22 de agosto de 2016
A bíblia e os dinossauros - Parte 2
A partir do capítulo 38 do livro de Jó, Deus questiona o patriarca acerca de vários fatos da Criação, muitas vezes sobre coisas que Jó jamais conseguiria responder. Em Jó 40:15-19, temos um exemplo disso: Deus fala para Jó sobre o Behemoth (ou Beemote), um animal possante e diferente de tudo o que hoje é visto na natureza. Quer dizer, diferente de tudo o que é visto hoje.
Observe a "descrição" completa conforme se encontra em Jó 40:15-19:
"Contempla agora o Behemoth, que eu criei como a ti, que come a erva como o boi. Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre. Ele enrija a sua cauda como o cedro; os nervos das suas coxas são entretecidos. Os seus ossos são como tubos de bronze, as suas costelas como barras de ferro.Ele é obra prima dos caminhos de Deus; aquele que o fez o proveu da sua espada. Em verdade os montes lhe produzem pasto, onde todos os animais do campo folgam. Deita-se debaixo dos lotos, no esconderijo dos canaviais e no pântano. Os lotos cobrem-no com sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam. Eis que se um rio trasborda, ele não treme; sente-se seguro ainda que o Jordão se levante até a sua boca. Poderá alguém apanhá-lo quando ele estiver de vigia, ou com laços lhe furar o nariz?"
A única informação externa que é certa, a princípio, é que a existência do Behemoth faz parte da cultura Hebraica. Porém, ele é descrito juntamente com vários outros animais que realmente existem ou existiram no Livro de Jó, e mais, pra quem crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, o Behemoth deve ter existido certamente, do contrário não seria mencionado.
Ora, se o Behemoth existiu, que animal ele é ou foi? Alguns alegam que era um elefante, outros um hipopótamo, e outros ainda vão mais além, dizendo que seria um saurópode; mais especificamente, um Diplodocídeo...
ELEFANTE OU HIPOPÓTAMO, QUEM SABE?
O Behemoth é descrito como a mais poderosa de todas as criaturas de Deus, um monarca do Reino Animal. Alguns estudiosos tentaram identificar Behemoth como um elefante ou hipopótamo. Até poderia ser, afinal hipopótamos e elefantes são gigantescos e corpulentos... Mas um pequeno detalhe pode "atrapalhar" essa identificação.
A cauda do behemoth, na Bíblia, é comparada à árvore de cedro (Jó 40:15 em diante), que é uma das maiores e mais espetaculares árvores do mundo antigo. Pois bem, essa certamente não é, digamos, a melhor descrição para a cauda de um hipopótamo ou de elefante. Ambos possuem uma cauda extremamente curta e fina; nada que se possa comparar ao cedro. Logo, o Behemoth era alguma outra criatura... Mas qual?
UMA CRIATURA "FANTÁSTICA"?
Para se descobrir, de forma eficiente, o que é o behemoth bíblico é necessário descobrir as fontes históricas sobre ele. Ou seja, a concepção do Behemoth pela cultura Hebraica.
O nome é o plural do hebraico בהמה, bəhēmāh, "animal", com sentido enfático ("animal grande", "animal por excelência"). Na tradição judaica ortodoxa, Behemoth é o monstro da terra por excelência, em oposição a Leviathan, o monstro do mar (tido por alguns como um ser similar a uma baleia), e Ziz, o monstro do ar. Diz uma lenda judaica que Behemoth e Leviathan se enfrentarão no final dos tempos, matando-se um ao outro; então, sua carne será servida em banquete aos humanos que sobreviverem.
Ora, e de onde teria vindo a "lenda do Behemoth"? Possivelmente da mesma forma que muitas lendas sobre dragões surgiram: fósseis relatados pelos antigos como seres que morreram há pouco tempo. Ou mesmo pegadas do próprio.
Em outras palavras, provavelmente a concepção do Behemoth veio do registro fóssil achado, pois a Bíblia garante que o mesmo existiu. Mas era o registro fóssil de que animal? Que animal, do passado, foi o Behemoth?
O MONARCA EXTINTO
Levando tudo isso em consideração, muitos estudiosos alegam que o Behemoth seria um dinossauro, mais especificamente, um saurópode.
Os saurópodes são conhecidos na mídia afora como "dinossauros pescoçudos" e figuram entre os maiores animais que caminharam pela Terra; alguns superavam a Baleia Azul, de 30 metr0s, em comprimento, inclusive. Criaturas corpulentas, possuiam uma cauda com músculos bem fortes e sempre um pescoço comprido, que em algumas espécies possuía uma boa mobilidade para as laterais. Todos esses animais eram herbívoros.
Como podemos ver, e por mais estranho (ou absurdo) que possa parecer, o Behemoth da Bíblia possui todas as características esperadas para um saurópode, especialmente a questão da cauda, que já era comprida e longa.
E podemos ainda ser mais específicos na descrição, pois com base na descrição bíblica podemos descobrir até a qual família o Behemoth teria pertencido. Veja bem: a comparação da cauda do Behemoth com o cedro parece ser um exagero, mas na verdade, pode não ser. Acontece que os saurópodes da família Diplodocidae possuíam a cauda forte e incrívelmente longa, começando grossa e se afunilando até a ponta. Um exemplo clássico de dinossauro dessa família é o Diplodocus (imagem acima), de 27 metros de comprimento e cauda tão longa que era utilizada como um potente chicote. Realmente, o Diplodocus devia mover a sua cauda como um tronco de cedro; acredita-se que a potência do dito chicote era tão forte que o estalo de sua cauda no predador quebrava a barreira do som!
DINOSSAUROS COEXISTINDO COM HUMANOS??
No entanto, sabe-se que o fato do Behemoth do capítulo 40 de Jó ser um saurópode é utilizado como argumento em favor de uma Terra jovem, e da coexistência entre humanos e dinossauros.
Cientificamente falando, os mais diversos métodos de datação apontam os saurópodes na Era Mesozóica, ou seja, no intervalo entre 255 e 65 milhões de anos. E essa é uma idade muito antiga, mais antiga que o Dilúvio e que Adão e Eva. O Diplodocus, por exemplo, viveu há 140 milhões de anos antes de Cristo.
Mas então como explicar isso?
Primeiro: O Behemoth era uma criatura "lendária" que compõe a cultura judaica ortodoxa e, tal qual ocorreu com a concepção da maioria das criaturas mitológicas, a concepção judaica do Behemoth pode muito bem ter surgido pelo registro fóssil de uma criatura que realmente existiu, conforme a Bíblia descreve.
Segundo: Acontece que poucos atentam para o fato de que não é Jó que descreve o saurópode, que certamente devia ser conhecido por Jó através de algum esqueleto de saurópode que ele tenha visto, mas sim Deus. Deus é quem descreve o Behemoth, e não Jó. E, como Ele esteve presente desde o princípio da Criação, possivelmente Deus mencionou o Behemoth como uma das maiores maravilhas que um dia andou pela Terra. É curioso, também, o ar de ironia de toda a passagem, que na verdade está presente em todo capítulo 38, 39, 40 e 41 de Jó, mas aqui se torna bem evidente na seguinte frase:
"Contempla agora o Behemoth, que eu criei como a ti (...)"
"Contemplar" nesse caso deve ser no sentido de"analise", "observe". Mas não implica necessariamente que, naquele instante, Jó viu um Behemoth diante dele. Jó apenas sabia de sua existência (certamente por ossos), embora provavelmente jamais tenha visto um vivo. Porém o sentido irônico está no "que eu criei como a ti", ou como em outras traduções, "que eu fiz contigo", uma vez que os Diplodocídeos viveram há milhões de anos antes de Cristo...
Uma outra possibilidade para o "contemplar" o Behemoth, também, seria a de que Deus mostrou o Diplodocídeo para Jó em visão, já que o Behemoth não existe mais. Isso é altamente provável, visto que em outras passagens deste mesmo livro dá a entender que Deus mostra em visão para Jó alguns dos fatos da Criação, como a questão da gravidade da Terra. Isso poderia ser aplicado também ao Leviathan, outra criatura "mítica" do livro. Porém, isso não descarta o fato desse animal pertencer á cultura hebraica e ser conhecido por fósseis ou icnofósseis (pegadas).
O JORDÃO E O BEHEMOTH
Mas o que dizer da afirmação que encontramos no versículo 15?
"Eis que se um rio transborda, ele não treme; sente-se seguro ainda que o Jordão se levante até a sua boca."
Se você observar bem esse versículo, ele menciona o Rio Jordão como exemplo, justamente pela profundidade do rio. Vale lembrar que o Rio Jordão como conhecemos hoje se formou após a Era dos Dinossauros. Porém ele, embora mais fundo e muito diferente do que é hoje, existiu no tempo dos saurópodes. Logo isso indicaria que, tomando como exemplo o Rio Jordão, essa criatura não se incomodava se o rio enchesse. E nem precisava encher tanto assim: os diplodocídeos, ao contrário dos outros saurópodes, tinham o corpo um pouco mais plano e o pescoço costumava ficar na horizontal. Logo, bastasse a água subir uns 4 metros já cobriria o animal.
É interessante notar que a Bíblia não fala que o Behemoth era aquático, mas alega que poderia atravessar um rio mesmo cheio. Curiosamente, algumas pesquisas sugerem que alguns saurópodes talvez atravessassem rios inteiros usando as patas dianteiras para impulso, enquanto as de trás ficavam soltas e o corpo flutuando graças a bolsas de ar que esses animais possuíam.
A teoria de Henderson, avaliada por descobertas em alguns fósseis, alega que os saurópodes tinham bolsas de ar localizadas ao longo de sua espinha dorsal. Esses compartimentos permitiam aos saurópode absorver oxigênio de forma mais eficiente à medida que o ar era transportado de seus extensos pescoços até os pulmões. Ao mesmo tempo, as bolsas ajudavam a dissipar o calor excessivo de seus corpos. Porém, essas bolsas também atuavam como gigantescos coletes salva-vidas, que lhes permitiam flutuar na água, ligeiramente inclinados para frente adiante para que as patas dianteiras pudessem tocar o fundo e dar impulso a eles. A teoria explica por que muitas das pegadas de Brachiosaurus encontradas até hoje em locais como o Texas e a península da Coréia correspondem exclusivamente às patas dianteiras. Tal tese, apesar de girar em torno do gênero Brachiosaurus, pode também ser válida para membros da família do Diplodocus.
Em outras palavras, um saurópode poderia atravessar sim um rio tão denso quanto o Rio Jordão. Mas sem dúvida não viveriam debaixo de uma quantidade absurda de água, pois aí a pressão da água esmagaria os seus pulmões. E, consequentemente, a alegação de que se o Behemoth estiver no Ro Jordão não se importa se a água chega até o seu focinho (que, curiosamente, ficava no alto da cabeça) não prova que Jó já o tenha visto ou que o saurópode são animais contemporâneos.
Existem ainda alguns detalhes na passagem bíblica que confirmam o Behemoth como um saurópode diplodocídeo:
- No versículo 19 é dito que Deus o proveu de sua espada. Curiosamente, pesquisas indicam que os saurópodes Diplodocídeos utilizavam a cauda como arma de defesa.
- Além disso, o termo "espada" no mesmo versículo pode remeter á separação, ou divisão, ou mesmo extinção, o que pode ter algum sentido simbólico com relação ao fim da espécie desse animal.
- Nos versículos 21 e 22 descreve o Behemoth com um animal que, ainda que grande, não mais alto que as árvores que o cercam, a ponto das sombras delas o cobrirem. Isso certamente acontecia com o Diplodocus, por exemplo, que mantia o pescoço e o corpo na horizontal. Além disso, os ambientes mencionados nesses mesmos versos, de acordo com o registro fóssil, são realmente ambientes que muitos saurópodes habitavam.
- No versículo 24 fala que ninguém pode apanhá-lo em vigia. Realmente, a reação da cauda de um Diplodocus ao notar um ataque deveria ser imediata.
- No versículo 24 também vemos a menção de que não se pode lhe furar o nariz com um laço. Levando em conta que o "nariz" do Behemoth ficava no alto da cabeça, isso seria realmente difícil...
Fonte: http://segredosdaarqueologiabiblica.blogspot.com.br/2016/08/quem-foi-o-behemoth-do-livro-de-jo.html
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