ele não nos salva por nossas obras; e, sim, por Sua graça (Ef 2.8-9).
1. Compreendendo a graça de Deus.
A graça se refere à bondade de Deus aos homens e demais criaturas. Através dela, aquele que antes habitava em um mundo de trevas e totalmente inimigo ao projeto divino passa da condição de perdido a filho de Deus.
1.1. Uma definição bíblica a respeito da graça.
De forma geral, a graça é um favor que não merecemos. A palavra grega utilizada para graça é “charis”, e era empregada em diferentes aspectos. Era usada para aquilo que causara atração, tal como a graça na aparência ou na fala; era usada quanto à consideração favorável sentida em relação a uma pessoa; era usada para significar gratidão, ou usada quanto a um favor, Era usada adverbialmente em frases como: “por amor a alguma coisa”. Porém, a graça só assumiu seu significado pleno com a vinda de Cristo. O Seu sacrifício é a graça propriamente dita (2Co 8.9). Quando recebida pelo cristão, ela governa sua vida espiritual compondo favor sobre favor. Ela capacita, fortalece e controla todas as fases da vida (2 Co 8.6-7; Ef 4.29; 2Ts 2.16; 2Tm 2.1).
A graça do Senhor é absolutamente gratuita (Rm 6.14; 5,15-18; Ef 1.7; 2.8-9); é a dádiva das bênçãos diárias que recebemos dEle, sem merecê-las (Jo 1.16); é ela quem dá capacitação divina ao cristão para realizar a obra de Deus (1Co 15.10; Hb 12.28). A graça é o poder sustentador de Deus, que nos corrobora e condiciona a perseverar na fé depois de salvos (2Co 12.9).
1.2. A graça inexplicável.
O estado natural do pecador não o faz merecedor de nada, a não ser do juízo. Se Deus nada fizesse pela humanidade, Ele não estaria sendo mau, nem tampouco injusto. Todavia, a Bíblia nos ensina que Deus opera com Sua graça mesmo entre os injustos (Mt 5.45). Teologicamente, a ação de Deus em abençoar também as pessoas não regeneradas é identificada como “graça comum”. Não há como explicar tal bondade manifesta, deve-se apenas crer e desfrutá-la. Na vida do cristão, a graça provê diversos benefícios, como: justificação (Rm 3.24): capacidade de realizar a obra de Deus (Cl 1.29); dignidades e uma nova posição (1Pe 2.5, 9), uma eterna herança (Ef 1.3, 14).
O Novo Testamento destaca três razões porque Deus age com graça, especialmente na salvação. Ele age com graça para expressar Seu amor (Ef 2.4; Jo 3.16); para que se conheçamos séculos vindouros as riquezas de Sua graça (Ef 2.7);e para que o homem redimido produza bons frutos (Ef 2.10). A graça soberana é sempre intencional, pois a vida sob a graça é uma vida de boas obras.
1.3. A graça comparada à Lei.
A Lei foi a revelação de Deus para Israel acerca de como manter o relacionamento com Deus, Esta lei que Deus impôs mostrou a santidade do Senhor, a imperfeição do Seu povo e a necessidade de um Salvador. Assim se expressou Agostinho: “A lei foi concedida por Deus para que busquemos a graça, e a graça nos é oferecida para que possamos cumprir a lei”. A Lei nos conduziu a Cristo, para crermos nEle (Gl 3.23-24). Como escreveu o apóstolo Paulo: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). O mesmo Deus que nos pede algo, também nos capacita a realiza-lo (2Co 3.5).
Na aliança da graça, Deus é quem toma a iniciativa, e, por sua graça, Ele não se apresenta apenas como um Deus soberano e bondoso, mas também, e especialmente, como um Pai misericordioso e perdoador, disposto a perdoar o pecado e a restaurar os pecadores à Sua bem-aventurada comunhão (Ef 2.4-8). Segundo Shedd, Deus concede rica misericórdia aos rebeldes (Ef 2.2-4), e oferece livre graça (salvação ou favor imerecido) aos perdidos (filhos da ira). Não é nada mais, nada menos do que o Seu grande amor e a suprema riqueza da Sua graça demonstrando uma bondade tão infinita.
2. O mover da graça na vida cristã.
Em Tito 2.11-12, encontramos que a graça de Deus se manifesta para trazer salvação e para nos ensinar a viver neste mundo. Assim, a graça divina nos acompanha ao longo de toda a caminhada cristã.
2.1. A graça nos ensina.
Interessante notar a ação da graça de Deus entre duas manifestações divinas: “se há manifestado” (Tt 2.11); e “aguardando...o aparecimento” – a manifestação (Tt 2.13). Assim, carecemos desta graça para salvação e para vivermos neste mundo enquanto aguardamos a volta de Jesus Cristo. Após o novo nascimento, a graça salvadora torna-se a graça de um Mestre, pois nos instrui. Bem-aventurados todos os que, tendo iniciado a nova vida em Cristo, tornam-se matriculados na “Escola da Graça”, como designou o escritor inglês Canon Hay Aitken, em 1880.
A graça nos ensina a renunciar “a impiedade e às concupiscências mundanas” e a viver “Sóbria, e justa, e piamente”, ou seja, uma vida prudente (moderada), correta e dedicada a Deus. A superabundante graça de Deus se manifestou para salvar, ensinar e capacitar a vivermos uma vida agradável ao Senhor até “o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”, Abrangendo os relacionamentos conosco mesmo, com nosso próximo e com Deus.
2.2. A graça nos fortalece.
No segundo livro de Timóteo, capítulo um, o apóstolo Paulo faz menção à prisão, padecimento e deserção de cristãos na Ásia. Eram dias difíceis e trabalhosos. Neste contexto, Paulo escreve a Timóteo: “Tu, pois, meu filho fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.” (2Tm 2.1). Não importa o que os outros estão pensando, falando ou fazendo: “fortifica-te”! Não se trata de sermos fortes em nós mesmos, mas por meio da graça que está em Cristo Jesus. Não encontraremos esta força em nós mesmos, mas em Cristo! O mesmo favor gratuito de Deus que se manifestou para salvação, também intervém para fortalecer-nos e, assim, podermos prosseguir.
É possível vencer, avançar e perseverar mesmo nos dias difíceis e de sofrimento. Quando o apóstolo Paulo pediu a Deus que o livrasse do !espinho na carne”, o Senhor lhe disse: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”, (2Co 12.9). Hernandes Dias Lopes assim declarou: “Deus sabe equilibrar, em nossa vida, as bênçãos e os fardos , o sofrimento e a glória...A graça de Deus é que nos capacita a enfrentar vitoriosamente o sofrimento. A graça de Deus é o tônico para a alma aflita, o remédio para o corpo frágil, a força que põe de pé o caído”.
2.3. A graça nos capacita para o serviço.
É importante refletir em Hebreus 12.28: “retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade”. Notemos que a graça de Deus atua nos diversos aspectos da vida cristã: salvação, ensino, fortalecimento, serviço. Não há motivos para sermos inoperantes e nem indiferentes ao serviço cristão. O início do versículo 28 relata que estamos herdando um Reino inabalável. Portanto, se fomos alcançados por tão grande dádiva divina, temos mais responsabilidades ainda de retermos, perseverarmos e sermos ativos participantes servindo ao Senhor.
O apóstolo Paulo escreveu que trabalhava porque a graça de Deus estava com ele (1Co 15.10). Logo, a graça do Senhor também se manifesta fortalecendo-nos para o serviço cristão. Um serviço que agrada ao Senhor. Não trabalhamos para receber a graça, mas, sim, porque ela já está atuando em nós. Que não a recebamos em vão (2Co 6.1).
3. A graça divina e doutrinas estranhas.
Há um alerta bíblico para que não nos deixemos ser levados “por doutrinas várias e estranhas” (Hb 13.9), para tanto se faz necessário que busquemos o fortalecimento espiritual por meio da graça de Deus. Ao longo da história da Igreja, várias doutrinas sem fundamentação bíblica, ou baseadas em distorções do texto bíblico, têm surgido.
3.1. Antinomismo.
É um termo de origem grega que significa “contra” (anti) a “lei” (nomos). Trata-se de uma antiga heresia que distorce a doutrina bíblica da graça e dissemina a ideia de que todos os que foram alcançados pela graça de Deus estão livres para viver sem regras ou princípios morais. O apóstolo Paulo refuta esse pensamento em Romanos 6. A manifestação da graça salvadora não é “passaporte” para continuar vivendo em pecado. Ao contrário, quando a graça domina, ela proporciona vida em Cristo Jesus (Rm 5.1) e a pessoa está morta para o pecado (Rm 6.2).
O povo de Deus precisa estar alerta, pois as Escrituras Sagradas exortam a combatermos a favor da fé (incluindo aí as doutrinas bíblicas). Infelizmente, pessoas sem temor a Deus procuram influenciar os discípulos de Jesus, por intermédio de ensinos que distorcem a pura mensagem bíblica acerca da graça de Deus, para justificar uma vida imoral: “convertem em dissolução a graça de Deus” (Jd 4). A palavra “dissolução”, no grego, admite vários sentidos: “perversão em geral”; “falta de moderação”; “libertinagem”, entre outros. Como diz o texto sagrado, os que assim vivem “negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo”.
3.2. Legalismo.
É o oposto do antinomismo. Trata-se do outro extremo. Enfatiza a lei em detrimento da graça (Gl 2.16). Considera e concentra toda a atenção no comportamento humano, não como resultado da ação da graça de Deus na vida humana, mas como requisito para alcançar mérito diante de Deus; como se fosse necessário “completar” o processo de salvação. O texto sagrado afirma que a salvação é pela graça, “por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Lembremo-nos de Cornélio, que era piedoso, temente a Deus, fazia esmolas, orava a Deus, jejuava (At 10.1-2, 30), porém não era salvo (At 11.14).
O apóstolo Paulo instruiu as igrejas acerca do perigo do legalismo (Cl 2.20-22; Gl 2.16; 4.9-10), e afirma que, aqueles que não creem na suficiência de Jesus Cristo para justificação por meio da fé nEle, “da graça tendes caído” (Gl 5.4). O legalismo enfatiza o dever e a ação do Espírito Santo nos nascidos de novo opera o querer. Russel Shedd declarou: “Qualquer ação, atitude ou esforço aceitável a Deus resulta da atuação do Espírito no filho de Deus”.
3.3. A falta do uso da disciplina na Igreja.
Eis um tema bíblico, mas que não tem sido muito exposto na igreja, Será que há incompatibilidade entre a graça e a disciplina? São ações excludentes? A sensação é que muitos evitam este assunto por considerá-lo não apropriado em nossos dias. Contudo, biblicamente, a disciplina é um exercício de amor e graça (Hb 12.1-15). A ausência de disciplina pode resultar em alguém abandonar a graça de Deus (Hb 12.15). A disciplina na igreja visa corrigir para aperfeiçoar o caráter e conduta do discípulo de Cristo, Visa restaurar o faltoso e manter a pureza espiritual, pois contribui para que haja temor na igreja local.
O Senhor Jesus instrui Seus discípulos quanto a lidar com o pecado de um irmão (Mt 18.17-19). O apóstolo Paulo também tratou deste assunto nas epístolas (1Tm 5.20; Gl 6.1; 2Co 2.5-8; 2Ts 3.14-15).Observando os diversos termos usados nos textos bíblicos referenciados, concluímos que a aplicação da disciplina, de acordo com as orientações bíblicas , está repleta de atitudes de graça: “mansidão”; “perdão”; “consolo”. Assim, a ausência da aplicação da disciplina da igreja contribui para a distorção da doutrina bíblica da graça de Deus.
Conclusão.
Louvemos a Deus por Sua superabundante graça, que se manifestou em Cristo Jesus para nos trazer salvação, pois não há méritos em nós. Por nossos próprios recursos não conseguimos satisfazer a justiça divina. Esta graça que trouxe salvação, também é suficiente para nos sustentar até o dia final.
Questionário.
1. Quando a graça assumiu significado pleno?
R: Com a vinda de Cristo (2Co 8.9).
2. Qual foi o conselho de Paulo a Timóteo?
R: “Tu, pois meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus (2Tm 2.1).
3. O que o legalismo enfatiza?
R: A lei em detrimento da graça (Gl 2.16).
4. O que é, biblicamente, a disciplina?
R: É um exercício de amor e graça (Hb 12.1-15).
5. O que pode resultar a ausência de disciplina?
R: Em alguém abandonar a graça de Deus (Hb 12.15).
Revista Bétel Dominical 4º Trimestre de 2017 - Adultos: Tema: Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo: O legado da Reforma Protestante e a importância de perseverar nos ensinos dos apóstolos mais »
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Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo. O legado da reforma Protestante e a importância de perseverar no ensino dos apóstolos, Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2017, ano 27, Nº 105, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.
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