Marisa Letícia sofreu um AVC em 24 de janeiro e faleceu aos 66 anos, nesta quarta-feira (1º)
Morreu nesta quarta-feira, aos 66 anos, a ex-primeira dama do Brasil, Marisa Letícia Lula da Silva. Casada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por 43 anos, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em sua casa, em São Bernardo do Campo, foi atendida por um hospital local e transferida ao Sírio Libanês, na região central de São Paulo, onde foi declarada sua morte cerebral.
Nascida em uma família de imigrantes italianos em São Bernardo do Campo, ela teve uma origem humilde, como o marido. De personalidade forte, Lula, que a chamava de Galega, costumava brincar que quem mandava nele era ela. Os dois se casaram em 1974, quando ele já era um sindicalista atuante do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Ela foi ao local em busca de um carimbo para liberar a pensão do primeiro marido, Marcos Cláudio, taxista, que morreu em uma tentativa de assalto quando ela estava grávida. Lula correu para atendê-la e deixou, de propósito, cair seu documento, que mostrava que também era viúvo. Sete meses depois, estavam casados.
Juntos tiveram três filhos: Fabio Luís, Sandro Luís e Luís Cláudio. Do primeiro casamento de dona Marisa nasceu Marcos Cláudio, nomeado em homenagem ao pai, que acabou adotado pelo ex-presidente.
Ao lado de Lula, a ex-primeira dama passou por todos os altos e baixos vividos pelo ex-presidente. Durante as greves do ABC, o movimento sindical liderado por Lula que foi o mais importante do país nos últimos anos, ela abria sua casa para reuniões políticas. Chegou a atuar em marchas após a prisão do marido, pela polícia da ditadura militar. Também teve participação ativa quando o Partido dos Trabalhadores foi criado, em 1980.
Discreta, dona Marisa desempenhou um papel de bastidores nas duas gestões presidenciais de seu marido. Diferenciou-se de sua antecessora, Ruth Cardoso, na função de primeira-dama, ao preferir não exercer qualquer cargo filantrópico do Governo. Esteve ao lado de Lula também durante todo o tratamento de câncer a que ele foi submetido, em 2011. Dizia-se, na época, que ela controlava quem podia e quem não podia visitá-lo, para evitar que ele se cansasse.
Nos últimos anos, viu-se envolvida no turbilhão da Operação Lava Jato. Há quatro meses, tornou-se ré em duas investigações, ao lado do marido. Era acusada de, ao lado dele, ocultar um tríplex no Guarujá, que teria sido reformado pela construtora OAS, e também de ter sido beneficiada pela compra de um apartamento em São Bernardo do Campo, pela Odebrecht, mas que não estão, oficialmente, em nome deles. Ela ainda é citada em investigações relacionadas a um sítio em Atibaia, para o qual teria comprado dois pedalinhos, de 5.600 reais no total. As acusações a abalaram e causaram indignação no ex-presidente Lula. “Se eu pudesse, dava um iate para ela”,dizia ele, que frequentemente chorava ao falar sobre o assunto. Em março do ano passado, ela teve vazada uma conversa telefônica tida com seu filho, Fábio, em que se mostrava indignada com os protestos contra o Partido dos Trabalhadores, meses antes do impeachment de Dilma Rousseff.
Fonte: El País
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