E haverá fomes: Mateus 24:7
Das 23 mil crianças rohingyas que se refugiaram em Bangladesh e que foram examinadas pelo Unicef, 3 mil sofrem de desnutrição aguda, denunciou hoje (19) o órgão para a infância da ONU. A informação é da agência EFE.
Nos últimos 25 dias, cerca de 250 mil crianças rohingyas chegaram a Bangladesh fugindo da violência em Mianmar. Foram examinados 23 mil menores de 5 anos, dos quais 3 mil sofrem de desnutrição aguda.
"Estes números são estimativas muito preliminares, dado que a quantidade de crianças que pudemos examinar é muito pequena, e seguramente mudará assim que examinarmos mais gente", especificou Marixie Mercado, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Marixie lembrou que a desnutrição aguda é fruto de uma rápida falta de alimentação e de doença recente, e pode ser fatal se não tratada rapidamente ou se for combinada com outra doença.
"As crianças que sofrem de desnutrição têm nove vezes mais possibilidades de morrer de doenças tratáveis como sarampo, malária e cólera que uma criança bem alimentada", afirmou a porta-voz.
A porta-voz lembrou que as condições nas quais vivem as crianças que chegaram a Bangladesh são exatamente propícias para desnutrição e para contrair qualquer outra doença.
"As pessoas em Cox's Bazar (Bangladesh) vivem literalmente algumas acima das outras. Não há água potável suficiente para todos". "A prioridade agora é evitar que uma crise humanitária se transforme em um desastre humanitário", concluíu Mercado.
Número de refugiados
A Organização Internacional das Migrações (OIM) disse que as chegadas de rohingyas vindos de Mianmar não cessam. Na última semana, foram registradas cerca de 20 mil pessoas por dia, o que eleva o total de refugiados a 421 mil pessoas.
"Muito dos que chegam, que estiveram caminhando durante dias pela selva com um intenso calor e debaixo da chuva, já estão doentes e desnutridos quando chegam a Cox's Bazar", descreveu Joel Millman, porta-voz da OIM.
Atuação do governo
A líder de fato de Mianmar, Aung San Suu Kyi, disse hoje que seu governo não foge de suas responsabilidades e está ao lado daqueles que sofrem, referindo-se a violência contra a minoria muçulmana rohingya no estado de Rakhine.
"Apesar de todos os esforços, não conseguimos parar o conflito. Não é a intenção do governo fugir de suas responsabilidades", disse Rakhine, durante entrevista coletiva, diante de diplomatas e autoridades.
"Condenamos todas as violações dos direitos humanos. Nos comprometemos com o estado de direito e a ordem", acrescentou a vencedora do Prêmio Nobel da Paz, em 1991.
Na coletiva, retransmitida ao vivo pela televisão local, Aung San Suu Kyi se comprometeu em levar ajuda humanitária à região, além de permitir o retorno dos refugiados rohingyas, se referindo a eles como "muçulmanos", que fugiram para para Bangladesh.
Fonte: Agência Brasil
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