Transferência teria sido uma forma da PF fazer pressão psicológica em Cunha para que ele conte tudo o que sabe. Porém, decisão judicial de Moro, que determinou a transferência, a alegação é ‘espaço limitado’
Contrariado com a transferência da carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba para um presídio comum, de acordo com a determinação do juiz Sérgio Moro, o ex-deputado Eduardo Cunha ameaça aceitar o acordo de delação premiada com a Lava Jato.
De acordo com matéria da ‘Folha de S. Paulo’, em conversas com seus aliados, o ex-deputado contou que, no caso de ir para um presídio em más condições e com regras rígidas de visita, aumentariam as chances de negociar uma delação premiada com a PF.
A transferência teria sido, inclusive, uma forma de fazer uma pressão psicológica em Cunha para que ele conte tudo o que sabe.
Uma fonte revelou ao jornal que o prazo de Cunha para fazer a delação é de poucas semanas. Ele não gostaria de esperar que o governo do presidente Michel Temer se enfraqueça ainda mais para falar. Segundo a fonte, quanto mais fraco o governo, menor seria o peso da sua delação.
Transferência
O deputado cassado Eduardo Cunha deve ser transferido na tarde desta segunda-feira (19) da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para o Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana. A decisão foi da Justiça Federal do Paraná na sexta-feira (16).
O complexo é uma penitenciária de regime fechado e com finalidades médicas.
Na penitenciária estão outros políticos envolvidos no escândalo da Petrobras, como o ex-ministro José Dirceu e o deputado cassado André Vargas.
Carceragem lotada
A solicitação de transferência foi feita pela PF no dia 12 e justificada pela lotação da carceragem. A defesa de Cunha pediu a permanência do deputado cassado na sede da PF, entre os argumentos, eles alegaram que a ação penal em que Cunha é réu está em “pleno desenvolvimento”, com depoimento marcado para 7 de fevereiro, e a mudança atrapalharia a rotina de reuniões entre cliente e defensores na PF.
No despacho, Moro esclareceu que o espaço da carceragem da PF é limitado e destina-se a local de passagem, com algumas exceções. Ainda segundo o juiz, as condições da carceragem do Complexo Médico Penal, uma penitenciária estadual de regime fechado e com finalidades médicas, são consideradas boas, “talvez melhores do que a da própria carceragem da Polícia Federal”.
“A transferência, portanto, não é sanção, mas visa atender exclusivamente uma necessidade de abrir espaço na carceragem da Polícia Federal e a de evitar superlotação prejudicial aos presos”, diz a decisão.
Ainda de acordo com o despacho, Léo Pinheiro permanece na carceragem por conta de deslocamentos para audiências na Justiça e oitivas em inquéritos. Já João Claudio Genu fica na PF por estar em discussão para eventual acordo de colaboração premiada.
Fonte: G1 e Folha de S. Paulo
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