O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quarta-feira um acordo para a entrada em seu governo do ultranacionalista Avigdor Lieberman, de 57, chamado de "verdadeira ameaça" de instabilidade na região por líderes palestinos.
Após uma semana de intensas negociações, os aliados de Netanyahu e Lieberman fecharam um acordo para que o ultranacionalista assuma o crucial Ministério da Defesa. Essa pasta supervisiona os Territórios Palestinos.
Outro integrante de seu partido ultranacionalista será o ministro da Absorção, ou seja, da Imigração.
Essa reforma ministerial eleva de 61 para 66 assentos a maioria de Netanyahu no Parlamento, que tem 120 deputados. De acordo com analistas, esse é o governo mais à direita da história de Israel.
O primeiro-ministro tenta ampliar seu governo desde a vitória nas legislativas de março de 2015, quando obteve maioria parlamentar.
Os analistas antecipam um possível endurecimento da política em relação aos palestinos com a chegada ao Ministério da Defesa de um homem conhecido pelas diatribes antiárabes e por seu populismo belicoso.
Lieberman tentou reduzir os temores e prometeu uma política "responsável e equilibrada" em sua gestão.
"A primeira coisa, com a qual me comprometo, é uma política responsável, razoável", disse ele à imprensa, antes de defender uma "política equilibrada".
"Meu governo continuará a procurar a paz com os palestinos e com todos os nossos vizinhos", ressaltou Liebermann, que já foi ministro das Relações Exteriores (2009-2012 e 2013-2015) em governos de Netanyahu.
"Estamos unindo nossas forças para fazer Israel avançar", alegou Netanyahu.
Reações
Apesar do discurso apaziguador, é uma figura detestada pelos palestinos, que consideram sua entrada no governo israelense uma "verdadeira ameaça" de instabilidade regional.
"Esse governo acarreta uma ameaça real de instabilidade e de extremismo na região", disse à AFP o número dois da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakat.
O movimento islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, denunciou o retorno de Liebermann como "uma escalada no racismo e no extremismo".
Depois do anúncio, o governo americano comentou que a mudança levanta "dúvidas legítimas" sobre o compromisso de Israel com a solução de dois Estados no conflito com os palestinos.
Em um incomum comentário sobre assuntos políticos de um aliado americano, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner, afirmou que Washington "viu informes provenientes de Israel, descrevendo-a como a coalizão mais à direita da história de Israel".
"Também sabemos que muitos de seus ministros disseram que se opõem à solução de dois Estados. Isso suscita dúvidas legítimas sobre a direção que tomará e sobre as políticas que serão aplicadas", completou.
O porta-voz insistiu no apoio dos Estados Unidos a uma solução negociada desse conflito com base na coexistência de dois Estados, um ao lado do outro, com fronteiras consensuais.
Poucos dias antes do início das negociações com Netanyahu, Lieberman acusou o governo de falta de firmeza em relação aos ataques palestinos e de não construir colônias nos grandes blocos da Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967.
Lieberman substitui na Defesa Mosheh Yaalon, considerado um adepto da moderação em relação aos palestinos.
Ao contrário, porém, de outros integrantes desse governo repleto de nacionalistas religiosos, à direita do Partido Likud, Lieberman não é hostil à criação de um Estado palestino. Defende uma troca de territórios, que passaria à administração palestina uma parte da minoria árabe de Israel, contra as colônias da Cisjordânia.
A ideia é considerada inaceitável pelos palestinos.
Alguns analistas políticos acreditam em que Lieberman pode adotar uma postura pragmática no Ministério, sob a liderança de Netanyahu.
Os dois já travaram disputas no passado. Recentemente, inclusive, Lieberman descreveu o premiê como "um mentiroso, um trapaceiro e um crápula".
Durante as negociações para entrar no governo, Lieberman defendia a possibilidade de aplicar a pena de morte aos autores dos atentados antiisraelenses. Pelos termos do acordo, ele conseguiu que a pena pronunciada pelos tribunais militares não precise mais da unanimidade dos três juízes, e sim da maioria. Israel não aplica a pena de morte desde 1962.
Fonte: AFP.
Leia também: Notícias.Com
Deixe o seu comentário
Nenhum comentário:
Postar um comentário