12 de março de 2015

Notícia - Doleiro afirma que partido arrecadou propina até com Viagra

O doleiro Alberto Youssef afirmou em sua delação premiada que o esquema de arrecadação de propina do PP via José Janene (PP-PR) atuou também no Ministério da Saúde e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), chegando a render comissionamentos sobre uma transação envolvendo o medicamento Viagra. A informação foi publicada na coluna de Fausto Macedo, nesta quarta-feira (11), no site do ‘Estadão’.

Segundo a matéria, o doleiro Youssef afirmou que “o PP possuía cargos importantes no Ministério da Saúde e na Anvisa, tendo recebido comissionamentos junto a laboratórios”. Ele atribui a informação a Janene (ex-líder do partido), que foi pego no mensalão do PT e desencadeou a Operação Lava Jato.

O depoimento do doleiro aconteceu no dia 21 de outubro de 2014, dentro de seu acordo de delação premiada, que agora está sem sigilo. Aos investigadores, Youssef disse que o laboratório Pfizer era um dos envolvidos, “sendo a operação ligada ao medicamento Viagra”, lançado no fim da década de 90. Nesse caso, a Lava Jato já investigava a atuação, em 2014 do doleiro, no Ministério, via laboratório Labogen.

Propina

Segundo o doleiro, entre 2002 e 2003, Janene teria recebido amostras grátis do medicamento e distribuído a amigos em tom de brincadeira. O doleiro declarou que recebeu das mãos de Jatene cerca de R$ 1,5 milhão “em espécie e em reais, em São Paulo”, em hotéis onde Janene se hospedava.

Ainda segundo Yousseff, o senador Humberto Costa (PT-PE), então ministro da Saúde, “manifestou contrariedade em relação à permanência do indicado de Janene junto ao Ministério da Saúde”. O funcionário era Luiz Carlos Bueno de Lima. Por interveniência de Aldo Rebelo (PCdoB, ex-ministro dos Esportes do governo Dilma Rousseff), Janene aceitou que tal pessoa fosse desligada, desde que o mesmo pedisse demissão.

Costa teria desrespeitado o acordo e demitindo o indicado de Janene, que ficou indignado, sendo necessária a intervenção do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. “O então presidente Lula tinha conhecimento ao que sabe das indicações feitas por Janene perante o governo”, declarou Youssef. No entanto, o mesmo não soube dizer “se Lula possuía algum conhecimento acerca do comissionamento envolvendo a Anvisa e Ministério da Saúde”.

A assessoria do ex-presidente Lula informou que não responderia à citação de Youssef

Pfizer
“Em relação ao depoimento de Alberto Youssef que menciona a Pfizer e o medicamento Viagra, a companhia esclarece:

- A Pfizer desconhece o teor das denúncias, nega qualquer envolvimento em atividades ilícitas ou antiéticas que pudessem beneficiar Viagra ou qualquer produto da empresa, bem como repudia condutas desta natureza.

- No Brasil desde 1952, a companhia segue todas as normas locais e internacionais de compliance e conta com um programa mundial que estabelece princípios éticos e rígidos para a conduta de seus negócios e o relacionamento com todos os seus públicos.

- Por determinação, a companhia não efetua doações para políticos nem candidatos em campanhas políticas no Brasil, em nenhuma esfera.

- Primeiro medicamento oral para o tratamento da disfunção erétil lançado no mundo, Viagra foi registrado no Brasil em 1998, logo após a aprovação nos Estados Unidos, lidou com a chegada de concorrentes em 2003, e teve sua patente expirada em 2010. Não há nenhuma irregularidade relacionada a Viagra ou a qualquer outro produto da empresa.

Pfizer Brasil

Março de 2015″

Ministério da Saúde

“O medicamento citrato de sildenafila foi incorporado à lista de medicamentos do SUS em 2010, com indicação terapêutica para o tratamento de Hipertensão Arterial Pulmonar. Toda incorporação de medicamentos passa por uma rigorosa avaliação técnica e de custo/efetividade, pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). No período citado (2002 e 2003), Luiz Carlos Bueno de Lima foi consultor do Ministério da Saúde por meio de contrato de Acordo de Cooperação Técnica”.

Anvisa

“A Anvisa ainda não foi questionada pelas autoridades competentes sobre as supostas denúncias contidas no Termo de Colaboração e fará qualquer esclarecimento necessário no momento em que for acionada. O Viagra tem registro desde 1998 no país”.
Fonte: Estadão

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