13 de março de 2016

Oficina Bíblica: Início da pregação 1ª parte

1ª PARTE: JESUS PROCLAMA O REINO DE DEUS E PREPARA A IGREJA: - MINISTÉRIO NA GALILEIA (cap. 4, 12-25)

Mateus 4, 12-17: Início da pregação

A passagem de Mt 4, 12-17 inclui-se ainda no prólogo, embora já faça parte do ministério da Galileia, pois introduz o início da pregação de Jesus. É o fim do prólogo, referente a Jesus e a João Batista, fazendo a separação na história entre os testemunhos e vida de ambos. Jesus retoma a proclamação do Reino de Deus, sendo este um ponto de viragem, assinalado pela expressão “a partir deste momento” (Mt 4, 17). Esta expressão voltará a ser usada quando Jesus anuncia a Sua Paixão (Mt 16, 21).
Seguindo a leitura do texto:
12 - O nome “Galileia” significa encruzilhada ou circuito. A partir desta Jesus inicia a Sua pregação. Os judeus desprezavam a Galileia e por isso, Mateus a valoriza, apresentando a dimensão universal do projecto de Deus: na Galileia, Jesus confiará aos Seus discípulos uma missão dirigida a todas as nações.
15 -16 – Através do texto de Is 8, 23- 9,1, Mateus apresenta a salvação da Galileia dos pagãos como um dos mais antigos projectos de Deus, justificando a escolha da Galileia como campo da missão de Jesus, onde este começa por tomar contacto com todos os povos, a quem enviará os discípulos no final do Evangelho (Mt 28, 16-20).
16 - A expressão “luz” refere-se a Jesus como a estrela que os Magos viram no Oriente.
17 – Inauguração solene do ministério de Jesus, que se vai apresentar com palavras (5, 1 – 7,29) e obras (8, 1 – 9, 34). Jesus inaugura a Sua pregação com os mesmos termos de João Baptista (Mt 3, 2). Os dois coincidem na sua oposição profética a Israel, obstinado e excessivamente confiado nos seus privilégios de povo eleito.

Mateus 4, 18-22: Chamamento dos primeiros discípulos

Esta passagem apresenta a escolha dos primeiros Apóstolos ou discípulos, revelando algumas das qualidades e atributos que estes deverão ter. “Os Doze” representam a universalidade de todos aqueles que seguirão Jesus, não apenas ao longo da Sua vida pública, mas depois, com a construção da Igreja. As expressões “Vinde comigo” e “seguiram-no” estão intimamente ligadas ao significado de ser discípulo de Jesus – seguir Jesus incondicionalmente e fazer da Sua Palavra o Caminho a seguir. A expressão “Pescadores de homens” é uma imagem que se aplica à missão futura dos Apóstolos, em ordem a reunir as pessoas no Reino de Deus. Ao repetir as palavras: “eles seguiram-no”, Mateus sublinha a qualidade dos discípulos e a missão cristã que estes terão posteriormente, à qual se dedicarão em pleno.
A atribuição de um novo nome a Simão encontra-se ligada ao facto de este ir desempenhar uma nova missão que exigirá uma mudança radical de vida: é chamado Pedro, pedra basilar da Igreja, sobre a qual Jesus irá assentar as fundações. Mateus anuncia, assim, a futura função de Pedro como o principal Pastor da Igreja.

Mateus 4, 23-25: Jesus e a multidão

Esta passagem apresenta um sumário final da atividade de Jesus, que será descrita seguidamente em Mt 5 – 7 (doutrina e proclamação do “Evangelho do Reino”) e Mt 8 – 9 (a “cura de toda a enfermidade e de todas as doenças”). Nesta, faz-se alusão a multidões de terras verdadeiramente pagãs (Galileia e Decápole), a quem Jesus dirige a Sua pregação. “Evangelho do Reino” é uma expressão própria de Mateus que indica o anúncio da chegada da Boa-Nova do Reino de Deus: a ideia da realeza de Deus vai ocupar o centro da pregação de Jesus. As “curas” significam que esse Reino já está em ação. Com a inclusão das várias terras pagãs e menção da cura de todas as doenças e enfermidades, Mateus sublinha a dimensão universal da atitude messiânica de Jesus que reflete o projeto de Deus.

NOTAS:
1) A menção da Síria poderá ser uma referência à região onde Mateus redigiu o Evangelho.
2) Decápole é um conjunto de dez cidades a leste e nordeste do Jordão, representando a região a norte da Galileia.


Partindo do anúncio do Reino, apelo à conversão e chamamento dos primeiros discípulos, o evangelista procura acentuar que ninguém se pode consagrar a uma missão senão na medida em que se é discípulo e aluno de um ensinamento, cujo conteúdo irá ser revelado no Sermão da Montanha, nos capítulos seguintes

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Quando Jesus inicia o Seu ministério, dirige-se às pessoas que menos se esperava: os pobres, os doentes, os pagãos. Ele chama-nos a todos, todos somos escolhidos, não há preferidos, senão aqueles que fazem a vontade do Pai. No Seu chamamento há uma proposta de conversão e uma proposta de libertação: libertando-nos do pecado pelo arrependimento e deixamos a nossa existência anterior para passarmos a ser Seus discípulos e fazermos parte de um projeto muito maior: o Reino de Deus. Seguirmos Cristo é encontrarmos o verdadeiro sentido da vida, que tantas vezes fica esquecido. Entre trabalho e aquisição de coisas materiais, procura de fama social, entre outras coisas, perdemos muitas vezes a nossa identidade, a nossa dimensão espiritual. O chamamento a sermos discípulos de Cristo é uma proposta de libertação de tudo o que nos afasta da nossa felicidade interior e é, em suma, o nosso reencontro e
comunhão com Deus Pai, que nos ama e nos acolhe sempre.

Leia também :Oficina Bíblica~: O Mistério de Jesus 2ª parte

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