Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.” Mateus 24:9
Os coptas do Egito celebram neste sábado (6) o natal sob forte proteção, ao final de um ano particularmente mortífero para a comunidade cristã no Oriente Médio.
Há mais de um ano, os coptas, cujo papa Tawadros II apoia o regime do presidente Abdel Fatah al Sissi, vêm sofrendo vários atentados, particularmente contra suas igrejas, que deixaram mais de 100 mortos.
Portanto, neste natal há medidas de segurança reforçadas em torno das principais igrejas do Cairo, rodeadas de cordões policiais.
"Este ano seguiremos apoiando o Estado (egípcio), o presidente (Sissi), mas esperamos que os responsáveis encontrem a forma de reduzir estes ataques", diz à AFP o padre Makarios, bispo de Minia, cidade onde ocorre um grande número de distúrbios sectários.
A ameaça continua sendo grande: na semana passada, o ataque de um jihadista armado contra uma igreja no sul da capital tirou a vida de nove pessoas.
Os ataques recentes, reivindicados pelo grupo Estado islâmico (EI), perpetuam um ciclo de violência iniciado em 2013 com a destituição pelo exército do presidente islamita Mohamed Mursi, que provocou uma insurreição jihadista especialmente no norte do Sinai.
Desde então morreram centenas de policiais e soldados, assim como civis.
Em dezembro de 2016, um atentado suicida contra uma igreja do Cairo, próxima à catedral de São Marcos, sede do papa da igreja copta ortodoxa, Tawadros II, deixou 29 mortos.
- Confrontos -
Depois, sob a ameaça de extremistas, dezenas de famílias coptas fugiram, em fevereiro, da região do Sinai do Norte.
Em abril, outros dois atentados contra duas igrejas de Tanta e Alexandria (norte) causaram 45 mortos.
Em maio, ao menos 28 pessoas, entre elas muitas crianças, morreram no ataque a um ônibus que transportava peregrinos a um monastério copta, na província de Minia, 200 km ao sul do Cairo.
Os coptas representam 10% dos 96 milhões de habitantes do Egito e estão presentes em todo o país. Estão pouco representados no governo e dizem estar marginalizados.
O presidente Sissi multiplicou os gestos de conciliação com os cristãos, participando em acontecimentos culturais junto a Tawadros II.
Neste sábado, a missa de natal será celebrada na maior catedral do país, recentemente erguida no deserto onde está sendo construída a nova capital administrativa, a 45 km do Cairo.
No final de 2016, Sissi promulgou uma lei sobre a construção e a restauração de igrejas, considerada um passo em de conciliação com os cristãos. Até então, muitas delas eram construídas de forma ilegal ao carecer de autorização administrativa.
A presença destas igrejas provoca às vezes confrontos intercomunitários.
No final de dezembro, centenas de agressores irromperam em uma igreja construída ilegalmente cerca de 100 km ao sul do Cairo, causando vários feridos, segundo um comunicado do arcebispado.
Depois dos ataques, "o segundo tema mais importante" é o das "tensões e da violência relacionada com a prática de rituais coptas", opina Ishak Ibrahim, autor de um relatório da Iniciativa egípcia pelos diretos pessoais (EIPR), publicado em dezembro.
Fonte: AFP
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