3 de maio de 2016

A respeito à correta relação entre lei e graça

Três erros têm importunado a igreja no que diz respeito à correta relação entre lei e graça:

1. Antinomianismo - a negação de qualquer regra sobre a vida dos crentes; a afirmação de que aos homens não se requer que tenham uma vida santificada, posto que são salvos pela graça, gratuita, de Deus. "Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra" (Tt 1.16).

"Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo." (Jd v. 4).

2. Cerimonialismo - a exigência de que os crentes devem observar as ordenanças levíticas. A forma moderna desse erro é o ensino de que os ritos cristãos são essenciais à salvação.


"Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos" (At 15.1).

3. Galacianismo - a mistura de lei e graça; o ensino de que a justificação ocorre em parte pela graça e, em parte, pela lei; ou de que a graça é dada a fim de capacitar um pecador, de outra forma impotente, a guardar a lei. Contra tal erro, o mais difundido de todos, os avisos solenes, a lógica irrefutável e as declarações enfáticas da epístola aos Gálatas são a resposta final de Deus.

"Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?" (G13.2,3).

"Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema" (G11.6-8).

A exposição a seguir pode ser útil, servindo como um esboço do ensinamento das Escrituras a respeito desse importante assunto. As passagens citadas referem-se apenas à lei moral.

O QUE A LEI É

"E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom" (Rm 7.12).


Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado" (Rm 7.14).

"Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus" (Rm 7.22).

"Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente" (1 Tm 1.8).

"Ora, a lei não é da fé" (G13.12).

O LEGÍTIMO USO DA LEI

"Que diremos pois? E a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás" (Rm 7.7; veja também o versículo 13).

"Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rm 3.20).

"Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões" (G1 3.19).

"Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus" (Rm 3.19). A lei tem apenas uma língua: "tudo o que a lei diz", o faz apenas para condenar.

"Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las" (G1 3.10).

"Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos" (Tg 2.10).

"O ministério da morte, gravado com letras em pedras" (2 Co 3.7).

"O ministério da condenação" (2 Co 3.9).

"E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri" (Rm 7.9).

"A força do pecado é a lei" (1 Co 15.56).

E evidente, assim, que o propósito de Deus ao dar a lei, após a humanidade ter existido sem ela por dois mil e quinhentos anos (Jo 1.17; G1 3.17), era, em primeiro lugar, trazer ao homem condenável o conhecimento de seu pecado e, então, de sua completa impotência à luz das justas exigências de Deus. É pura e simplesmente um ministério de condenação e morte.

O QUE ALEI NÃO PODE FAZER

"Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rm 3.20).

"Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" (G1 2.16).

"Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde" (G1 2.21).

"E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé" (G1 3.11).

"Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne" (Rm 8.3).

"E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê." (At 13.39).

"Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus" (Hb 7.19).

O CRENTE NÃO ESTÁ DEBAIXO DA LEI

O texto de Romanos 6, após declarar a doutrina da identificação do crente com Cristo em sua morte, algo cujo símbolo é o batismo (versículos 1-10), começa, no versículo 11, a expor os princípios que devem dirigir o caminhar do crente - sua regra de vida. Esse é o assunto dos doze versículos restantes. O versículo 14 dá o grande princípio de sua libertação não da culpa do pecado, que é solucionada pelo sangue de Cristo, mas da dominação exercida pelo pecado - do estado de servidão debaixo dele. "Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça."

A fim de evitar que isso levasse ao monstruoso antinomianismo - dizer que, portanto, uma vida piedosa não é algo importante - o Espírito imediatamente acrescenta: "Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum" (Rm 6.15).

Certamente, todo coração renovado responde "Amém" a essa declaração.

Então, Romanos 7 introduz outro princípio de libertação do jugo da lei. "Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus. Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra" (Rm 7.4-6). (Isso não se refere à lei cerimonial, veja o versículo 7.)

"Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus" (G12.19).

"Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio" (G13.23-25).

"Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente; sabendo isto, que a lei não é feita para o justo" (1 Tm 1.8,9).
Por: C. I. Scofield \Divulgação: PERTO DO FIM

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