6 de junho de 2016

Noticia: Cartas de Cerveró: delator assumi seu maior erro ‘não controlar a ambição’

Em mensagens escritas do próprio punho, ex-diretor da Petrobras ataca adversários e reconhece seus erros: ‘O arrependimento é por não ter sabido controlar a minha ambição’

Uma reportagem da edição da revista ‘Veja’ publicada neste final de semana traz a primeira entrevista do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró desde que foi preso pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Cerveró conversou com ‘Veja’ por meio de cartas. Escreveu sete páginas, de próprio punho, nas quais reconhece seus erros, ataca seus adversários, defende sua família e reafirma que foi colocado e mantido na estatal sob as bênçãos do PT.

A dívida: Cerveró relata como ajudou a campanha da reeleição de Lula em 2006

“Eu fui nomeado como retribuição por ter solucionado a dívida do PT com a Schain de 50 milhões de reais, quando era diretor internacional, em 2007, através da contratação da Schain como operadora da sonda Vitoria 10.000″.
Cerveró relata como ajudou a campanha da reeleição de Lula em 2006

A traição: Ex-diretor relembra que o momento mais difícil na prisão foi quando o seu ex-advogado tentou sabotar a sua delação

“O momento mais difícil foi perceber que o meu ex-advogado trabalhava contra meus interesses, preocupado em garantir seus recebimentos e envolvimentos políticos, mesmo que isto significasse a minha permanência na prisão por muito tempo.”

O poder: Cerveró reconhece que foi seduzido pelo ambição e pelo status de poder dirigir a maior empresa brasileira

“O arrependimento é por não ter sabido controlar a minha ambição, não só por dinheiro, mas também pela vaidade em permanecer diretor da Petrobras e trabalhado com pagamentos de propinas a políticos a fim de me manter no cargo”.
O ex-diretor da Petrobras reconhece que foi seduzido pelo ambição e pelo status de poder dirigir a maior empresa brasileira

O arrependimento: Após um ano e quatro meses preso, o delator diz estar arrependido e pede desculpas à sociedade brasileira

“Quero pedir desculpas à sociedade brasileira e aos meus ex-companheiros da Petrobras pelas perdas e decepção que causei”.

O filho: O ex-diretor da Petrobras defende a sua família e diz que o seu filho foi corajoso ao gravar Delcídio do Amaral

“O meu filho demonstrou muita coragem ao realizar a gravação que esclareceu e mostrou o envolvimento do senador e do meu ex-advogado”.

O ataque: Cerveró questiona o fato de Delcídio ter se empenhado tanto para evitar sua delação.

“Se ele não cometeu nenhum outro crime, além de obstruir a Lava Jato, por que temia tanto a minha delação?”.

A punição: O delator se ressente de não poder comemorar o aniversário de sua neta

“A minha única neta, como você sabe, está fora do país por questão de segurança e não sei quando vou poder voltar a vê-la e estar com ela. Dentro de alguns meses vai completar 10 anos e não estarei no seu aniversário”.
O delator se ressente de não poder comemorar o aniversário de sua neta – que está escondida fora do Brasil por questão de segurança

A prisão: Cerveró relata sua rotina atrás das grades

“Rotina de prisão: acordar, café da manhã, leitura, almoço banho de sol e banho, leitura, jantar, leitura e dormir. Já li mais de 60 livros neste período.”

“O tratamento dos agentes penitenciários sempre foi bom, tratando com respeito e dignidade. O que eu quero destacar é o nível de solidariedade e apoio mútuo que se desenvolve entre os presos, das diversas condições sociais e de níveis de educação”.

O retorno: O ex-diretor diz que não sabe o que pretende fazer quando ganhar a liberdade

“Não sei o que farei após ganhar a liberdade, faltam ainda alguns anos e na minha idade de quase 65 anos é muito difícil estabelecer qualquer planejamento, principalmente pela dificuldade de realizar qualquer trabalho, dada a enorme exposição na mídia nestes últimos 2 anos”.
Fonte: Veja


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