Os preços dispararam nos mercados, gerando uma inflação que chega a 14% este ano, conforme dados do Banco Central do Haiti, em um país que tem uma taxa de desemprego de mais de 70%. Perante esta situação, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CNSA) anunciou um plano para ajudar 40 mil famílias das 20 comunidades mais afetadas pela seca, com um investimento de 2 bilhões de gourdes (pouco mais de R$ 130 milhões), segundo dados publicados pela entidade.
Viviane Paul, que trabalha no mercado popular de Petionville vendendo arroz, legumes e outros produtos básicos, afirmou que desde o ano passado os preços subiram e as pessoas não têm mais condição de comprar.
"Eu vendo produtos locais, mas eles encareceram, pois a produção está pequena. Com isso, a população não pode comprar. Estou liquidando os produtos que tenho e vou procurar outra atividade. O que comprava com 3 mil gourdes (R$ 180) há dois anos, hoje custa o triplo. É impossível fazer negócio assim", afirmou.
Em janeiro de 2015, a taxa de inflação era do 6,5%, hoje é o dobro. A taxa de câmbio com relação ao dólar, por sua vez, há pouco mais de um ano era de 46,9 gourdes, e agora está em 60.
Os prognósticos para 2016 não são bons. De acordo com o presidente do país, Jocelerme Privert, que assumiu o poder na metade do mês passado, a menos que haja uma intervenção urgente na economia haitiana, o país terá "graves problemas financeiros".
Ele afirmou em mais de uma ocasião que com as inundações e os efeitos da seca do ano passado, o total de pessoas em insegurança alimentar pode chegar a 5 milhões, quase a metade da população.
O deputado Tanis Tertius, representante da comunidade Limonade, no extremo norte do país, uma das zonas atingidas pela seca e falta de recursos para os agricultores, tem a mesma opinião.
"Estamos em uma situação muito grave, os governos anteriores abandonaram a agricultura e hoje estamos pagando o preço das más políticas", afirmou.
Tertius, que é membro da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, disse à Efe que hoje o problema principal da economia é a falta de investimento na produção.
"Estamos produzindo de maneira arcaica. Quase não temos mais "classe média" e há mais pobres do que nunca. Sem intervenção por parte do estado a crise vai a piorar", afirmou o deputado, que manifestou seu desejo de trabalhar com outros colegas para criar políticas de emprego sustentável para apoiar a produção local e a agricultura, já que apenas a importação e a ajuda humanitária não bastam.
Fonte: EFE.
Leia também:Últimas Notícias. Com
Deixe o seu comentário
Nenhum comentário:
Postar um comentário