29 de janeiro de 2015

Notícia Mundo - Terroristas do EI recrutam mulheres para casarem com seus combatentes

Terroristas recrutam mulheres para que casem com seus combatentes e ajudem a difundir seus valores ultraconservadores

Em redes sociais secretas o aparato de recrutamento do Estado Islâmico (EI) funciona para buscar mais recursos humanos para a insurgência jihadista que domina imensas partes do Iraque e da Síria. Médicos, engenheiros e arquitetos são procurados, mas ultimamente um outro perfil está cotadíssimo pela rede terrorista: as mulheres, de preferência jovens.

Diferente de seus rivais como a al-Qaeda, os líderes do EI estimulam as mulheres a participar da guerra santa. Não as querem para lutar, mas para que sejam mulheres dos combatentes e ajudem a povoar o território conquistado e ajudem a difundir seus valores ultraconservadores do Islã.

Informes de segurança da União Europeia (UE) mostram um crescente número de mulheres entre as pessoas que se radicalizam e viajam para as terras ocupadas pelo EI no Oriente Médio: até 10 dos combatentes foram recrutadas em 2014.

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Hayat Boumeddiene poderia ser o símbolo dessa onda inquietante. Todas as agências de segurança ocidentais têm um foto dessa jovem de 26 anos, francesa de raízes argelinas e mulher de Amedy Coulibaly, morto em Paris após fazer reféns em um mercado kosher depois do massacre de “Charlie Hebdo”.

É muito provável que não voltem a vê-la. Relatórios de inteligência apontam que ela está na Síria, para onde teria ido antes dos atentados para se unir ao EI.

O destino das jihadistas pode ser cruel. Desde o surgimento de EI há relatos de maus tratos nas cidades do autoproclamado “califado”, apesar das rígidas regras morais em vigor.

Embora haja alguns pelotões de mulheres na Síria, as que chegam do estrangeiro são destinadas ao casamento. O homem tem direito a várias esposas. As mulheres são obrigadas a usar um véu completo e não podem sair para a rua sem a companhia masculina. De acordo com o informe do Escritório Alemão de Proteção da Constituição, o perfil das jihadistas europeias difere do dos homens que integram o EI. Elas devem ser mais jovens, com uma idade entre 16 a 20 anos.

Uma das missões delas é convencer outras pessoas. A elas cabe a tarefa de transmitir os valores de submissão que exigem os ultraconservadores islâmicos, da mesma forma como ocorrem em sociedades mais autoritárias como a Arábia Saudita.

Rede de aliciamento

Em dezembro do ano passado a Espanha desbaratou uma das maiores organizações de captação de mulheres do EI. Dois homens mantinham uma operação no Marrocos e quatro mulheres atuavam dentro dos territórios espanhóis de Ceuta e Melilla, de onde saíram nos últimos meses ao menos dez mulheres para a Síria e o Iraque.

Segundo as investigações, a “busca” começava no Facebook. As recrutadoras enviavam mensagens sobre “a crise de valores das sociedades ocidentais” e a necessidade de superar essa decadência com a instalação de um modelo de convivência baseado na “lei islâmica”.

Quem respondia as mensagens era adicionada em grupos de WhatsApp, mais reservados, onde apareciam convites para a ação. Esse era o filtro para redes da internet profunda e para os encontros cara a cara com os recrutadores — até, finalmente a viagem para o califado.

Enquanto a al-Qaeda passou anos convocando os aspirantes a jihadistas a conhecer a dura vida no deserto, as perseguições e a resistência o inimigo estrangeiro, os ideólogos do EI oferecerem a utopia de uma sociedade pura, regida por leis divinas.
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Fonte: O Globo

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