Cientistas acreditam que os dias na Terra estão ficando mais longos.
Não é muito, apenas 1,8 milissegundos (ou milésimos de segundo) por século. Então não daria para comemorar um dia mais longo com uma bela caminhada em um parque ou em uma praia - para ganhar um minuto a mais, será necessário esperar 3,3 milhões de anos.
Em um estudo publicado nesta semana na revista especializada Proceedings of the Royal Society, astrônomos determinaram que os dias na antiga Babilônia eram mais curtos. Leslie Morrison, participante do estudo e astrônomo aposentado do Observatório Real de Greenwich, no Reino Unido, analisou com sua equipe as teorias gravitacionais sobre o movimento da Terra ao redor do Sol e da Lua ao redor da Terra.
Os cientistas perceberam que que, no passado, babilônios, gregos, chineses, árabes e até os europeus medievais observaram eclipses lunares e solares em momentos e lugares que não coincidem com os do presente.
O evento mais antigo catalogado foi o eclipse solar que ocorreu no ano 720 antes de Cristo. Ele foi observado por astronômos em um local na Babilônia, onde hoje é o Iraque. Para descobrir como a rotação do nosso planeta variou no período de 2735 anos, os estudiosos compararam os registros históricos com um modelo criado em computador que calculava onde e quando as pessoas teriam visto estes eclipses do passado se a rotação da Terra tivesse se mantido constante.
Eles chegaram à conclusão de que o eclipse solar de 720 a.C. não poderia ter sido observado onde hoje é o Iraque, e sim em algum lugar na região oeste do oceano Atlântico.
"Mesmo com as observações (de eclipses no passado) sendo rudimentares, podemos ver uma discrepância consistente entre os cálculos e onde e quando os eclipses realmente foram vistos. Isto significa que a Terra está variando em seu movimento de rotação", disse Morrison ao jornal britânico The Guardian.
'Grande impacto'
De acordo com astrônomos, a Terra já teria passado por uma mudança em sua rotação há 4,5 bilhões de anos, quando um corpo celeste do tamanho de Marte se chocou contra nosso planeta e ejetou o material que que formou a Lua.
Neste evento de proporções cataclísmicas, a teoria do "grande impacto", um dia na Terra pode ter pulado de seis para as atuais 24 horas.
Astrônomos sabem que o planeta segue desde então desacelerando e que o principal efeito de frenagem vem da gravidade da Lua. Mas a interação entre as marés dos oceanos e os continentes da Terra é também um importante fator, segundo Morrison.
Quando os continentes são atingidos pela força do mar, o planeta perde o ímpeto. Mas os modelos e teorias que levam em conta apenas este fenômeno sugerem que a rotação da Terra deveria estar desacelerando mais do que previsto pela análise dos dados de eclipses- cerca de 2,3 milissegundos por dia a cada século.
Então, os pesquisadores acreditam que outros fatores também devem estar influenciando. E suspeitam que a mais recente era do gelo na Terra, há 13 mil anos, alterou a forma do planeta e influenciou a velocidade de rotação.
Mudanças no níveis dos mares e nas forças eletromagnéticas entre o centro da Terra e sua crosta rochosa também podem ter tido efeito na rotação do planeta.
Devido a estas variações, os relógios atômicos, de alta precisão, precisam ser ajustados periodicamente para se manter em sintonia com a rotação do planeta. Por isso, na passagem de Ano Novo, o ajuste fará com que o dia 31 de dezembro tenha um segundo a mais.
Fonte: BBC
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