Os pesquisadores de vários países afirmam que a maioria das mortes está ocorrendo na China e Índia, economias que estão se desenvolvendo rapidamente.
E a principal causa da poluição do ar é a emissão de pequenas partículas a partir de usinas de energia, fábricas, veículos e da queima de carvão e madeira.
Os dados foram reunidos como parte do projeto chamado Global Burden of Disease ("Peso Global das Doenças", em tradução livre).
Os cientistas envolvidos na iniciativa disseram que as estatísticas mostram o que alguns países ainda precisam fazer para melhorar o ar que seus cidadãos respiram.
"Em Pequim ou Nova Déli em um dia de muita poluição do ar o número de partículas pode ser maior do que 300 microgramas por metro cúbico. O número deveria ser em torno de 25 ou 35 microgramas", disse Dan Greenbaum, do Instituto Health Effects, de Boston, nos Estados Unidos.
Respirar estas partículas líquidas ou sólidas pode aumentar o risco de doenças cardíacas, derrame, problemas respiratórios e até câncer.
E, enquanto os países desenvolvidos já progrediram muito no combate à poluição atmosférica nas últimas décadas, o número de pessoas que morrem devido à baixa qualidade do ar nos países em desenvolvimento ainda está aumentando.
Segundo o estudo a poluição atmosférica causa mais mortes do que outros fatores de risco como desnutrição, obesidade, alcoolismo, abuso de drogas e sexo sem proteção.
O projeto Global Burden of Disease afirma que é o quarto maior risco, atrás apenas da pressão alta, dieta inadequada e fumo.
Idosos
Na China acredita-se que ocorram 1,6 milhão de mortes por ano; na Índia são cerca de 1,3 milhão. Estes números são de 2013, o ano mais recente em que as estatísticas estão disponíveis.
No entanto, as principais fontes de poluição são diferentes nos dois países.
Na China as partículas são emitidas principalmente na queima de carvão. O projeto calcula que apenas esta fonte é responsável por mais de 360 mil mortes por ano.
Na Índia, o problema é a queima de material orgânico como esterco e restos de colheitas
E mesmo já tendo metas para diminuir a combustão de carvão e as emissões no futuro, a China poderá ter problemas para diminuir o número de mortes pois sua população está envelhecendo e estes cidadãos são naturalmente mais vulneráveis a doenças associadas à baixa qualidade do ar.
"Acreditamos que há uma necessidade urgente de políticas mais agressivas para reduzir as emissões da combustão de carvão e outros setores", afirmou o pesquisador do projeto Qiao Ma, que também é doutorando na Universidade Tsinghua, em Pequim.
Na Índia o problema é a prática da queima de madeira, esterco, restos das colheitas e outros materiais. Geralmente esta queima é feita para cozinhar e aquecer ambientes.
Esta "poluição dentro de casa" causa muitos mais mortes do que a "poluição ao ar livre".
Analisando as tendências econômicas mais amplas na Índia a equipe de pesquisadores afirmou que o país corre o risco de ter uma qualidade do ar ainda pior no futuro.
"Apesar da proposta de controle de emissões há um crescimento significativo na demanda por eletricidade e também na produção industrial", afirmou Chandra Venkataraman, do Instituto Indiano de Tecnologia em Mumbai.
"Então, até 2050, este crescimento ofusca os controles de emissões (em nossas projeções) e vai levar a um aumento nas emissões de poluentes atmosféricos em 2050 na Índia."
Benefícios
Michael Brauer, da Univerisdade de British Columbia, no Canadá, afirmou que as estatísicas deveriam fazer com que os governos pensassem melhor sobre o alcance de suas políticas contra a poluição.
"O truque aqui é não precisar de 50 ou 60 anos que foram necessários nos países de alta renda e realmente acelerar o processo; e é justamente aí que pensamos que estas estatísticas vem a calhar", disse o pesquisador à BBC.
"Nos Estados Unidos sabemos que para cada dólar gasto em melhoramentos (no combate à) poluição atmosférica, ganhamos entre US$ 4 e US$ 30 em benefícios em termos de redução dos impactos na saúde", acrescentou.
A equipe de pesquisadores apresentou os resultados do estudo na reunião anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência.
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