Cláudio Melo Filho aponta nomes de secretárias e números de telefones, além de riquezas de detalhes de encontros com políticos
O relato do delator Cláudio Melo Filho, rico em detalhes, além de revelar projetos e medidas provisórias negociadas, valores distribuídos e políticos beneficiados, o depoimento do ex-diretor da Odebrecht ao Ministério Público traz um varejo do dia a dia de sua relação com esses personagens. Segundo matéria do ‘O Globo’, ele descreve localização de salas, de gabinetes, detalhes de poltronas, nomes de restaurantes e de secretárias dos parlamentares com seus respectivos números de telefones celulares e fixos, num total de 48 contatos. Destes, 33 celulares. Melo Filho também narra como foi a chegada e a espera pelo então vice-presidente Michel Temer, no jantar ocorrido no Palácio do Jaburu, em maio de 2014.
O delator enumera com precisão que, em 2014, fez 117 ligações para Geddel Vieira Lima, o mais próximo amigo que disse ter entre os citados no seu depoimento. “Desconsiderando as ligações recebidas”, completou.
Em outro relato sobre Geddel, novas minúcias aparecem. Melo Filho contou que ambos possuem casas num condomínio no litoral norte da Bahia e que sempre caminhavam e conversavam quando estavam por lá. Disse que a relação entre os dois era “notória” e que um sempre sabia da presença do outro no condomínio, pois seus respectivos caseiros são irmãos.
Em certa ocasião, um dos diretores da Odebrecht levou o ex-jogador e senador Romário (PSB) ao escritório da empresa em Brasília. O acordo com Romário não aconteceu, mas os funcionários fizeram muitas selfies com o ex-atacante da seleção brasileira.
Os restaurantes e as figuras políticas com quem tomou café, almoçou e jantou estão frescos na memória, ou nas anotações, de Melo Filho. Segundo o delator, quando o petista Jaques Wagner lançou-se candidato ao governo da Bahia, em 2006, ele o chamou, com Marcelo Odebrecht, para uma conversa. “Durante almoço marcado por mim no restaurante Convento, localizado na Casa da Itália no eixinho sul, em Brasília, Jaques Wagner solicitou apoio financeiro”. O episódio no qual Eliseu Padilha presta uma “palavra de solidariedade” a Marcelo Odebrecht, se deu no segundo semestre, em um café da manhã no Hotel Royal Tulip.
Um dos encontros com o senador Gim Argello (PTB-DF), que está preso, é descrito em alguns detalhes, como posicionamento de cadeiras e da cozinha.
Toda vez que relata como se dava um contato com algum político, Melo Filho cita o nome da secretária com quem ele ou sua funcionária falava e em qual número. Há um texto quase que padrão para essa descrição, no qual diz que as reuniões eram marcadas por sua secretária com a outra secretária — dá os nomes e os telefones, um a um.
Fonte: O Globo
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